30 Novembro 2015
Um dia antes do início da conferência que pretende selar o futuro do clima do planeta, a secretária-executiva da convenção sobre mudanças climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas), Christiana Figueres, disse que não há com o que se preocupar: o acordo vai sair e terá força legal.
A reportagem é de Luiza Bandeira, publicada por BBC Brasil, 29-11-2015.
"Não há com o que se preocupar", disse ela. "Haverá um acordo legalmente vinculante (obrigatório). Nós não consideramos a possibilidade de fracasso", disse Figueres.
A conferência da ONU acontece após o trauma do encontro de Copenhague, em 2009, quando os países não conseguiram chegar a um acordo final. "Não há nada que se compare (a Copenhague) a não ser que estamos em solo europeu".
O principal objetivo do encontro é chegar a um acordo que permita reduzir o ritmo do aquecimento global.
Há um impasse, porém, quanto à obrigatoriedade do cumprimento das metas que cada país vai apresentar - os Estados Unidos, por exemplo, teriam que fazer um acordo deste tipo ser aprovado pelo Congresso, o que seria difícil.
Figueres, porém, disse que o acordo será legalmente vinculante e que os Estados Unidos concordam com isso.
"Vai ser legalmente vinculante, mas será um instrumento muito mais complexo, com alguns elementos que terão níveis e naturezas de vinculação jurídica diferentes", afirmou.
Segundo ela, é mais provável que o encontro seja mais bem-sucedido que o de Copenhague porque os governos decidiram que chegariam a um acordo em Paris há quatro anos - o que não havia acontecido naquela conferência.
Além disso, segundo ela, há hoje mais comprometimento dos países - 183 governos, que representam 94% das emissões, enviaram seus planos voluntários para diminui-las.
Por último, segundo ela, desde 2009 houve uma redução de 80% no preço de tecnologias de energias renováveis e, além disso, há uma mudança no destino do investimento - ela diz que mais de US$ 2 trilhões estão indo de combustíveis fósseis para energia limpa.
Figueres afirmou que, apesar de os planos enviados pelos países não conseguirem manter a temperatura do planeta a 2 ºC acima dos níveis pré-industriais - como desejam especialistas - eles retiram o planeta do "3, 4 ou 5" a que se chegaria.
Além disso, espera-se que os planos sejam reavaliados a cada cinco anos, o que poderia fazer com que este objetivo seja alcançado.
'Expectativa com Brasil'
A secretária-geral disse que não havia conseguido ler o plano do Brasil, mas que zerar o desmatamento na Amazônia - como prevê o plano - "ajudaria incrivelmente".
Ela também disse que aguarda com expectativa a participação do país no encontro, já que, segundo ela, o Brasil tem forte papel de liderança na questão do desmatamento na Amazônia.
Figueres defendeu que os países em desenvolvimento não entrem no fundo de US$ 100 bilhões anuais para ajudar países pobres a se adaptar às mudanças climáticas - meta que os países desenvolvidos não conseguem cumprir e, por isso, pedem agora ajuda dos emergentes.
Ela disse, porém, que as economias em desenvolvimento têm um papel de vanguarda na questão do modelo de desenvolvimento.
"São eles que estabelecem como a economia global vai evoluir. Todos os outros países estão observando esse modelo de desenvolvimento".
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'Não se preocupem: acordo vai sair', diz secretária-executiva da COP - Instituto Humanitas Unisinos - IHU