20 Agosto 2015
Maria das Dores dos Santos Salvador, de 52 anos, conhecida como Dora, foi sequestrada na última quarta-feira, 12 de agosto, em sua casa na comunidade de Portelinha, no município de Iranduba, a 27 quilômetros de Manaus (AM). Seu corpo foi encontrado no dia seguinte, com marcas de brutal violência e 12 tiros, segundo informações da Polícia Civil do estado.
A reportagem foi publicada pelo Greenpeace Brasil, 17-08-2015.
Liderança rural, Dora denunciava a venda ilegal de terras na comunidade em que vivia e lutava pelo direito à terra, à moradia de qualidade, segurança, saúde e educação. Conforme as denúncias de Dora e dos moradores da região, a comercialização ilegal de lotes na comunidade era realizada por Adson Dias Silva, conhecido como “Pinguelão”, apontado como o principal suspeito de ser mandante do crime. De acordo com o jornal A Crítica, de Manaus, ele foi preso na última segunda-feira, dia 17, e estaria detido na delegacia de Manacapuru, município vizinho a Iranduba.
Gerson Priante, marido de Dora, que também foi agredido, disse à Comissão Pastoral da Terra (CPT) que ela convivia com ameaças há 4 anos e já havia registrado mais de 20 boletins de ocorrência na Delegacia de Iranduba contra Adson Silva. Há cerca de dois anos, ela denunciou uma agressão que havia sofrido à Secretaria de Segurança Pública do estado. Mais recentemente, em junho, também expôs a violência que vinha sofrendo na Assembleia Legislativa do Amazonas. Tudo sem resultados, já que ela não recebeu nenhuma proteção.
“Tudo que você pode imaginar de denúncias foi feito. Ela era uma líder e foi uma grande perda. Queremos que a justiça seja feita e que essa morte não seja em vão”, disse uma pessoa que conhecia Dora, mas não quis se identificar por questões de segurança.
Ainda segundo reportagem do jornal A Crítica, de Manaus, o secretário estadual de segurança pública do Amazonas, Sérgio Fontes, informou que a polícia não descarta a participação de Pinguelão no crime. Há sinais da participação dele também com o tráfico de drogas: de acordo com declarações das autoridades, em julho, uma operação da Polícia de Iranduba, em conjunto com um braço da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, realizada na comunidade de Portelinha, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão contra o suspeito e apontou seu envolvimento com venda ilegal de terras, tráfico de drogas, ameaças e porte ilegal de armas de fogo.
“Estamos contando com o apoio, solidariedade e pressão de amigos e movimentos sociais para que este momento não fique só no choro, lamento e emoção. Queremos justiça”, afirmou Gerson Priante, o marido de Dora, em entrevista ao jornal A Crítica. Uma homenagem está sendo organizada pelos movimentos sociais da região nessa terça-feira, dia 18, em razão da missa de sétimo dia.
Segundo dados da CPT, até julho de 2015 já foram registrados 23 assassinatos em conflitos no campo no Brasil, sendo 22 deles na Amazônia.
O crime ocorre 32 anos depois do assassinato da líder camponesa Margarida Maria Alves, em 12 de agosto de 1983, símbolo da Marcha das Margaridas, que reuniu milhares de trabalhadoras na semana passada, em Brasília, para lembrar o Dia Nacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras Rurais contra a Violência no Campo e por Reforma Agrária.
Pressione as autoridades para que haja Justiça! Envie um e-mail à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) para exigir que a morte de Dora não fique impune: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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Dora, mais uma morte anunciada na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU