Mãe da chuva. Artigo de Gianfranco Ravasi

Foto: Unsplash

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

16 Novembro 2021

 

Só a perda de uma realidade escondida nos revela como ela é decisiva para a nossa existência. Eis, então, a necessidade de protegê-la e amá-la antes do seu desaparecimento.

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado em Il Sole 24 Ore, 14-11-2021. A tradução é de Anne Ledur Machado.

 

Eis o texto.

 

“Mãe da chuva, chove sobre nós! Banha o manto dos pastores; com as chuvas torrenciais, alivia a nossa sede; da tua fonte infinita, tira a porção de água que é necessária para nós...! O fantasma da fome avança veloz, o grande calor nos destruiu, Mãe da chuva, chove sobre nós e sacia toda fome!”

O mundo já consegue entender cada vez mais que o bem mais precioso depositado pelo Criador no ventre da terra não é tanto o petróleo, mas sim a água: no futuro, não haverá mais tensões ou guerras para disputar as jazidas de petróleo, mas sim para se apossar das fontes hídricas.

Sob essa luz, queremos hoje propor uma oração um pouco original. Assim como no Missal católico há o formulário de uma liturgia para impetrar o dom da chuva, assim também a população beduína norte-africanos dos Rwala invocava a “Mãe da chuva”, uma divindade da sua religião, para que doasse à terra árida e rachada e à humanidade sedenta o fluxo das águas.

A partir dessa imploração tão simples, mas intensa, eu gostaria de extrair uma reflexão que vai em outra direção. Existem bens cujo valor só é descoberto quando faltam. Pensemos no ar que, se nos é retirado ou se é poluído, revela a sua extraordinária necessidade.

Mas pensemos também em um ente querido, com quem compartilhamos a cotidianidade: se nos abandonasse ou morresse repentinamente, logo se abriria em nós um vazio ou uma dilaceração. Só a perda de uma realidade escondida nos revela como ela é decisiva para a nossa existência. Eis, então, a necessidade de protegê-la e amá-la antes do seu desaparecimento.

 

Leia mais