17 Dezembro 2013
Várias manifestações de solidariedade ao bispo diocesano, dom Fernando Panico, estão sendo manifestadas por meio de cartas pessoais e em nome de instituições, a exemplo de bispos do Ceará e de outras partes do Brasil.
Na quarta-feira, dia 25 de setembro, na hora da Graça, no Santuário de São Francisco, em Juazeiro do Norte, os membros da Pastoral Diocesana de Romarias, e uma multidão que assistia à celebração, ouviram a leitura de uma nota, enviada a todos os bispos do Brasil, à CNBB e ao Vaticano.
No teor do documento, são abordas as incompreensões e também até injustiças que foram vividas pelo bispo, e também o próprio sofrimento que o Padre Cícero foi vítima, destacando trechos de falas do "Padim", como: "Propagaram contra mim tanta calúnia e inverdades que nem sequer pensei que fossem capazes de produzir tantas" e "Estamos certos que só a providência Divina nos dará remédio".
Os integrantes da Pastoral Diocesana de Romarias estiveram reunidos no último dia 20, na Casa Paroquial da Basílica de Nossa Senhora das Dores, quando foi elaborada a Carta de Solidariedade, como forma apoio. A carta enfatiza também além da forma solidária manifestada, o reconhecimento ao bispo.
"É consenso entre nós que estamos incondicionalmente ao seu lado testemunhando nossa confiança em seu pastoreio, na direção legítima que pretendeu imprimir a esta Igreja Particular da Diocese do Crato - igreja romeira e missionária - desde quando aqui chegou; é também consenso entre nós que a sua dor dói em todos nós porque é a dor de uma Igreja ferida, é a dor da nossa Mãe, é a dor do nosso Pastor e que nos faz sair das nossas dores pessoais para sentire cum ecclesia e assumirmos, também nós, o desafio de, de mãos dadas, continuar a anunciar o Ressuscitado no coração de Quem está todo amor e toda justiça. Por Ele, por Ela e com o senhor, Dom Fernando, somos solidários e temos confiança que o julgamento da História, mais uma vez coincidirá com a Justiça de Deus", relata o trecho inicial.
O reconhecimento é dado principalmente à contribuição do bispo, com o acolhimento da devoção ao Padre Cícero e das romarias. "Reconhecemos no senhor, Dom Fernando, aquele que possibilitou um novo olhar a esta realidade de fé transformando-o em um olhar mais do que compreensivo, num olhar que nos faz sempre e cada vez mais convertidos pela fé romeira", enfatiza o documento.
Há um destaque para a grande tarefa do bispo, recomendada pela Santa Sé, de abrir os arquivos da Cúria do Crato para fazer novos estudos sobre a "Questão religiosa de Juazeiro". "Foi assim que decidiu constituir uma Comissão de Estudos e junto com o Setor Cultura da CNBB convidou pesquisadores de Universidades todo Brasil para ajudá-lo, com subsídios, com estudos mais aprofundados graças aos novos documentos (des)arquivados da Cúria e que lançaram novas luzes sobre o assunto, a saber se era legitimo ou não pedir à Santa Sé a reabilitação histórico-eclesial do Pe. Cícero". Segundo a carta, o bispo do Crato tinha a preocupação pastoral de fazer justiça aos romeiros.
"Foram anos de trabalhos até que a Comissão chegasse à decisão irrevogável de aconselhá-lo a fazer e entregar a petição ao Papa, o que se deu em 2006, com a anuência de 254 Bispos do Brasil, transformando assim - em 5 anos - um culto que era desprezado no restante do Brasil, em uma luta conjunta do Episcopado brasileiro para a reabilitação do Pe. Cícero", pondera também o documento de apoio.
Foi a partir da vinda de dom Panico, segundo a carta, que pela primeira vez na história, a Igreja Católica oficial e publicamente reconhece Padre Cícero e seus devotos romeiros e romeiras como portadores de fé legítima e não mais como fanáticos e heréticos. Também foi criada a Pastoral Diocesana de Romarias para garantir centralidade da pastoral na nação romeira, reconhecendo validade e importância do que já vinha sendo realizado há mais de 40 anos de forma quase solitária pelo monsenhor Murilo de Sá Barreto.
A carta foi assinada pelos membros da Pastoral: irmã Annette Dumoulin, pároco da Basílica de N. Sra. das Dores, Joaquim Cláudio, frei Raimundo Babosa Filho, pesquisadora Maria do Carmo Pagan, Océlio Teixeira de Sousa, padres Aureliano de Sousa Gondim, José Pereira Lima Filho e Francisco Edvaldo Marques, além de Erivânia da Silva Cruz, José Carlos dos Santos, Maria AdeleniMilfont e diácono Lula Araújo.
Eis a íntegra da nota de solidariedade.
"Dom Fernando, nosso querido Bispo da Diocese de Crato,
Tudo posso naquele que me fortalece (Fl 4,13)
Nós da Pastoral Diocesana de Romarias, reunidos no último dia 20 de setembro, na Casa Paroquial da Basílica de Nossa Senhora das Dores, aprovamos a elaboração da presente Carta de Solidariedade, como forma de expressar ao senhor nosso irrestrito e incondicional apoio.
Queremos nos fazer presentes diante e ao pé da sua cruz com duas atitudes: solidariedade e reconhecimento.
É consenso entre nós que estamos incondicionalmente ao seu lado testemunhando nossa confiança em seu pastoreio, na direção legítima que pretendeu imprimir a esta Igreja Particular da Diocese do Crato – igreja romeira e missionária – desde quando aqui chegou; é também consenso entre nós que a sua dor dói em todos nós porque é a dor de uma Igreja ferida, é a dor da nossa Mãe, é a dor do nosso Pastor e que nos faz sair das nossas dores pessoais para sentire cum ecclesia e assumirmos, também nós, o desafio de, de mãos dadas, continuar a anunciar o Ressuscitado no coração de Quem está todo amor e toda justiça. Por Ele, por Ela e com o senhor, Dom Fernando, somos solidários e temos confiança que o julgamento da História, mais uma vez coincidirá com a Justiça de Deus.
Queremos também, neste momento difícil, relembrar a grande alegria que há doze anos preenche o coração de cada um de nós, romeiros e romeiras do Padre Cícero, por nos vermos reconhecidos em nossa fé romeira pelo Pastor da Igreja Católica. Queremos agradecer-lhe toda coragem, todo empenho, todo desprendimento com que se entrega à árdua tarefa de conduzir esta Igreja particular ao acolhimento da devoção ao Padre Cícero e das romarias. Reconhecemos no senhor, Dom Fernando, aquele que possibilitou um novo olhar a esta realidade de fé transformando-o em um olhar mais do que compreensivo, num olhar que nos faz sempre e cada vez mais convertidos pela fé romeira.
Nós nos lembramos que, quando o senhor chegou e se encantou com as romarias, visitou, conversou, escutou cada um e cada uma daquelas que, de alguma forma estavam ligadas a essa realidade tão especial do Juazeiro. Membros do clero, religiosas, leigos e leigas do Crato ou de Juazeiro, de Barbalha e de todo o Cariri. Todos, sem exceção e sem partidarismo, foram ouvidos. Afinal, o senhor tinha a grande tarefa, recomendada pela Santa Sé, de abrir os arquivos da Cúria do Crato para fazer novos estudos sobre a “Questão religiosa de Juazeiro”.
Foi assim que decidiu constituir uma Comissão de Estudos e junto com o Setor Cultura da CNBB convidou pesquisadores de Universidades todo Brasil para ajudá-lo, com subsídios, com estudos mais aprofundados graças aos novos documentos (des)arquivados da Cúria e que lançaram novas luzes sobre o assunto, a saber se era legitimo ou não pedir à Santa Sé a reabilitação histórico-eclesial do Pe. Cícero, pois, como Bispo do Crato, tinha uma única e grande preocupação pastoral: fazer justiça aos romeiros. Foram anos de trabalhos até que a Comissão chegasse à decisão irrevogável de aconselhá-lo a fazer e entregar a petição ao Papa, o que se deu em 2006, com a anuência de 254 Bispos do Brasil, transformando assim – em 5 anos – um culto que era desprezado no restante do Brasil, em uma luta conjunta do Episcopado brasileiro para a reabilitação do Pe. Cícero.
Nesse tempo, quanto carinho, quanta dedicação, quantos “viva o Pe. Cícero”, que nunca tínhamos ouvido da boca de um Bispo da Diocese de Crato, quantas horas no confessionário atendendo os romeiros, quantas lindas celebrações, repletas de reconhecimento à fé romeira como protagonista da história de Juazeiro, o senhor celebrou e celebra e que nos enche o coração de alegria. Pela primeira vez na História, a Igreja Católica oficial e publicamente reconhece Pe. Cícero e seus devotos romeiros e romeiras como portadores de fé legítima e não mais como fanáticos e heréticos.
Ao lado disso, guiado pela sua grande preocupação pastoral com todos e todas que fazem com que a romaria aconteça, seja os de fora, seja os de dentro, criou a Pastoral Diocesana de Romarias a fim de garantir a centralidade da pastoral na nação romeira, reconhecendo a validade e a importância do que já vinha sendo feito há mais de 40 anos de forma quase solitária pelo nosso inesquecível Mons. Murilo de Sá Barreto, as religiosas Irmãs de Nossa Senhora e os/as leigos/as que dedicaram a vida à causa do Pe. Cícero, da Mãe das Dores e seus romeiros.
E ainda – e a História registra – a sua decisão, que é um divisor de águas na vida pastoral da Diocese e da Igreja no Brasil, de devolver a verdadeira história de Juazeiro a seu povo, sem mais tergiversar, sem mentiras, sem falsas interpretações, sem distorções ideológicas da realidade, fazendo publicar os documentos arquivados na Cúria que ficaram assim por mais de 100 anos e escondiam a verdade.
Muito mais o senhor fez pela pastoral em Juazeiro e seria longo detalhar aqui, mas tudo o que o senhor fez talvez possa ser resumido numa única frase: O Bispo do Crato, Dom Fernando Panico, DEVOLVEU A DIGNIDADE à religiosidade dos romeiros e romeiras e à de todo povo de Juazeiro do Norte, terra da Mãe de Deus, e a dos nordestinos, devotos ou não do Pe. Cícero. Nada supera isso e por isso também, nossa eterna gratidão.
Quem sabe, Dom Fernando, o Pe. Cícero que também sofreu, como está acontecendo com o senhor, tantas incompreensões e injustiças, possa consolá-lo, retribuindo o muito que o senhor fez por ele e por seus “amiguinhos”, com seus conselhos.
Dizia nosso Padrinho Padre Cícero:
- Deus é dono de todas as coisas e dirige o homem por caminhos que Ele sabe.
- Deus nunca deixou trabalho sem recompensa, nem lágrimas sem consolação.
- Sou padecente e resignado com toda ingratidão.
- Propagaram contra mim tanta calúnia e inverdades que nem sequer pensei que fossem capazes de produzir tantas.
- Estamos certos de que só a Providência Divina nos dará remédio.
Padre Cícero, com a Mãe das Dores, saberão confortá-lo e dar-lhe forças para, junto conosco, esta parcela do povo de Deus que lhe é fiel, continuar a nos conduzir para a centralidade de Jesus Cristo.
“Fica conosco, Senhor!” (Lc 24,29) “Senhor, para quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)
Juazeiro do Norte, 23 de Setembro de 2013.
Pastoral Diocesana de Romarias
Ir. Annette Dumoulin (Coordenadora)
Pe. Joaquim Cláudio de Freitas
Pe. Aureliano de Sousa Gondim
Pe. José Pereira Lima Filho
Maria do Carmo Forti
Erivânia da Silva Cruz
José Carlos dos Santos
Frei Raimundo Barbosa Filho
Océlio Teixeira de Souza
Maria Adeleni Milfont
Pe. Francisco Edvaldo Marques
Diácono Lula Araújo
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Católicos de Juazeiro do Norte, Ceará, se solidarizam com o bispo de Crato - Instituto Humanitas Unisinos - IHU