22 Agosto 2022
O subsecretário do Interior, Alejandro Encinas, explicou que a comissão que investiga o caso chegou à conclusão de que no desaparecimento dos 43 normalistas “agiu o grupo criminoso Guerreros Unidos e funcionários de várias instituições estaduais e federais”.
A reportagem é publicada por Telemundo, 18-08-2022. A tradução é do Cepat.
O desaparecimento dos 43 estudantes mexicanos de Ayotzinapa foi um “crime de Estado” no qual estiveram envolvidas autoridades de todos os níveis e não há indícios de que estejam vivos, concluiu nesta quinta-feira de forma preliminar a Comissão para a Verdade e Acesso à Justiça.
“O desaparecimento dos 43 estudantes da Escola Normal Isidro Burgos de Ayotzinapa na noite de 26 para 27 de setembro de 2014 constituiu um crime de Estado do qual participaram membros do grupo criminoso Guerreros Unidos e agentes de várias instituições do Estado mexicano”, declarou em entrevista coletiva Alejandro Encinas, subsecretário de Direitos Humanos do Governo.
Encinas apresentou as conclusões preliminares da comissão criada em 2018 pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, sobre o caso dos 43 estudantes que desapareceram em Guerrero, Estado do sul do país.
A comissão também concluiu “que autoridades federais e estaduais do mais alto nível foram omissas e negligentes” e, inclusive, acusou-as de “alterar fatos e circunstâncias” para estabelecer uma conclusão “alheia à verdade”.
“Suas ações, omissões e participação permitiram o desaparecimento e execução dos estudantes, bem como o assassinato de outras seis pessoas”, disse Encinas sobre as autoridades, incluindo membros do Exército e das polícias locais.
Além disso, foi revelado que um soldado forneceu informações sobre a mobilização dos 43 normalistas de Ayotzinapa, mas que desapareceu com os jovens, e o alto comando militar não ativou o protocolo de busca de efetivos desaparecidos.
Encimas também reconheceu que “não há indícios” de que algum dos estudantes esteja vivo e que “nunca estiveram juntos” desde que se separaram naquela noite na rodoviária de Iguala.
No dia 26 de setembro de 2014, estudantes da escola para formação de professores rurais de Ayotzinapa desapareceram a caminho da Cidade do México para participar de protestos no dia 2 de outubro.
Segundo a polêmica versão do Governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018), a chamada “verdade histórica”, policiais corruptos detiveram os estudantes e os entregaram ao cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e incineraram no depósito de lixo de Cocula e jogaram os restos no rio San Juan.
“Não há indícios de que os estudantes estejam vivos, pelo contrário, todos os testemunhos e evidências comprovam que eles foram assassinados e desaparecidos astutamente”, disse Encinas.
O governo López Obrador desmentiu a versão formulada durante a gestão de Peña Nieto, concordando com familiares e com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e seu Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI), que assinalou que os corpos não foram queimados nesse local.
“Termino dizendo que a criação da verdade histórica foi uma ação concertada do aparelho organizado do poder desde o mais alto nível do Governo, que ocultou a verdade dos fatos, alterou as cenas do crime, ocultou os vínculos entre as autoridades e o grupo criminoso e a participação de agentes do Estado, forças de segurança e autoridades responsáveis pela aplicação da lei no desaparecimento dos estudantes”, disse Encinas.
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México. Comissão da Verdade conclui que o caso Ayotzinapa foi um “crime de Estado” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU