12 Mai 2016
"Chegamos a um ponto sem retorno. O mundo é testemunha do maior grau de necessidade humanitária desde a Segunda Guerra Mundial. A catástrofe humana é de escala titânica", escreve Hervé Verhoosel, porta-voz da Cúpula Humanitária Mundial (CHM), em artigo publicado por Envolverde/IPS, 10-05-2016.
Eis o artigo.
Aproximadamente, 125 milhões de pessoas têm uma extrema necessidade de ajuda, mais de 60 milhões estão deslocadas pela força e houve 218 milhões de vítimas de desastres naturais anualmente nos últimos 20 anos.
São necessários mais de US$ 20 bilhões para ajudar os 37 países atualmente afetados por desastres e conflitos armados. Se não forem tomadas medidas imediatas, 62% da população mundial poderia chegar a 2030 vivendo o que hoje se classifica como situações frágeis. Uma e outras vezes ouviram que nosso mundo está em um ponto de inflexão. Hoje estas palavras são mais certas do que nunca.
Começamos a compreender que nenhum de nós está imune às repercussões dos conflitos e dos desastres. Vemos em pessoa os refugiados das nações devastadas pela guerra, e somos testemunhas de primeira mão das consequências do aquecimento global. Vemos, vivemos e não podemos negar.
Esses são momentos de desespero. Com tanto em jogo, só temos uma opção: a humanidade. É hora de estarmos juntos e revertermos a tendência crescente das necessidades humanas. É hora de criar objetivos claros e viáveis de mudança, a serem aplicados nos próximos três anos, baseados em nossa humanidade em comum, o valor que une todos nós.
A CHM é o resultado de três anos de consultas com mais de 23 mil pessoas em 153 países. Por este motivo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, convocou os governantes do planeta para a primeira Cúpula Humanitária Mundial (CHM), nos dias 23 e 24 deste mês, em Istambul, na Turquia, para acordar medidas que traçarão um mapa do caminho para a mudança real.
Baseado no processo de consultas, o secretário-geral apresentou à CHM seu informe Uma Humanidade, Responsabilidade Compartilhada, que esboça uma visão clara para que os mandatários tomem medidas rápidas e coletivas para reforçar a coordenação da ajuda humanitária.
O informe, conhecido acertadamente como Agenda Para a Humanidade, propõe mudanças inovadoras no sistema humanitário, que ajudarão a reduzir o sofrimento, o risco e a vulnerabilidade do planeta.
A Agenda também está vinculada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que traçam metas específicas para o futuro e a saúde do nosso mundo. Imaginemos o fim da pobreza, da desigualdade e da guerra civil até 2030. É possível? Sim, sem dúvidas. Ban Ki-moon pediu que haja avanços mensuráveis nos três anos posteriores à CHM.
A Cúpula não será o ponto final, mas o pontapé inicial para fazer uma verdadeira diferença nas vidas de milhões de mulheres, homens e crianças. É uma oportunidade sem precedentes para que os líderes do planeta mobilizem a vontade política para abordar alguns dos problemas mais angustiantes de nosso tempo.
A Agenda especifica cinco responsabilidades que a comunidade internacional deve assumir se esperamos acabar com nossas crises humanitárias compartilhadas. Uma vez aplicadas, a mudança será inevitável.
É necessário que os doadores sejam mais flexíveis na forma como financiam as crises e que as agências de ajuda sejam o mais eficientes e transparentes possíveis quanto ao gasto do dinheiro.
Nosso mundo está em um ponto de inflexão. A CHM e sua Agenda Para a Humanidade são hoje mais necessárias do que nunca. Nós, como cidadãos do mundo, devemos exortar nossos líderes a se reunirem na Cúpula e se comprometerem com as medidas necessárias para reduzir o sofrimento humano. A humanidade deve ser a opção suprema.
Imagem: Hervé Verhoosel / Acervo pessoal.
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A humanidade deve ser a opção suprema - Instituto Humanitas Unisinos - IHU