22 Janeiro 2016
No começo de um novo ano de trabalho no Centro Ecumênico em Genebra, o respeitado teólogo alemão Jürgen Moltmann participou de uma série de apresentações e debates como convidado do Conselho Mundial de Igrejas – CMI no último dia 13 de janeiro. Ele também respondeu a comentários e perguntas sobre o seu novo livro, “The Living God and the Fullness of Life” (CMI Publicações, 2016).
A reportagem foi publicada por Oikoumene.org, 14-01-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Moltmann, participante de longa data em debates entre igrejas nos níveis local, regional e internacional, disse que “o movimento ecumênico tem a ver com renovação e com unidade”. Quanto mais próximos de Jesus os membros das várias igrejas estiverem, mais próximos eles estarão entre si.
Mesmo assim, admitiu ele, “é comum que os teólogos católicos citem teólogos católicos, e que os teólogos protestantes citem os seus semelhantes”.
“Embora tenhamos a tendência de nos sentir mais próximos da nossa própria tradição do que do cristianismo como um todo”, continuou, “os fiéis em muitas partes do mundo, hoje, são odiados e perseguidos” não porque são metodistas ou reformados, mas “porque são cristãos”. Lembrando a encíclica Ut Unum Sint sobre o ecumenismo de São João Paulo II, Moltmann afirmou que o testemunho dos mártires está para a Única Igreja de Jesus Cristo.
Moltmann alertou contra a colocação da confiança ulterior nas igrejas institucionais na forma como vemos hoje. “A visão e esperança do movimento ecumênico não está na igreja, mas no Reino de Deus. Devemos nos abrir às surpresas do futuro”.
Ao incentivar a imaginação dos seus ouvintes, o teólogo contrastou as igrejas tradicionalistas do Ocidente que surgiram na era constantiniana, de império e dominação, com as igrejas não constantinianas emergentes, especialmente as que surgiram na Ásia, África e Oceania. Estas são “comunidades minoritárias organizadas como um empreendimento”, contando com o apoio do Espírito Santo e introduzindo novas formas de espiritualidade.
“Precisamos de uma nova espiritualidade”, disse Moltmann, prevendo uma espiritualidade que leva o mundo a sério, movendo-se em direção a um compromisso com a “religião terráquea”. Ele parabenizou o que caracterizou como uma “virada ecológica da teologia”.
“Politicamente, a religião terráquea cria um maior comprometimento com a vida, a com esta terra. Ela mostra apreço pelo corpo”, acrescentou. “Ela nos encoraja a lutarmos contra o culto da morte”.
A visita ao Centro Ecumênico feita por Jürgen Moltmann iniciou-se com um seminário sobre a peregrinação da justiça e paz, durante a qual o teólogo se engajou em um diálogo abrangente e interagiu com os painelistas Dr. Clare Amos (relações inter-religiosas), o Rev. Dr. Nyambura Njoroge (HIV e AIDS) e o Rev. Dr. Odair Pedroso Mateus (diretor do Centro e membro da comissão Fé e Ordem). Em seguida, Moltmann fez uma meditação em uma celebração na parte da tarde e, depois, proferiu uma palestra sobre o futuro da teologia. Os eventos durante o dia foram moderados pelo secretário-geral do CMI, o Rev. Dr. Olav Fykse Tveit.
Quando adolescente, Moltmann integrou-se ao serviço militar de seu país e, posteriormente, ao exército. Começou a estudar teologia enquanto era prisioneiro de guerra em 1945-1948 antes de ingressar na universidade. É professor emérito de Teologia Sistemática da Universidade de Tübingen.
Nota da IHU On-Line: A íntegra da conferência, em inglês, pode ser acessada clicando aqui.
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Jürgen Moltmann participa de reflexões ecumênicas em Genebra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU