Por: André | 16 Outubro 2013
Jesuíta, arcebispo de Milão e cardeal, ele foi o mais competente e incensado antagonista dos pontificados de Wojtyla e Ratzinger. Seus partidários veem hoje em Francisco aquele que recolhe sua herança e a coloca em prática.
Fonte: http://bit.ly/1bUkDq4 |
A reportagem é de Sandro Magister e publicada no sítio Chiesa.it, 15-10-2013. A tradução é de André Langer.
A sete meses da eleição de Jorge Mario Bergoglio para Papa, as interpretações deste início de pontificado são contraditórias.
As avaliações mais positivas na Igreja, se não entusiastas, sobre as primeiras ações do Papa Francisco provêm dos partidários do cardeal que representou, durante anos, com grande competência e amplo consenso, a linha alternativa mais clara aos pontificados de João Paulo II e Bento XVI.
Esse cardeal era Carlo Maria Martini, jesuíta, ex-reitor do Pontifício Instituto Bíblico, arcebispo de Milão de 1979 até 2002, falecido em 31 de agosto de 2012, depois de ter deixado suas consignas em uma entrevista também muito crítica, publicada imediatamente depois da sua morte como seu “testamento espiritual”.
Quem recolheu esta última entrevista foi o jesuíta austríaco Georg Sporschill, o mesmo que em 2008 esteve a cargo da publicação do livro mais representativo do mesmo Martini, também em forma de entrevista: Diálogos noturnos em Jerusalém.
Nos dois últimos anos de vida, o cardeal Martini havia acentuado suas críticas em entrevistas e livros escritos junto com católicos “de fronteira” como o padre Luigi Verzé e o especialista em bioética Ignazio Marino Marino, nos quais promovia uma atualização da Igreja também em questões como o começo e o final da vida, o casamento e a sexualidade.
No conclave de 2005, Martini foi o cardeal símbolo da fracassada oposição à eleição de Joseph Ratzinger. E os votos de seus partidários, junto com o de outros, confluíram então exatamente para Bergoglio.
Oito anos depois, em março de 2013, foram também os “martinianos” que quiseram a eleição do mesmo Bergoglio como Papa. Desta vez com êxito.
Hoje, eles veem transformar-se em realidade, nas primeiras ações do Papa Francisco, o que para Martini era apenas um “sonho”: o sonho de uma Igreja “sinodal, pobre entre os pobres, inspirada no Evangelho das bem-aventuranças, fermento e grão de mostarda”.
É o que escreve e explica, na nota reproduzida na sequência, aquele que o cardeal Gianfranco Ravasi definiu justamente como “o maior especialista martiniano”: Marco Garzonio, figura de destaque do laicato católico milanês, psicólogo e psicoterapeuta, editorialista do Corriere della Sera, autor, em 2012, da mais importante biografia de Martini, além de seu cronista e confidente de longa data.
Sua última obra é um diálogo em forma teatral entre “o cardeal Martini e sua alma”, levado ao palco em julho de 2013 no Festival dos Dois Mundos, de Spoleto, e que agora está em cartaz em Milão e em outros teatros italianos.
A nota de Garzonio é a mais explícita e argumentada interpretação escrita até agora e que relaciona o pontificado do Papa Bergoglio com a herança do cardeal Martini.
O artigo foi publicado no Corriere della Sera, 11 de outubro e pode ser lido, em português, aqui.
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Martini Papa. O sonho transformado em realidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU