Por: André | 12 Novembro 2012
Bento XVI teria perdoado o seu mordomo Paolo Gabriele, condenado com sentença definitiva pelo roubo de documentos reservados dos aposentos papais que acabaram nas páginas do livro do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi. A informação é de Antonio Socci, jornalista e escritor, e publicada no jornal Libero.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 08-11-2012. A tradução é do Cepat.
Após ter recordado a carta de desculpas que o ex-mordomo enviou a Ratzinger mediante os três cardeais encarregados da investigação sobre os Vatileaks, Socci escreve: “Quando o secretário da comissão cardinalícia, o padre Martiniani, entregou ao Papa a carta autógrafa de Gabriele, na qual se dizia estar consciente de tê-lo ofendido e de ter defraudado sua confiança, pelo que lhe pedia perdão, Bento XVI respondeu enviando a Gabriele um livro dos salmos (que aparecia citado na carta). O livro, autografado pelo Papa com sua bênção apostólica dirigida pessoalmente a Gabriele e o selo da secretaria particular do Pontífice, foi levado diretamente de Castel Gandolfo, onde o Papa se encontrava durante esses dias, entrega nas mãos de Gabriele (o Pontífice preocupou-se, além disso, com a situação da família)”.
“Tudo isto – continua o autor do artigo – era a premissa para a graça que se esperava depois do veredicto”. Segundo Socci, o gesto de enviar o livro autografado deve ser interpretado como um sinal concreto do perdão papal. Enquanto o atraso da concessão da graça, que muitos esperavam para depois da sentença definitiva, se deveria – segundo o jornalista do Libero – mais a uma vontade da Secretaria de Estado que ao próprio Pontífice, posto que Gabriele não pediu perdão às demais pessoas atingidas pela divulgação dos documentos, em particular o primeiro colaborador de Ratzinger, o cardeal Tarcisio Bertone”.
Socci destaca a dureza do comunicado divulgado pela Secretaria de Estado no dia 25 de outubro passado, dia em que Paolo Gabriele voltou à cela da prisão vaticana depois que a sentença de condenação a um ano e meio de reclusão fora pronunciada. E espera que ao final prevaleçam “a bondade e a sabedoria do Santo Padre”. “Seria – conclui – um exemplo para o mundo. O Padre Pio sempre dizia: ‘Deus quer que a nossa miséria seja o trono de Sua misericórdia’”.
De qualquer maneira, é difícil imaginar que o comunicado de 25 de outubro não tenha recebido a aprovação de Bento XVI, assim como supor que a ausência (até agora) do anúncio da graça não dependa da vontade do Papa em primeiro lugar, dado que compete não apenas ao Pontífice e à sua soberana decisão a eventual concessão do perdão.