18 Agosto 2014
Na quinta-feira, o Papa Francisco, visivelmente animado em seu primeiro dia na Coreia do Sul, disse aos bispos que a solidariedade com os pobres deve ser vista como "o elemento essencial da vida cristã".
A reportagem é de Thomas C. Fox, publicada no sítio do National Catholic Reporter, 14-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
As palavras do Papa Francisco foram firmes. A solidariedade com os pobres, disse ele, "deve penetrar os corações e as mentes dos fieis e ser refletida em todos os aspectos da vida eclesial".
"O ideal apostólico de 'uma Igreja pobre e para os pobres' encontrou expressão eloquente nas primeiras comunidades cristãs desta nação", lembrou Francisco aos bispos. "Rezo para que esse ideal continue a moldar o caminho da Igreja coreana na sua peregrinação para o futuro".
Alguns observadores da Igreja dizem que os bispos coreanos, reflexo de algumas nomeações episcopais mais conservadoras dos últimos anos, assim como os valores confucionistas que enfatizam a hierarquia, perderam o contato com os pobres. No entanto, eles dizem que uma exceção visível é o bispo Peter Kang U-il, presidente da Conferência Episcopal. Como bispo da diocese de Jeju, uma ilha onde o governo sul-coreano está construindo uma obra altamente impopular, uma base naval para navios de guerra dos Estados Unidos, Kang tem sido muito ativo em protestos locais. Como presidente da Conferência dos bispos coreanos, Kang está desempenhando um papel bastante público durante a viagem de Francisco na Coreia.
Francisco disse aos bispos: "Estou convencido de que, se o rosto da Igreja é antes de tudo um rosto de amor, mais e mais jovens serão atraídos para o coração de Jesus sempre inflamado de amor divino na comunhão do seu corpo místico".
No início da tarde, ele se reuniu com o presidente sul-coreano Park Geun-hye.
Talvez já pensando no seu primeiro dia inteiro na Coreia do Sul, com o encontro de jovens durante o Jornada Asiática da Juventude, Francisco encorajou os bispos a oferecer uma nova esperança para os jovens.
Ele disse que ser "guardiões da esperança" significa assegurar "o testemunho profético da Igreja na Coreia, a fim de que continue a expressar-se na sua solicitude pelos pobres e nos seus programas de solidariedade, especialmente em favor dos refugiados e migrantes e dos que vivem à margem da sociedade".
Francisco disse que essas preocupações devem ir além das iniciativas de caridade e avançar para o "campo da promoção social, ocupacional e educacional".
"Podemos correr o risco de reduzir o nosso compromisso com os necessitados simplesmente a uma dimensão assistencial, ignorando a necessidade de cada um de crescer como pessoa e expressar com dignidade a sua própria personalidade, criatividade e cultura".
"Ser um testemunho profético do Evangelho traz desafios especiais para a Igreja na Coreia", disse Francisco, "uma vez que ela realiza a sua vida e ministério em meio a uma sociedade próspera, mas cada vez mais secularizada e materialista".
Ele chamou a atenção dos bispos para não serem tentados a padronizar seus ministérios pastorais nos modelos de gestão extraídos do mundo dos negócios ou em "um estilo de vida e mentalidade guiados mais por critérios mundanos de sucesso, e de fato poder, do que pelos critérios que Jesus enuncia no Evangelho".
"Peço a vocês e seus irmãos sacerdotes que rejeitem essa tentação em todas as suas formas. Que possamos ser salvos do mundanismo espiritual e pastoral, que sufoca o Espírito, substitui conversão por complacência, e, no processo, dissipa todo fervor missionário".
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Papa Francisco aos bispos coreanos: ''Sejam um com os pobres'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU