26 Abril 2016
Pintaram-se fachadas, barrou-se a entrada de embarcações e desalojou-se parcialmente o acampamento de Moria. A imagem da ilha de Lesbos que o Papa levou em sua visão "não é real", disse à Agência Efe Onio Reina, fundador e coordenador da associação de bombeiros espanhola PROEM-AID.
A reportagem foi publicada por Religión Digital, 24-04-2016. A tradução é de Evlyn Louise Zilch.
"Devemos agradecer a visita porque graças a ele os olhos do mundo voltaram-se para olhar Lesbos, mas a imagem que se tem levado da ilha não é real, foi", afirma Reina, cuja associação segue prestando assistência aos refugiados na ilha grega desde dezembro de 2015.
Segundo Reina, desde a entrada em vigor do acordo de deportação da UE com a Turquia, o número de embarcações que chegam em Lesbos caiu drasticamente.
Se antes chegavam cinco a quinze por dia - com 60 pessoas em média por barco - nos últimos dez dias chegaram "um par deles", e em ambos os casos "tiveram instantaneamente pelo menos 30 policiais rodando-os" para levá-los ao ônibus rumo ao campo de detenção.
"Eu realmente não sei como está se fazendo, porque nem mesmo os funcionários sabem muito bem como aplicar o acordo, há muita incerteza", sublinhou.
Embora muitas das organizações de ajuda humanitária em terra tenham abandonado o terreno ao serem incapazes de realizarem o seu trabalho, PROEM-AID permanece na ilha trabalhando em cooperação com as autoridades no resgate marítimo.
O "incidente" em janeiro passado, quando três de seus voluntários foram presos quando prestavam ajuda a outra associação, ainda está à espera de julgamento, mas a ONG andaluza continua trabalhando "dentro da lei".
O momento atual, segundo Reina, é de expectativa. "O padrão é momentâneo, devido ao aumento da presença policial, mas essa barreira não pode ser mantida sempre e voltarão a cruzá-la. Estamos esperando para ver de onde deriva o fluxo para nos mobilizarmos", explica ele.
"O acordo com a Turquia foi como chutar o quebra-cabeça e agora estão caindo as peças e você tem que ir montando-as, para ver onde elas se encaixam. O que está claro é que aquele que deixou a Síria para sua casa não vai voltar, porque o matam, isso é certo", diz ele.
Por esta razão, a associação esta arrecadando fundos para adquirir uma nova embarcação mais adequada para o resgate, já que com a que trabalham atualmente é de passeio.
Em sua cabeça, ele tem muitas imagens mentais de momentos críticos vividos nestes meses. "Recordo de um dia, na manhã de 02 de janeiro, com seis graus abaixo de zero, tenho gravada a cara de desespero e frio de uma mulher e uma criança que tinha passado do branco ao roxo, que coloquei dentro da minha camiseta".
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A imagem de Lesbos que o Papa levou não é real - Instituto Humanitas Unisinos - IHU