Por: Jonas | 30 Agosto 2013
“Até quando poderemos resistir? Por que se empenhar em permanecer no país?”. Este é o dramático questionamento do irmão marista Georges Sabé, em artigo publicado no sítio Religión Digital, 29-08-2013. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Fonte: http://goo.gl/9W1oE9 |
Aqueles que vivem na Síria e todos os que acompanham as notícias de perto, sabem muito bem que da Síria chegam somente notícias de morte: de crianças, de adultos, jovens, mulheres, homens... Todos são ameaçados, assassinados, raptados, mortos...
Nada, nenhuma boa notícia, nem sequer uma boa notícia que traga algo de ilusão; nenhuma palavra..., nada, apenas a sombra da morte que vagueia e arrebata os corpos e as almas...
Nossas cerimônias sociais são os enterros... Nossos lugares de encontro são as igrejas e as mesquitas. Nossas orações são pelos defuntos... Nossas saudações: “Allah yrhamna” – “Que Deus se compadeça de nós”.
É preciso pintar um quadro tão negro, um quadro de medo e vergonha para que os demais se compadeçam de nós?
Até quando poderemos resistir? Por que se empenhar em permanecer no país? O que nos espera amanhã? Qual será nosso destino? Onde estaremos da próxima vez? Como proteger nossas crianças? Aonde ir com nossos anciãos ou enfermos? Os que fugiram deste inferno são mais felizes do que nós? Quem permitiu que soframos este horror? Quem o ordenou? Por que nós? Por que toda esta obstinação em transformar cada um de nós – homem ou mulher – em objeto de morte?
De onde tirar uma palavra de esperança, algumas palavras de consolo? Que outra veste nós podemos escolher a não ser o luto? Quais outras lágrimas nós podemos derramar a não ser as de Adeus?
Adeus, meu país; adeus, meu querido; adeus, meu amor; adeus, meu filho; adeus, minha filha; adeus papai; adeus mamãe...
Nós temos nos convertido em um repetitivo Adeus?
No sábado, dia 10 de agosto, o ódio e a violência alcançaram de cheio os “Maristas Azuis” [um projeto], ceifando a vida do Dr. Amine, um Marista verdadeiro, comprometido, um homem de serviço e bondade. O Dr. Amine retornava para Alepo após uma breve estadia na casa de seus filhos. Retornava ao país para continuar cuidando de seus enfermos e daqueles que dele necessitavam. Por eles e por tantos outros que foram assassinados, cega e gratuitamente, nosso coração marista está sangrando...
Cada vez mais, o povo inocente e empobrecido paga muito caro o preço de um bloqueio internacional e local. Alepo continua dividida... A única perspectiva de seus habitantes é a de saber se hoje podem se abastecer com pão, água, produtos alimentícios, leite para as crianças... Acrescentamos que o “amanhã” existe apenas na imaginação... apenas o hoje conta. O amanhã está tão longe e é tão diferente, que talvez deixe de existir para muitos de nós.
Enfrentamos outros graves problemas: o inverno e o início das aulas se aproximam rapidamente. Aqueles que vivem nas escolas públicas se verão obrigados a saírem, deslocar-se novamente, a marchar...
Os pais têm medo de enviar os filhos à escola. Que tipo de segurança lhes prometem? Se um morteiro caiu numa das escolas... Se as estradas estiveram bloqueadas...
Diante deste quadro obscuro, os Maristas Azuis lutam para tornar-se, na medida do possível, um oásis.
As pessoas vêm até nossa casa para compartilhar suas preocupações, pedir algum conselho, acalmar seu corpo e seu espírito, para saber que ainda é possível contar com alguém... Alguns demoram mais de duas horas para chegar.
As 40 crianças do projeto “aprender a crescer” acabam de receber três semanas de férias, que permitirão que as professoras respirem um pouco, formem-se e se atualizem para enfrentar um novo ano escolar. Para ajudar os pais a organizarem este tempo de férias, propomos-lhes dois dias de formação.
Os jovens do projeto “Skill’s School” continuam. Preparam uma festa para celebrar com seus pais o final das atividades de verão.
Para que o horizonte não se feche completamente e para que continuem tendo sonho, esperando dias melhores, acabamos de lançar um novo projeto: “I learn English”, dirigido à dezena de jovens adolescentes que se abrigam na casa dos Maristas... No domingo passado, os Maristas Azuis compartilharam a alegria da celebração da comunhão solene de uma dúzia de meninos e meninas retirados do bairro de “Djabal el Saydeh”.
Embora os produtos alimentícios sejam cada vez mais escassos (o óleo, o queijo e o leite são quase inexistentes, e quando são encontrados, estão a preços inacessíveis), esforçamo-nos em continuar proporcionando as cestas de alimentos semanais ou mensais para “Sallet el Djabal”, “Orelha de Deus” e os deslocados.
Junto às cestas de alimentos, nós acrescentamos o pão. As famílias somente podem obtê-lo após uma longa espera, às vezes um dia inteiro diante da padaria, com filas intermináveis e com o risco de ser feridos pelos disparos.
O projeto “Feridos de guerra” continua salvando vidas inocentes que sofrem as consequências de semelhante loucura.
Gostaríamos de encerrar com a vontade formulada pelo papa Francisco, durante o Angelus, no dia 25 de agosto de 2013: “Que cesse o ruído das armas na Síria”.
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“Da Síria chegam somente notícias de morte: de crianças, de adultos, jovens, mulheres, homens...”, afirma irmão marista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU