22 Fevereiro 2012
Na diocese-vitrine da Igreja da França, o novo bispo é um amante da tradição e é discípulo do teólogo von Balthasar. Foi escolhido pessoalmente pelo papa, juntamente com o cardeal Ouellet.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada em seu sítio, Chiesa, 17-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Depois da nomeação "pessoal" do bispo Francesco Moraglia como patriarca de Veneza, o Papa Bento XVI desferiu um golpe semelhante na Igreja da França.
Ele o fez no sábado 11 de fevereiro, em memória da Santa Virgem de Lourdes, quando nomeou o novo bispo da diocese em que surge o célebre santuário mariano, precisamente a de Tarbes e Lourdes. Para esse cargo, o Papa Joseph Ratzinger chamou Dom Nicolas Brouwet (foto), que completará 50 anos no próximo dia 31 de agosto, e que, desde abril de 2008, era bispo auxiliar de Nanterre, diocese onde nasceu e foi ordenado sacerdote em 1992.
A nomeação chegou mais cedo do que o previsto, já que o antecessor de Brouwet, Dom Jacques Perrier, no cargo desde 1997, ultrapassou a idade de aposentadoria de 75 anos no dia 4 de dezembro e, portanto, teve apenas alguns meses de prorogatio .
Além disso, a escolha de Brouwet, assim como a de Moraglia, não passou pela aprovação dos cardeais e bispos da congregação responsável em uma das suas reuniões de todas as quintas-feiras. Ambos irão tomar posse de suas respectivas dioceses no próximo dia 25 de março, festa da Anunciação.
É fácil pensar que o prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet, apreciou o fato de Brouwet ser membro do Johannesgemeinschaft, o Instituto de São João, fundado pelo teólogo Hans Urs von Balthasar. Ouellet, de fato, também tem grande estima e foi amigo do teólogo suíço, sobre cujo pensamento discutiu a sua tese de doutorado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Depois dos estudos superiores na universidade estatal de Nanterre, onde obteve um diploma em história, Brouwet entrou no Pontifício Seminário Francês de Roma. Frequentou os cursos de filosofia e de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, concluindo-os o com o bacharelado em teologia. Depois, se inscreveu no Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família, obtendo a sua licenciatura. Durante 1986 e 1988, passou dois anos de serviço civil em Jerusalém, para o ensino da língua francesa. Depois da ordenação sacerdotal, ocupou vários cargos pastorais na diocese de Nanterre, como pároco, capelão da escola e da universidade, delegado diocesano para a formação dos seminaristas e também professor de moral e diretor espiritual do pré-seminário.
A sua nomeação em 2008 a auxiliar de Nanterre foi lida como um balanceamento com relação ao bispo ordinário, Dom Gerard Daucourt, 71 anos, membro do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, grande defensor do diálogo ecumênico, em particular com os ortodoxos, mas muito frio no trato com o mundo tradicionalista católico, particularmente forte na França e, especialmente, em sua diocese.
A Dom Brouwet, ao contrário, desde jovem, foi reconhecida uma sensibilidade litúrgica particularmente fiel à tradição. No último dia 25 de dezembro, ele celebrou a missa de Natal na forma extraordinária do rito romano, segundo o Motu Proprio Summorum Pontificum. E também participou nas peregrinações tradicionalistas de Paris a Chartres no dia de Pentecostes. A sua postura sobre questões morais também está na linha da tradição.
Isso não significa que Brouwet seja simplesmente um tradicionalista. Bastaria ver as suas fotos oficiais de clergyman para entender isso. Ele pertence, sim, àquela geração de jovens sacerdotes que, como o Papa Ratzinger, consideram o mundo tradicionalista – muito vivo na França, mesmo na sua componente não lefebvriana – mais como um recurso do que como um problema, ao contrário da velha guarda progressista do episcopado, cada vez menos influente, mas também da geração "lustigeriana", que agora encarna a sua liderança, através de figuras como o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, ou o arcebispo de Rennes, Pierre d'Ornellas.
Lourdes não é uma diocese cardinalícia, mas, com o seu célebre santuário mariano, é como que o coração espiritual da França. É ali, de fato, que se reúne habitualmente a assembleia plenária dos bispos franceses. Sem contar, depois, a dimensão internacional da diocese. Para ali vão fiéis, seminaristas, sacerdotes, religiosos, bispos e cardeais de todo o mundo. Alguns problemas de caráter administrativo que ocorreram recentemente na diocese foram monitorados com atenção particular pela Santa Sé.
Por todas essas razões, é ainda mais significativo que Bento XVI tenha confiado a diocese de Lourdes a um jovem bispo de características bem definidas como Brouwet.
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Em Lourdes, o rito antigo reaparece - Instituto Humanitas Unisinos - IHU