13 Mai 2015
No dia 12 de maio de 2015, celebra-se o centenário do nascimento do frei Roger Schutz, o fundador de Taizé, que foi o seu prior até a sua morte, em 2005. Havia nele uma credibilidade que precedia as suas palavras.
A reflexão é do teólogo leigo italiano Christian Albini, coordenador do Centro de Espiritualidade da diocese de Crema, na Itália, e sócio-fundador da Associação Viandanti. O artigo foi publicado no blog Sperare per Tutti, 12-05-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
A comunidade monástica de Taizé é uma importante realidade espiritual ecumênica que floresceu no século XX. Há décadas, muitos jovens vão a Taizé, à descoberta das fontes do Evangelho e da oração, para poderem ter um encontro na liberdade, fora de tantas superestruturas e enfeites.
Também para mim, essa experiência foi uma ajuda importante na busca de fé. No dia 12 de maio de 2015, celebra-se o centenário do nascimento do frei Roger Schutz, o fundador de Taizé, que foi o seu prior até a sua morte, em 2005. Eu tive o dom de encontrá-lo em 1995, e esse continua sendo um momento indelével para mim, pela percepção que tive de uma pessoa cujo coração estava realmente moldado pelo Evangelho. Havia nele uma credibilidade que precedia as suas palavras.
Eu gostaria de dizer algo sobre Taizé através da voz de Thomas Merton, outra figura decisiva da espiritualidade e do monaquismo do nosso tempo. Este ano de 2015 também é o centenário de Merton, que descreveu brevemente a realidade de Taizé em um texto de 1966, publicado no livro Mistici e maestri zen (Ed. Garzanti), do qual reporto alguns trechos. À época, a comunidade ainda era jovem, mas Merton tinha captado as suas características decisivas.
* * *
Não é exagero dizer que o protestantismo, em parte, foi consequência da crise monástica do fim da Idade Média. As doutrinas teológicas mais características de Lutero amadureceram pela revolta contra a escassez de vida religiosa em uma comunidade que era, se não totalmente corrompida, ao menos sujeita a graves deficiências. […]
Ora, desde que Taizé encontrou um lugar na imprensa de todo o mundo, todos sabem que atualmente está em vigor um redespertar monástico protestante de grande importância. […]
Taizé acredita que uma regra que tome furtivamente o lugar do Evangelho nada mais seria do que um "fardo inútil".
Uma das qualidades mais notáveis dessas comunidades protestantes é a liberdade, a flexibilidade que demonstram diante das necessidades mais cruciais do nosso tempo, não nos modos institucionais estereotipados, mas com uma espontaneidade apostólica alimentada de monasticidade. [...]
Taizé oferece um modelo de simplicidade, espontaneidade, generosidade, vitalidade que pode ser utilmente considerado pelas ordens católicas, que, talvez, ao longo dos séculos, se enrijeceram um pouco. Sobretudo, as comunidades protestantes podem ajudar o monaquismo católico a conservar o seu próprio sentido autêntico dos valores.
Há um verdadeiro perigo de confusão nas nossas comunidades monásticas, nas quais muitas vezes pode-se criar uma sensação de desconforto e de insegurança, recorrendo a truques que ameaçam nos afastar da nossa verdade interior. A fidelidade das novas comunidades protestantes aos genuínos valores monásticos devem nos tranquilizar e nos encorajar a aderir sem temor ao ideal da solidão, da oração, da renúncia, da pobreza e do trabalho, que deve ser o nosso ideal.
E eis aqui novamente o prior Roger Schutz, que nos fala: "A reforma que deve ocorrer no interior da Igreja Católica pode penetrar nela mediante a caridade e alcançar a sua intenção não demolindo-a, mas fazendo com que aqueles que estão dentro dela dirijam novamente a atenção aos tesouros essenciais que ela sempre possuiu".
A vida monástica é um desses tesouros essenciais.
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Frei Roger: o tesouro do essencial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU