22 Mai 2011
Publicamos aqui a carta aberta das organizações sociais de Sucumbíos, no Equador, sobre os conflitos sociais e eclesiais a partir da remoção, por parte do Vaticano, dos Carmelitas Descalços para o ingresso dos Arautos do Evangelho na diocese local.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 22-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
As organizações sociais de Sucumbíos manifestam à sociedade de Sucumbíos e do Equador o seguinte:
1. Agradecemos às autoridades governamentais da província e do governo nacional por terem nos escutado, impedido que a situação desencadeasse em enfrentamentos violentos e, sobretudo, por terem conseguidos que as autoridades eclesiásticas se responsabilizassem por dar uma solução definitiva para o conflito que nos oprime há seis meses.
2. Agradecemos aos nossos companheiros e companheiras pela sua enorme paciência e disposição para conservar a convivência pacífica em nossa província e por não terem caído nas provocações durante as difíceis horas que enfrentamos.
3. Esclarecemos às autoridades e à sociedade que o conflito em Sucumbíos não é entre Arautos e Carmelitas, mas sim entre duas formas de viver e de fazer Igreja e sociedade. Em Sucumbíos, existe um tecido eclesial e social, expressado na Assembleia Diocesana do Vicariato de Sucumbíos e na Coordenação das Organizações Sociais, que deu forma e vida a esta província nos últimos 40 anos por caminhos de comunhão, encontro, inclusão, diálogo e solidariedade.
4. Mas advertimos a população que o conflito que ocorreu em nossa província desde a chegada dos Arautos do Evangelho, no final de outubro passado, ainda não chegou a uma solução definitiva. Tanto a Assembleia Diocesana do Vicariato de Sucumbíos quanto a Coordenação das Organizações Sociais de Sucumbíos, expressões palpáveis do tecido eclesial e social ao que nos referimos, estão sendo ignoradas e desrespeitadas em nossa condição de sujeitos com voz e palavra própria nesta nova etapa.
No entendimento de que isso obedece ao fato de ser difícil sair das leituras de costume, convidamos as autoridades governamentais e eclesiásticas a fazer esforços para compreender que o desenrolar do conflito no futuro dependerá também de que sejamos levados em conta como sujeitos com capacidade própria de reflexão, decisão e ação.
5. Informamos que mantemos, de forma pacífica, respeitosa mas ativa, a nossa presença no interior do salão paroquial da catedral de Nueva Loja, acompanhando a vigília ao pé da catedral fechada, pendentes da situação do Lar Infantil e da Rádio Sucumbíos – nossa companheira solidária – e de seus trabalhadores/as, alertas à evolução das negociações que começarão na segunda-feira, 23 de maio, na cidade de Quito, com a mediação de Dom Fausto Trávez.
Essa nova etapa deve dar lugar a passos certos que restituam direitos legítimos e possibilitem superar a divisão nas populações urbanas e rurais, que afeta inclusive as famílias, nossos filhos e filhas nas escolas, nossas organizações e às instituições públicas e privadas.
Em nome das Organizações Sociais de Sucumbíos-Equador,
Marcelo Arana
Coordenador do Fundo Equatoriano Populorum Progressio - FEPP de Lago Agrio
Delia Malvay
Federação das Mulheres de Sucumbíos
Pedro Grefa
Dirigente das Nacionalidades Indígenas
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Sucumbíos: "Ainda não se chegou a um acordo final" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU