01 Novembro 2011
O abuso sexual de menores por padres, tanto nos EUA quanto ao redor do mundo, continua gerando manchetes e cobertura midiática. Para ajudar a ter uma melhor compreensão das experiências e das reações dos católicos perante essa questão, nosso estudo atual incluiu diversas novas questões sobre o tema.
A análise é da equipe da pesquisa American Catholics, publicada no sítio National Catholic Reporter, 24-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Sete por cento dos católicos dizem que, pessoalmente, conhecem alguém que foi abusado por um padre, e 12% dizem que, pessoalmente, conhecem um sacerdote que foi acusado de abuso (veja tabela). Gerações mais velhas de católicos são mais propensos do que os católicos mais jovens a conhecer alguém que tenha experiência pessoal direta com a questão dos abusos sexuais.
Dez por cento dos membros da geração pré-Vaticano II dizem conhecer alguém que foi abusado por um padre, assim como 9% daqueles da geração Vaticano II. Entre os católicos da geração Y [millenials], por outro lado, apenas 3% dizem conhecer alguém que foi abusado por um padre. Da mesma forma, quase um em cada cinco membros da geração pré-Vaticano II diz conhecer, pessoalmente, um sacerdote que tenha se envolvido no escândalo, assim como 16% dos integrantes da geração Vaticano II. Em contraste, menos de um em cada 10 católicos da geração Y diz conhecer pessoalmente um sacerdote que tenha sido acusado de abuso.
Há pouca conexão entre a frequência de participação na missa e o conhecimento de alguém que tenha sido abusado por um padre, com números mais ou menos comparáveis de frequentadores regulares e frequentadores irregulares que dizem conhecer alguém que tenha sido abusado. Entre aqueles que vão à missa semanalmente, no entanto, mais pessoas dizem conhecer um sacerdote que tenha se envolvido em abusos do que entre aqueles que vão à missa com menos frequência. Isso pode refletir que pessoas que vão mais à missa conhecem mais sacerdotes do que aquelas que vão à missa anualmente ou com uma frequência menor.
A maioria dos católicos pensa que os bispos católicos como um todo fizeram um trabalho razoável (38%) ou pobre (31%) ao lidar com acusações de abuso sexual por sacerdotes. Apenas três em cada 10 dizem que os bispos fizeram um trabalho bom (24%) ou excelente (5%) ao lidar com a questão. As avaliações do tratamento dado pelos bispos à situação são mais positivas entre os mais jovens do que entre os católicos da geração Vaticano II e pós-Vaticano II, e entre aqueles que frequentam a Igreja regularmente do que entre aqueles que possuem níveis mais baixos de participação, e entre os católicos hispânicos do que entre os católicos não hispânicos.
No entanto, mesmo entre aqueles grupos que oferecem as avaliações mais favoráveis ao tratamento dado pelos bispos à questão, o saldo de opinião é negativo. Entre os católicos da geração Y, por exemplo, 61% dizem que os bispos fizeram um trabalho regular ou pobre ao lidar com as denúncias de abuso sexual, em comparação com os 36% que dizem que eles fizeram um trabalho bom ou excelente. E entre os católicos que vão à missa semanalmente, 61% oferecem aos bispos uma avaliação regular ou pobre, em comparação com 37% que lhes dão uma classificação boa ou excelente.
A avaliação dos católicos do trabalho do seu próprio bispo local ao responder à questão é um pouco mais positiva do que a sua avaliação dos bispos em geral. Aqui, novamente, no entanto, o saldo de opinião é negativo, com 57% dos católicos dando a seu próprio bispo local uma avaliação regular ou pobre acerca da sua resposta às denúncias, e 41% dão ao seu bispo uma avaliação boa ou excelente. Os frequentadores de missa semanais destacam-se dos outros católicos pelas suas avaliações relativamente positivas do tratamento dado pelo seu bispo local ao problema. Mais da metade dos católicos que vão à missa semanalmente dão notas boas ou excelentes ao seu bispo referentes ao tratamento dado por ele à situação, enquanto metade ou mais dos que vão à missa com menos frequência fazem avaliações regulares ou pobres ao seu bispo local.
