Por: Jonas | 14 Junho 2013
O II Módulo da Escola Latino Americana de Autogestão Popular, que está ocorrendo durante esta semana, de 9 a 15 de junho, na Casa do Trabalhador, sedo do Cepat/CJ-Cias, em Curitiba, conta com a participação de líderes do movimento latino-americano de luta por moradia. Caminhando entre os participantes e ouvindo os debates e conversas informais, durante os intervalos das aulas, fica até um pouco esquecida esta história de refluxo no movimento social. Pelo menos, aqui, nesta semana, uma grande diversidade de pessoas, de cinco países - Argentina, Brasil, Chile, Venezuela e Uruguai -, tem debatido e trocado experiências acerca da luta por uma América Latina que seja pátria de todos, começando pelo direito à moradia, e com dignidade.
Numa dessas abordagens de corredor, estabelecemos um rápido diálogo com Gloria Del Carmen Rodríguez Calderón (foto), vereadora reeleita pelo Partido Comunista do Chile, da comuna Pedro Aguirre Cerda, em Santiago do Chile. Em sua opinião, esta formação, promovida pela Secretaria Latino Americana de Moradia Popular (SELVIP), possibilita uma abertura de perspectivas para se iniciar, no Chile, um trabalho de cooperativa, autogestão e propriedade coletiva. Segundo a vereadora, “a possibilidade de conhecer as experiências de nossos irmãos latino-americanos é uma tremenda ferramenta e, também, um desafio para compreender que nós, os povos latinos, inauguramos, a partir do tema cooperativo, uma abertura às demandas que todos nós, os povos, temos: equidade, justiça social, integração, não mais segregação, etc.”.
De fato, o encontro está possibilitando que os movimentos por moradia de cada país conheçam-se mutuamente, refletindo sobre suas ações. Neste sentido, “os povos latino-americanos estão fazendo história”, ressaltou Calderón.
Com participação ativa na política chilena, a representante de esquerda aproveitou a oportunidade para fazer uma breve avaliação, neste tema, da atuação do presidente chileno Sebastián Piñera. Ela considera que as políticas habitacionais desse governo de direita não incentiva a organização, mas introduz o individualismo. “O governo de Piñera segue com as políticas neoliberais, favorecendo as imobiliárias”, disse. “Para o governo de Piñera, a moradia é dirigida para que o privado se enriqueça”, acrescentou.
Em seguida, ressaltou que “o Chile foi o precursor das cooperativas, no período do presidente Salvador Allende. Foi o período que mais dignificou a moradia para os trabalhadores. Um de seus pontos centrais de governo era fazer da moradia um direito e não uma mercadoria”. Contudo, veio o golpe de Estado de 1973, “que acabou com as garantias e voltou a restituir as políticas neoliberais, onde o indivíduo só se organiza para obter moradia com muita dificuldade. São moradias pequenas e de má qualidade”.
Durante essa semana, entre um período de estudo e outro, também houve a divulgação de dois livros. Um organizado pela própria SELVIP, com o título “Impulsionando la vía urbana, en el ALBA de los pueblos por su liberación. Construyamos ciudades y territorios democráticos sin expulsores, ni expulsados”, e o outro em homenagem a Hugo Chávez, com uma coletânea de entrevistas realizadas pelo jornalista José Vicente Rangel, com o título “De Yare a Miraflores, el mismo subversivo. Entrevistas al comandante Hugo Chávez Frías (1992-2012).
O texto e a foto é de Jonas Jorge da Silva, membro da equipe do Cepat/CJ-Cias.
Veja também:
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Direito à moradia. “Os povos latino-americanos estão fazendo história”, afirma vereadora chilena - Instituto Humanitas Unisinos - IHU