13 Janeiro 2015
“Não se esqueçam que estamos aqui, que nós também estamos sofrendo, que centenas de pessoas estão sendo mortas, existem milhares de desabrigados que não tem um local para viver. Precisamos de ajuda e de um suporte concreto para colocar fim nestes ataques”.
Esse é o pedido feito através do AsiaNews pelo monsenhor Ignatious Kaigama, arcebispo de Jos, na Nigéria, nação da África central ensanguentada pela violência de matriz islâmica do grupo Boko Haram. Somente nos últimos dias pelo menos 20 pessoas foram mortas por três jovens kamikazes em Maiduguri e Potiskum; meninas de aproximadamente 10 anos ou pouco mais, usados pelos terroristas como (inconscientes) bombas humanas. O religioso adverte a comunidade internacional, frisando que é preciso uma maior determinação para parar o avanço do movimento no País; é preciso também a mesma iniciativa de unidade e coragem mostrados depois dos ataques dos últimos dias na França.
A informação é da agência AsiaNews, 12-01-2015. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
O exército nigeriano pediu a intervenção da comunidade internacional contra Boko Haram, para evitar mais carnificina como a ocorrida no último 03 de janeiro na cidade de Baqa, no nordeste do país. Os islâmicos atacaram a pequena cidade do estado de Borno, causando centenas de mortes e dezenas de milhares de desabrigados; o balanço é ainda provisório mas existem mais de 2 mil vítimas. Para o porta-voz do Ministério da Defesa “Boko Haram representa o mal que devemos eliminar todos juntos”. O transtorno expresso também pelo secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, que condena “os atos depravados dos terroristas do Boko Haram”.
Para o arcebispo de Jos é necessário “maior atenção” às violências que se repetem com “crescente” frequência no país africano, que corre o risco de seguir para o caos. “Não se esqueçam que estamos aqui, que estamos sofrendo” acrescenta Dom Kaigama, “que muitas pessoas foram mortas, existem muitos desabrigados que precisam de ajuda”. Para o arcebispo, Boko Haram está em crescimento: “Capturam governantes locais, centralizando objetivos fixados, possuem armas cada vez mais sofisticadas. Adotaram estratégias diferentes, atacam também as pessoas comuns” e para fazê-lo usam até mesmo adolescentes e crianças.
O bispo Kaigama explica que “os muçulmanos na Nigéria não suportam e não encorajam esse tipo de violência”; mesmo os Imam intervieram em várias ocasiões para condenar estes ataques, esses “falam de maneira sempre forte e clara contra o Boko Haram, mas é preciso uma maior determinação contra o terrorismo”.
O arcebispo lembra que “não é um problema, um confronto entre cristãos e muçulmanos”; estamos na presença, acrescenta, “de um grupo islâmico terrorista, que ataca qualquer um que se contraponha nos seus alvos e não mostre total colaboração”. “Os ataques estão cada vez mais numerosos – conclui – e por isso deve ser melhorada a segurança, esperamos que governos e responsáveis pela comunidade internacional possam fazer algo para colocar fim à violência”.
Em outubro as autoridades da Nigéria anunciaram o alcance de um possível cessar fogo com os terroristas do Boko Haram, ligado a liberdade de duzentas estudantes raptadas em Chibok, no Borno, em abril de 2014. A trégua serviria também para consentir o envolvimento regular das próximas eleições presidenciais e legislativas, programadas para fevereiro próximo. Todavia, o possível acordo foi desmentido num segundo momento pelo pretenso líder do movimento islâmico Abubakar Shekau, e as violências prosseguem sem cessar.
Fundado em 2002, o movimento extremista em um primeiro momento focalizou a própria batalha contra a educação de matriz ocidental; de fato Boko Haram em língua Hausa significa “A instrução ocidental é proibida”. A partir de 2009 desfere ataques e promove ações militares com o propósito de criar um Estado Islâmico. Isso já causou milhares de vítimas, em particular no nordeste da Nigéria, colocando no alvo a polícia e o distrito geral da ONU na capital Abuja. Pelo menos três milhões de pessoas foram atingidas por algum tipo de violência islâmica.
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"Não esqueçam que também nós sofremos", pede arcebispo nigeriano após o massacre de Baga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU