16 Outubro 2019
A Amazon se tornou a empresa mais poderosa do mundo. Seu poder reside não apenas em seu capital e renda, mas sobretudo em seu modelo, em seu paradigma. A Amazon tem a capacidade de copiar rapidamente qualquer produto exitoso e, ao mesmo tempo, a capacidade de destruir quase qualquer produto, pois ao ser a loja do mundo pode alterar as condições sob as quais esse produto é vendido em sua loja.
A reportagem é publicada por PijamaSurf, 13-10-2019. A tradução é do Cepat.
Durante anos, a Amazon tem sido uma espécie de mistério, operando de forma diferente de alguns dos outros gigantes do Vale do Silício, obcecados em continuar crescendo em vez de dar resultados aos investidores. Um artigo fascinante do The Atlantic revela a personalidade e as motivações de Jeff Bezos, o CEO da Amazon, que recentemente apareceu nas notícias por seu interesse no mundo de Hollywood. Como mostra o jornalista Franklin Foer, a grande motivação de Bezos é o crescimento, mas visto de maneira darwiniana e com um toque espacial. Bezos parece acreditar que a Terra está prestes a atingir um ponto de ruptura em que será impossível continuar crescendo e inovando. Isso será central para colonizar o espaço, habitar o Sistema Solar e desenvolver uma civilização espacial.
Jeff Bezos é um fã da série Star Trek e particularmente do capitão da USS Enterprise, Jean Luc-Picard. Quando perguntado por que não é tão generoso quanto outros bilionários, disse que sua empresa Blue Origin, cuja intenção é colocar milhões de pessoas no espaço (porque “a Terra é apenas o começo”), é a maior filantropia. Com a Blue Origin, Bezos procura realizar o projeto do físico de Princeton, Gerard K. O'Neill, que no livro The High Frontier argumenta a favor de mudarmos para o espaço. Bezos concorda e acredita que apenas colonizar o espaço pode nos permitir continuar crescendo. O que teme não é a destruição, mas que deixemos de inovar.
O'Neill imaginou colônias espaciais dentro de tubos cilíndricos flutuando entre a Terra e a Lua, em que um mundo semelhante à Terra poderia ser sustentado com a ajuda da tecnologia. Como aponta Foer, Bezos “criou um protótipo de um tubo cilíndrico habitado por milhões de pessoas, chama-se Amazon”.
Atualmente, a Amazon tem mais de 600.000 empregados. A todo momento, existem mais de 600 milhões de itens sendo vendidos em seu site. Com o histórico de compras, tem a radiografia mais precisa do desejo do consumidor e com sua aposta no Big Data e na inteligência artificial, tem o poder de se antecipar a esses desejos. Com seus dispositivos eletrônicos e assistentes pessoais, tem a porta aberta para implementar o capitalismo de vigilância em níveis insuspeitáveis. A empresa, ao contrário de outros gigantes, é cuidadosamente controlada por Bezos e existe em imagem e semelhança à sua personalidade.
É por isso que é interessante saber quais são suas motivações. Bezos parece querer salvar o planeta nos levando ao espaço. Mas, como já é comum nesses casos, surge a seguinte pergunta: o que aconteceria se todos esses recursos, toda essa inteligência e toda essa ambição fossem colocadas não para continuar crescendo e fugir da Terra, mas, ao contrário, para cuidar do que se tem, conservar o que já existe, compartilhando riquezas, valorizando a origem, mais que a incerta empresa de exploração e desenraizamento? Além de tudo, foi esse mesmo desejo de crescer sem direção o que nos colocou nessa situação.
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O plano secreto que motiva Jeff Bezos a acumular riqueza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU