02 Mai 2015
"Eu não soube da convocação do Concílio exceto quando ela foi anunciada oficialmente." O cardeal Roberto Tucci, falecido no último 14 de abril, na época do Concílio Vaticano II, era o diretor da revista La Civiltà Cattolica. No seu número mais recente, a revista dos jesuítas publica uma entrevista concedida em 2007 pelo cardeal ao padre Giovanni Sale, até hoje inédita, na qual o purpurado relata a sua experiência da histórica cúpula, durante a qual foi nomeado por João XXIII como perito em diversas comissões.
A nota foi publicada pelo Servizio Informazione Religiosa (SIR), 30-04-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Roncalli, explica o cardeal Tucci, "queria que o Concílio pudesse ser desenvolvido com grande liberdade", sem qualquer tipo de condicionamento, e revela que os "menos abertos" às novidades que a cúpula propunha foram os bispos espanhóis, seguidos pelos italianos, entre os quais, porém, alguns "tinham ideias mais avançadas".
Quanto à Cúria, Tucci lembra que os seus membros, "no princípio, fosse pegos, digamos, um pouco de surpresa; não esperavam isso. Pensaram que fosse um gesto por impulso do papa e que era preciso estar atento".
A Cúria, explica, "queria governar, dirigir o Concílio. Mas o Papa João XXIII conseguia manter, sempre com prudência e respeitando a todos, a situação nas mãos".
Na última audiência com João XXIII (em fevereiro de 1963), o pontífice disse a Tucci que, "praticamente, os padres conciliares tinham entendido o que ele queria do Concílio e que ele havia expressado especialmente no discurso fundamental Gaudet Mater Ecclesiae".
Entre os "grandes protagonistas" da cúpula, ele recorda o cardeal Bea, "homem de vasta cultura" com "uma concepção bastante aberta do desenvolvimento dos dogmas". Respondendo a uma pergunta sobre o ecumenismo, o padre Tucci afirma que Roncalli o trazia muito dentro do coração: ele tinha "respeito pelos outros, sobretudo pelos ortodoxos... Era consciente dos erros históricos cometidos também por nós em relação aos ortodoxos".
Para a maioria dos escritores da Civiltà Cattolica, continua, o Concílio "não era uma novidade, porque nós tínhamos tido uma formação diferente da de vários padres mais idosos". O papa, lembra, "pediu imediatamente que se fizesse como tinha sido feito durante o Concílio Vaticano I, quando a Civiltà Cattolica era quase a fonte oficial das informações".
"Mandávamos a ele cada número com a crônica do Concílio do padre Caprile, mas, de vez em quando, ele queria que se fizesse um pequeno volume com todos os extratos."
Recém-nomeado diretor, o então padre Tucci foi recebido em audiência pelo pontífice, que lhe recomendou seguir sempre as diretrizes do cardeal secretário de Estado, Tardini, mesmo se estivessem em conflito com as do próprio pontífice.
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O Vaticano II conforme o cardeal jesuíta Tucci - Instituto Humanitas Unisinos - IHU