11 Junho 2013
O último dia 7 foi o mais intenso do Átrio dos Gentios – promovido pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, para um diálogo entre crentes e não crentes – de Marselha, que começou na quinta-feira na "laica França" e que terminou nesse sábado.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 08-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A celebração da festa do Sagrado Coração de Jesus, com uma missa solene na Basílica de Marselha e uma procissão eucarística presidida pelo cardeal Ravasi – que trouxe a saudação do Papa Francisco – foram os eventos que se seguiram ao encontro mais esperado: o congresso filosófico à tarde dedicado aos dois filósofos franceses Albert Camus e Paul Ricoeur, no centenário do seu nascimento, que ocorreu no centro diocesano Le Mistral, na forma de um "diálogo por intermédio de terceiros".
O cardeal Ravasi compartilhou um primeiro balanço do Átrio francês, que se deteve sobre o tema "Debate sobre humanismo e religião", falando à Rádio do Vaticano: "Houve dois rostos diferentes", declarou. "De um lado, o aspecto do crente que se apresentou com uma intensidade particular: pensemos nessa grande celebração, nessa procissão dentro de uma metrópole moderna como é Marselha. Por outro lado, esse encontro do Átrio dos Gentios de grande intensidade, de grande dinamismo intelectual, porque conseguir manter um horizonte de pessoas muito diferentes, que têm diante de si dois autores de grande relevo como Ricoeur e Camus, certamente é uma experiência de grande importância para o Átrio dos Gentios".
"É curioso – continuou – ver que justamente o Átrio dos Gentios de Marselha – que não foi organizado em sentido estrito por nós, nós apenas prestamos a nossa consultoria, a nossa presença – teve, porém, as características que foram desejadas no momento inicial desse diálogo, principalmente com a originalidade de conseguir escolher, pela primeira vez, dois personagens que, naturalmente, têm um vínculo entre si dado externamente pelo fato de que eles nasceram no mesmo ano, há 100 anos, mas ligados entre si porque se interrogaram sobre as grandes questões humanas, especialmente as do sentido da vida, do bem e do mal, do mistério do ser e da existência a partir de ângulos completamente diferentes".
"Camus, de um lado – continuou –, com a sua pergunta que se apagou, no fim, no pó, talvez do silêncio, da história. Por outro lado, a de Ricoeur, que, ao invés, se assomou ao horizonte ulterior, ao ultraterreno, ao transcendente, ao mistério, à glória". Esse "é realmente o Átrio dos Gentios – destacou –, conseguir encontrar vozes diferentes, mas que se interrogam sobre as questões que ainda estão dentro dos corações de todas as pessoas".
E por falar em "laica França", que hospedou os diálogos do Átrio, o cardeal Ravasi disse: "Isso é algo bastante impressionante. Eu encontrei realmente grande abertura e sensibilidade. E, depois, sobretudo, a experiência é sempre muito fascinante quando, como em um grande porto que no passado tinha quase a marca do crime, os famosos 'marselheses', ainda há todos os problemas, mas são os problemas da multietnicidade e, portanto, outro terreno muito fértil para poder trabalhar em busca da interculturalidade. E é por isso – concluiu – que o evento foi significativo, com esses jovens, mais de 50 jovens que vêm de todas as regiões do Mediterrâneo, inclusive em luta entre si, que se reuniram para apertar as mãos e afirmar a possibilidade de caminhar juntos".
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Camus e Ricoeur no Átrio dos Gentios em Marselha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU