30 Julho 2015
"A nossa região está em grandes dificuldades, à beira do desespero, mas nós, cristãos ortodoxos, não estamos desesperados. Apesar do nosso sofrimento, estamos determinados a permanecer na nossa terra. Sabemos onde está o nosso futuro. Temos um grande papel a desempenhar para a cura das feridas e a reconstrução." Foi o que afirmou o Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, João X (foto ao lado), ecoando idealmente as palavras do Papa Francisco sobre a libertação do padre Paolo Dall'Oglio e dos dois bispos ortodoxos sequestrados no dia 22 de abril de 2013 por um grupo de homens armados perto de Aleppo, no norte da Síria. Trata-se dos bispos Youhanna Ibrahim e Paul Yazji, este último irmão do próprio patriarca.
A reportagem é do jornal L'Osservatore Romano, 29-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Temos metropolitas e sacerdotes – disse João X, que se encontra em Boston, nos EUA, para a convenção anual da Igreja Ortodoxa de Antioquia e de todo o Oriente – que foram raptados há mais de dois anos em um silêncio internacional suspeito e vergonhoso."
Há "sacerdotes, monges, freiras, pessoas e mártires – continuou – cujo único crime é o de manter vivo o coração do cristianismo. Nós continuamos na nossa terra, porque sempre estivemos lá".
O patriarca também falou das violências sofridas: "Centenas de pessoas foram mortas. Dezenas de igrejas nossas foram saqueadas e destruídas. Milhares e milhares dos nossos ícones e manuscritos foram queimados ou vendidos no mercado ilegal".
E acrescentou: "Nós não nascemos para ser refugiados em terras estrangeiras. Não fomos feitos para ser humilhados". Apesar desses sofrimentos, continuou, "a nossa vontade é forte, a nossa determinação é absoluta. Nós permanecemos na nossa terra e desempenhamos um papel de primeiro plano no futuro da região. Mas, para fazer isso, precisamos da ajuda de vocês. Precisamos da ajuda dos Estados Unidos e dos outros amigos e potências de todo o mundo, para abrir canais de diálogo, silenciar os tambores de guerra".
E, concluindo, o patriarca disse: "Unamos as nossas mentes e os nossos corações e atuemos com urgência". "O lugar de nascimento das grandes religiões do mundo está caindo aos pedaços. Hoje, ele grita por ajuda, não só porque precisa, mas porque merece."