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07 Mai 2015

O cardeal Schönborn precisa poupar e quer fundar paróquias. Mas, os seus projetos se chocam com os da base. O cardeal Schönborn tem um problema: os seus dois bispos auxiliares, os párocos e os capelães não colaboram plenamente na atuação de sua reforma. Sua ideia original era a de fundir umas 660 paróquias da arquidiocese, reduzindo-a a umas 150 grandes unidades. Deveriam ser dirigidas por um pároco do qual dependessem três a cinco padres. Estruturas comuns e um balancete comum, bem como a alienação de algumas igrejas deveriam levar a uma redução das despesas.

Dado que o número dos fiéis da Igreja católica é sempre mais reduzido – e que, portanto, a Igreja tem menos entradas derivadas de seus contribuintes – a arquidiocese deverá em dez anos poupar uns 30 por cento.

Schönborn tem chamado o seu projeto de “Apostel 2.1”, projeto que, no entanto, é agora hostilizado por dois dos três vicariatos de sua arquidiocese, pelo temor de perder poder e dinheiro. No Vicariato Norte, que é constituído por 275 paróquias na região Weinviertel, se aponta para uma via experimentada há tempo.

Afirma-o o bispo auxiliar Stephan Turnovszky em sua última carta pastoral: “Para o nosso vicariato queremos prosseguir numa via testada pela constituição de uniões de paróquias”. O Vicariato Sul, que administra 210 paróquias na zona industrial, chama o seu percurso de fusão de “zonas pastorais” – e também estas existem há tempo.

A reportagem é de Anna Thalhammer, publicada por Die Presse, 04-05-2015. A tradução é de Benno Dischinger

Ambos os modelos, em relação ao desejado por Schönborn, têm em comum o fato de que cada paróquia continua a existir juridicamente com suas dispendiosas estruturas. Uma cooperação entre as paróquias ocorre, no máximo, no plano conteudístico. Economicamente as paróquias permanecem independentes, com seus balancetes, os imóveis, o pessoal, as ofertas.

Somente o vicariato da cidade, isto é, Viena, que compreende 175 paróquias, pretende ater-se às diretivas. Já o iniciou o distrito de Favoriten, onde 15 paróquias se fundiram tornando-se quatro. A primeira assumirá o nome de “Paróquia da Palavra de Deus” e é formada por três paróquias em torno da estação central. Será instituída por Schönborn no início de junho com uma festa. Outra paróquia de novo tipo será ativada na zona Wienerberg a partir do outono, e as outras duas o serão em 2016.

As despesas mais consistentes no balancete são determinadas pelas muitas igrejas que fazem parte do patrimônio histórico e que frequentemente necessitam de trabalhos de restauro. Nos anos passados algumas igrejas católicas foram, por isso, cedidas a outras Igrejas (como a ortodoxa) – um exemplo importante neste sentido tem sido a cessão, no ano passado, da igreja de Neuerchenfeld.

Mas, também em Favoriten ninguém quer ceder edifícios – e Schönborn respeita esta escolha. “A reforma deve ser feita lentamente e com delicadeza, e se trata de um debate com forte envolvimento emotivo”, diz a Die Presse Michael Prüller, porta-voz da arquidiocese de Viena. Por isso, também as “zonas pastorais” e as “uniões de paróquias” estão “O.K. como soluções intermediárias”.

O objetivo é, porém, chegar ao novo tipo de paróquia. Espera-se que as paróquias reconheçam que unidades maiores também oferecem vantagens. “Dinheiro comum, balancete mais consistente, redução do peso administrativo e mais tempo para dedicar-se às atividades pastorais. Esta reforma significa maior espaço para todos, pensar a Igreja de modo novo e não só do ponto de vista financeiro”. Todavia, a arquidiocese espera precisamente que as paróquias possam ceder alguma igreja.

“Devemos ser realistas. A conservação é dispendiosa e não há mais aquela grande quantidade de fiéis”. Apenas três por cento dos católicos vienenses frequentam regularmente a missa dominical. Igrejas particularmente problemáticas são as construções na periferia que não só são pouco frequentadas, mas que são financeiramente de difícil manutenção. “São edifícios enormes que foram mal construídos e que precisariam, portanto, de milhões para serem restaurados”.

Já tinha existido a tentativa de ceder a Igreja de Maria von Siege [Maria da Vitória] no quarteirão Mariahilfer Gürtel à Igreja sérvio-ortodoxa, mas a mesma se chocou com o problema da tutela do patrimônio histórico: as despesas de restauração foram estimadas em doze milhões de euros. Esta cifra é aproximadamente a metade de todo o balanço anual que a arquidiocese tem à disposição para as despesas referentes aos edifícios.

“Simplesmente não nos podemos mais permitir todas aquelas construções vazias – e não podemos esperar que nossa situação financeira melhore num futuro próximo”, diz Prüller. A arquidiocese perde cada ano até 16.000 fiéis.