02 Novembro 2013
Nos sagrados palácios, a consciência de estar no centro de atividades de espionagem por parte das mais díspares entidades externas é muito datada. E se o Centro de Operações de Segurança, liderado pelo comandante da Gendarmeria, Domenico Giani, busca criar um escudo protetor impenetrável por ocasião do conclave, é muito mais difícil evitar que sejam interceptados, dia após dia, telefonemas que saem do Vaticano dirigidos a todas as partes do mundo.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 31-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nos anos 1970, o então vice-secretário de Estado, Giovanni Benelli, fez com que fosse feita uma verificação dos telefones, a partir da qual verificou-se que diversas centrais de operação estavam em funcionamento para gravar os telefonemas provenientes dos escritórios da Santa Sé. A precaução antiespionagem do prelado toscano apelidado de "Sua eficiência" foi a mais antiga: "Sobre certos assuntos, falem apenas em voz e pessoalmente".
Tornou-se altíssima a tensão depois da eleição de João Paulo II, quando – com ou sem razão – o Vaticano foi considerado uma central decisiva na luta contra os regimes comunistas do Leste: foram infiltrados religiosos "duas caras" muito próximos do papa, e os serviços tchecoslovacos conseguiram colocar um microespião até mesmo dentro de uma estátua de Nossa Senhora no escritório privado do cardeal Agostino Casaroli, secretário de Estado.
Em março passado, por ocasião do conclave, a equipe de técnicos sob a direção de Giani limpou todos os ambientes, e foram ativados sistemas de blindagem para impedir a transmissão de dados e de vozes. Uma atividade implementada antes do início das operações de votação, que envolveu também as discussões entre os purpurados nas congregações gerais. Os jornalistas que utilizavam a segunda sala de imprensa preparada para a ocasião, a pouca distância da sala do Sínodo, sabem um pouco disso: o wi-fi era interrompido no início de cada reunião, e de repente também desaparecia o sinal da rede de celular.
O Vaticano não confia o serviço a empresas especializadas externas, mas adquiriu instrumentação e tecnologias de vanguarda, algumas de fabricação israelense. Do outro lado do Tibre, além disso, existem linhas telefônicas seguras e criptografadas para comunicações internas. Mas é praticamente impossível garantir que não se será ouvido quando o telefonema, proveniente da plataforma interna do Vaticano, chegar ao lado de fora. O Centro de Operações de Segurança se ocupa particularmente com o papa, que, como se sabe, usa o telefone mais do que os antecessores. Agora que se tornou a residência de Francisco, a Casa Santa Marta está submetida a frequentes limpezas.
No Vaticano, além do Escritório Cifra que se ocupa das comunicações entre a Secretaria de Estado e os núncios apostólicos nos vários países, existem outros órgãos como os Sistemas de Informação e o Escritório Internet, cujos técnicos estão sempre trabalhando para impedir o acesso de hackers e de espiões.
"Apesar dos ataques do Anonymus – explicam as fontes vaticanas –, não houve penetração nos nossos sistemas". Na história recente, mesmo depois do Wikileaks – informam do outro lado do Tibre – não houve nenhum traço de operações de espionagem bem sucedidas. Mas as revelações das últimas horas horas parecem demonstrar que o Big Brother não poupou as conversas na sombra da cúpula de São Pedro.
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Tecnologias de vanguarda: as defesas do Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU