24 Mai 2011
Dom Gonzalo López Marañón, ex-bispo da província equatoriana de Sucumbíos, iniciou nesta terça-feira, às 17h locais, um jejum e oração permanentes pela reconciliação e pela paz em Sucumbíos, na Capilla de Belén, parque Alameda, Quito.
O comunicado de imprensa foi publicado no blog da Igreja de San Miguel de Sucumbíos - Isamis, 24-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto e revisada pela IHU On-Line.
Com o lema "Para curar feridas e reconciliar Sucumbíos", Dom López Marañón, de 77 anos de idade, retirado do bispado da província amazônica desde o mês de outubro passado, se instalará no pátio da Capilla de Belén, na cidade de Quito, de forma indefinida, até que haja sinais claros de reconciliação entre a população.
A decisão do bispo surge após a intensificação do conflito social e religioso que Sucumbíos vive há meses com a chegada da Congregação dos Arautos do Evangelho ao Vicariato Apostólico.
Últimos eventos
Dom Ángel Polibio Sánchez está em Sucumbíos para iniciar conversações e reuniões com as partes envolvidas. Nem a Congregação dos Arautos do Evangelho, nem a Ordem dos Carmelitas Descalços estão autorizados a regressar à província de Sucumbíos.
A vigília mantida pela população, pelos fiéis da igreja de San Miguel de Sucumbíos e pelas organizações sociais no pátio da catedral desde o dia 7 de janeiro continua. A vigília é custodiada, desde domingo, pela polícia, para evitar que novos grupos da Renovação Carismática, que apoiam os Arautos do Evangelho, provoquem tumultos e tensão entre a população, tal como ocorreu no último domingo, dia 22, à noite.
Antecedentes do conflito
Na última quinta-feira, 19 de maio, a Conferência Episcopal decidiu a saída dos Arautos do Evangelho da província, saída que ocorreu sob escolta policial. Agora, a hierarquia máxima da Igreja Católica deve resolver a situação que pôs em perigo a paz social da província.
A situação somente poderá ser resolvida com o reconhecimento da Assembleia Diocesana como órgão máximo de representação da Igreja Católica da província, segundo seus membros.
Outra demanda da população local é a restituição dos direitos dos que trabalhavam na Rádio Sucumbíos, demitidos de forma verbal e prematura pela administração do padre Rafel Ibarguren, dos Arautos do Evangelho, Também pedem garantias para o Lar Infantil.
A tensão em Sucumbíos aumentou nas últimas quatro semanas com as demissões improcedentes e sem pagamento de trabalhadores, durante pelo menos quatro meses, do Lar Infantil e a invasão violenta e ilegal, assim como a demissão verbal prematura do pessoal da Rádio Sucumbíos, que ocorreu na última segunda-feira, 16 de maio.
Antes da chegada dos Arautos do Evangelho, a emissora e o Lar Infantil eram projetos sociais sob a coordenação e supervisão do Vigário da Igreja de San Miguel de Sucumbíos e da Assembleia Diocesana.
Os Arautos do Evangelho são uma associação religiosa, reconhecida entre os círculos mais conservadores da Igreja Católica de Roma. Sua linha de atuação e de pensamento entra em contradição com o modelo social e comunitário que Sucumbíos vive há mais de quatro décadas.
Para Dom Gonzalo López Marañón, construtor e motor por 40 anos do modelo horizontal e participativo da Igreja-comunidade, seu jejum pode contribuir para curar feridas e reconstruir o tecido humano social e eclesiástico.
O jejum do bispo será acompanhado de perto pela Cruz Vermelha e por alguns médicos, assim como por um dispositivo de segurança. Tudo isso para garantir a saúde e a tranquilidade do bispo que reza pela paz no Equador.
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O jejum do bispo emérito de Sucumbíos, Equador e conflito com os Arautos do Evangelho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU