3º domingo da quaresma – Ano C – Deus amoroso, paciente e misericordioso

Por: MpvM | 18 Março 2022

 

O Evangelho (Lc 13,1-9) é um apelo à transformação radical de nossa existência, que parte da mudança de mentalidade para focar a vida em Deus. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte. A caminhada de Jesus rumo a Jerusalém (Lc 9,51ss), não passa despercebida. Vai aos samaritanos. Convida os seguidores e reúne os 72 apóstolos e lhes dá a missão (Lc 10); ensina-lhes a prática concreta do amor (Lc 10,25ss); o Pai-Nosso (Lc 11ss) e a busca fundamental (Lc 12, 22ss)."

 

 

A reflexão é de Marileda Baggio, mscs, religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu - Scalabrinianas, bacharel em teologia pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF, Porto Alegre/RS, mestre e doutora em teologia sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana - UNIGRE e pós-doutora em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS.


Leituras do Dia

1ª Leitura - Ex 3,1-8a.13-15
Salmo - Sl 102,1-2.3-4.6-7.8-11 (R.8a)
2ª Leitura - 1Cor 10,1-6.10.12
Evangelho - Lc 13,1-9

 

Eis o texto

 

Neste 3º Domingo da Quaresma, somos chamadas a repensar a nossa existência. O tema fundamental da liturgia de hoje é a conversão, conectado com o tema da libertação. Deus libertador nos propõe a sermos uma nova humanidade: livres da escravidão, do egoísmo e do pecado. Os textos de hoje evidenciam a misericórdia e a paciência de Deus.

 

Na 1ª leitura (Ex 3,1-8a.13-15) Moisés faz a experiência do Deus Único: Moisés é simples, pastor do rebanho, caminha, ouve; está atento ao que se passa ao redor! Seu sonho sempre foi libertar o seu povo, oprimido e sofredor.

 

Mas como faria isso se não tinha poder, nem bens e não estava mais no Palácio do rei? Eis que Deus manifesta na sarça ardente que não se consome; aproxima-se! É um mistério. Houve a voz que o chama pelo nome do meio da sarça em chamas e diz: Eu sou ‘Aquele que sou’. É o Deus fiel dos antepassados. Moisés sentiu-se pequeno diante de tão grande empenho.

 

Os quatro verbos ditos por Javé despertam o sentimento de Moisés: vi, ouvi, conheço e desci para libertá-los. O Deus que se aproxima do humano. Vê a miséria de seu povo, ouve seu clamor, conhece seus sofrimentos porque Deus da Aliança caminha com seu povo, e desce, portanto, é um Deus itinerante. É o Deus do Êxodo que caminha com os sofredores. Deus que tem sensibilidade!

 

A 2ª leitura (1Cor 10,1-6.10.12) avisa-nos que o cumprimento de ritos externos e vazios não é importante. O que é verdadeiramente importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação e de viver com Ele na comunhão.

 

O Evangelho (Lc 13,1-9) é um apelo à transformação radical de nossa existência, que parte da mudança de mentalidade para focar a vida em Deus. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte. A caminhada de Jesus rumo a Jerusalém (Lc 9,51ss) não passa despercebida. Vai aos samaritanos. Convida os seguidores e reúne os 72 apóstolos e lhes dá a missão (Lc 10); ensina-lhes a prática concreta do amor (Lc 10,25ss); o Pai-Nosso (Lc 11ss) e a busca fundamental (Lc 12, 22ss).

 

Seguindo seu caminho, aproximam-se de Jesus algumas pessoas que lhe falam sobre a decisão mais polêmica de Pilatos (Lc 13,1). Mas, Jesus percebe a astúcia e a intenção dessas pessoas e contraria a mentalidade da época, que atribui todas as desgraças a um castigo de Deus. Ele sabe que aquelas pessoas não entendem o que é a misericórdia e o verdadeiro amor. Então vale-se do momento para um forte apelo à conversão: “se não vos converterdes, morrereis todos do mesmo modo”. Jesus se irrita porque aqueles que lhe dão a notícia estão convencidos de duas coisas: que o castigo era divino e era a paga pelo pecado alheio. É uma falsa imagem de Deus porque o imaginavam vingativo, impaciente, impiedoso e implacável.

 

Jesus, porém, desfaz esta mentalidade de superioridade moral sobre os outros, lembrando que as vítimas poderiam não ser as mais pecadoras e que todos devem estar atentos aos sinais para não morrerem do mesmo modo.

 

E, com a parábola da figueira, revela a verdadeira imagem de Deus: clemente, paciente e cheio de compaixão para com suas filhas e filhos. Permanentemente, Deus apela à conversão. É paciente, bondoso e compassivo (Sl 103,8). O vinhateiro dá mais um ano para a figueira dar frutos, pois já tinha três anos e era estéril.

 

Para refletir

 

 

 

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