A maioria dos católicos diz que o escândalo teve um impacto significativo sobre a credibilidade política dos líderes da Igreja (veja tabela), com mais de oito em cada 10 pessoas que dizem que a questão do abuso sexual de jovens por padres feriu muito (47%) ou um pouco (37%) a credibilidade dos líderes da Igreja que se pronunciam sobre questões sociais ou políticas. E três quartos dizem que a questão do abuso sexual prejudicou muito (38%) ou um pouco (39%) a capacidade dos sacerdotes de atender as necessidades espirituais e pastorais dos seus paroquianos.
Menos membros da geração Y do que católicos mais velhos dizem que a questão dos abusos sexuais teve um impacto adverso e significativo sobre a credibilidade dos líderes da igreja e a habilidade política dos padres para atender as necessidades do seu povo. No entanto, as maiorias de todos os grupos etários dizem que a questão teve consequências negativas tanto para a credibilidade política dos líderes da Igreja, quanto para a habilidade dos padres de satisfazer as necessidades espirituais e pastorais do seu rebanho.
Da mesma forma, embora os participantes semanais da missa são menos propensos a dizer que o escândalo teve um impacto negativo sobre os líderes da Igreja e os sacerdotes do que aqueles que raramente ou nunca vão à missa, a grande maioria de todos os grupos, independentemente de seu nível de participação na missa, dizem o escândalo teve desdobramentos significativos a esse respeito.
Comparados com os hispânicos, os católicos não hispânicos são mais propensos a dizer que a credibilidade política dos líderes da Igreja foi prejudicada, mas há pouca diferença na opinião dos não hispânicos e dos hispânicos quanto ao impacto do escândalo sobre a habilidade dos sacerdotes de atender as necessidades espirituais e pastorais dos seus paroquianos.
Apesar das preocupações duradouras sobre a questão do abuso sexual, a maioria dos católicos avaliam tanto os bispos dos EUA como um todo quanto seus próprios bispos locais de uma forma globalmente positiva. Sete em cada 10 católicos dizem que eles estão muito ou bastante satisfeitos com a liderança dos bispos dos Estados Unidos, em comparação com 28% que estão apenas um pouco ou nada satisfeitos. E 73% dos católicos dizem que estão muito ou bastante satisfeitos com a liderança do seu bispo local, em comparação com 26% que estão apenas um pouco ou nada satisfeitos.
Embora a maioria dos católicos estejam geralmente satisfeitos com a liderança eclesial, a pesquisa revelou uma clara ligação entre opiniões sobre o tratamento dado pelos bispos à questão dos abusos sexuais e a avaliação geral dos católicos à liderança dos bispos. Entre aqueles que pensam que os bispos deram um tratamento excelente ou bom às acusações de abuso sexual por padres, quase nove em cada 10 estão satisfeitos com a liderança geral dos bispos, em comparação com um nível de 64% de satisfação global entre aqueles que pensam que os bispos deram um tratamento razoável ou pobre às acusações de abuso.
Da mesma forma, muitos mais daqueles que dizem que seu bispo local deu um tratamento excelente ou bom à questão de abuso fazem avaliações globais positivas sobre seu bispo local (91%), em comparação com aqueles que dão notas regulares ou pobres ao tratamento dado pelo seu bispo local à crise dos abusos (60%).
Resumo
A pesquisa revela um consenso entre os católicos norte-americanos de que os bispos não corresponderam às expectativas em seu tratamento à questão dos abusos sexuais. E a maioria dos católicos diz que a questão prejudicou tanto a credibilidade política dos líderes da Igreja quanto a capacidade dos sacerdotes de atender as necessidades espirituais e pastorais dos seus paroquianos.
Apesar disso, a maioria dos católicos continua dizendo que, em geral, eles estão mais satisfeitos do que insatisfeitos com a liderança dos bispos dos EUA em geral e com a liderança do seu bispo local em particular.
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Reações católicas ao escândalo dos abusos sexuais nos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU