23 Junho 2015
O Papa Francisco volta à América do Sul em 6 de julho; e, coerentemente com a sua opção preferencial pelos pobres, ele escolheu visitar os três países mais pobres da região: o Equador, a Bolívia e o Paraguai.
A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 22 a 29-06-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Esta é a sua segunda visita ao continente desde que se tornou papa, mas a primeira de sua própria escolha. A visita ao Rio de Janeiro para o Jornada Mundial da Juventude – JMJ, em julho de 2013, já estava planejada antes de sua eleição; Francisco respeitou esse compromisso, mas o fez com o seu traço pessoal, obtendo com resultados extraordinários.
Ele disse várias vezes que se enxerga melhor a realidade a partir da periferia do que do centro da cidade, e esta visita de oito dias (de 5 a 12 de julho) leva-o exatamente para aí, as “periferias da periferia sul-americana”.
A maioria da população nestes países é católica: 85% dos 15 milhões equatorianos; 86% dos 10 milhões de bolivianos; e 70% dos 7 milhões de paraguaios. Todos os três têm populações indígenas e vivenciaram regimes ditatoriais ou autoritários – especialmente a Bolívia e o Paraguai –, mas hoje possuem um sistema democrático. A visita de Francisco para fortalecer a fé dos crentes em terras onde a religião popular prospera e onde os jesuítas possuem uma história gloriosa, especialmente com as Reduções nos dois últimos países, está provocando emoção e entusiasmo.
Ele irá chegar à região logo depois da publicação de sua encíclica sobre o meio ambiente. Muitas coisas escritas neste documento têm relevância direta para esses três países, onde o crescimento econômico tem sido lento e uma grande parcela da população é muito pobre. Além disso, a biodiversidade do Equador – país rico em petróleo – está ameaçada. A Bolívia, com sua biodiversidade e ecossistemas variados, sendo um país que não tem costa marítima, sofre as consequências do desmatamento em alguns lugares e precisa de um corredor para o mar. Em termos de desmatamento, o Paraguai é o pior país da América Latina e o segundo pior do mundo.
As relações entre a Igreja e o Estado variam de país para país. Elas são mais fáceis no Paraguai, onde um ex-bispo, Fernando Lugo, foi presidente (2008-2012), porém um pouco mais problemáticas na Bolívia. Assim, a visita do primeiro papa latino-americano poderia introduzir um novo calor humano a esses vínculos. Francisco vai se reunir com os presidentes dos três países.
O pontífice chega no Equador em 5 de julho, depois de um voo de 13 horas saindo de Roma, acompanhado por autoridades vaticanas e 70 cinegrafistas e repórteres, incluindo um correspondente da revista America. Mais de um milhão de pessoas são esperadas a participar de cada uma de suas duas missas públicas nos parques Samanes (Guayaquil) e Bicentenário (Quito). Em 6 de julho ele almoçará com a comunidade jesuíta no Collegio Javier, em Guayaquil, e em 7 de julho irá rezar em privado na famosa igreja jesuíta de Quito – a “Iglesia de la Compañía” – e ter um momento com os alunos da Universidade Católica.
Em 8 de julho Francisco pousará no Aeroporto Internacional de El Alto, na Bolívia. Aqui ele ficará menos de três horas com base no aconselhamento de seus médicos, devido à altitude de La Paz, 11.975 pés, uma das mais altas do mundo. Será, porém, o tempo suficiente para se encontrar com o presidente Evo Morales, cumprimentar as autoridades civis e rezar em um local perto de onde o padre jesuíta espanhol Luis Espinal foi assassinado em março de 1980 durante a ditadura militar por causa de seu trabalho pela justiça social.
De La Paz, ele vai viaja para o leste, até Santa Cruz, onde ele ficará com o seu amigo o Cardeal Julio Terrazas Sandoval, arcebispo emérito que o convidou para vir à região imediatamente após a sua eleição como papa. Nos dois dias seguintes, ele celebrará uma missa para dois milhões de pessoas, participará na II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, visitará um centro de reeducação social.
Em 10 de julho, o papa deve voar para Assunção, capital do Paraguai. Ele esteve em visita a esta cidade por duas vezes durante a ditadura militar de Alfredo Stroessner (1954-1989), para ter uma reunião dos provinciais jesuítas (em 1973) e outra com os mestres noviços (em 1980). Ele conhece bem o povo paraguaio-guarani, porque muitos deles vivem nas favelas de Buenos Aires que ele frequentava como arcebispo.
Em 11 de julho Francisco visitará um hospital infantil e celebrará uma missa no Santuário Mariano de Caacupé. Em seu último dia, 12 de julho, viajará para Bañado Norte, região pantanosa onde muitas pessoas carentes vivem, e mais tarde celebrará uma missa para três milhões de pessoas no Parque Ñu Guazú. Na do dia 12, depois de participar de uma manifestação pública com os jovens às margens do rio Costanera, ele começa o seu voo de volta a Roma.
O Papa Francisco é o segundo pontífice a vir a estes países: João Paulo II visitou o Equador em janeiro de 1985, e a Bolívia e o Paraguai em maio de 1988.
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O Papa volta para casa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU