“No Vaticano há vontade de limpeza”, afirma Nuzzi

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Por: André | 25 Mai 2012

O vazamento de cerca de 100 cartas e documentos confidenciais dirigidos ao Papa Bento XVI sobre temas candentes internos demonstra a “vontade de limpeza” dentro do Vaticano, segundo Gianluigi Nuzzi, autor do livro Sua Santidade. As cartas secretas de Bento XVI.

A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 24-05-2012. A tradução é do Cepat.

Para Nuzzi, que teve acesso a cerca de 100 cartas confidenciais e documentos reservados dirigidos ao Papa, o que suscitou irritação e desconcerto no Vaticano, “emergem os enfrentamentos secretos e as armadilhas em todos os níveis” que se espalham pelos palácios apostólicos.

“Há vontade de limpeza”, garante Nuzzi. “São pessoas que vivem há anos no Vaticano e que querem expulsar os mercadores do templo”, afirmou nesta quarta-feira durante uma coletiva de imprensa realizada na sede da associação de correspondentes estrangeiros.

“Todos confiam no Santo Padre” e sofrem por ter “violado a obrigação de manter o segredo”, sustenta.

O autor do mais comprometedor vazamento de documentos na história recente do Vaticano, que por isso anunciou ações legais contra o que qualificou de crime, garantiu que “não pagou nada a ninguém” para obter essas cartas.

O jornalista admitiu que “teve medo” enquanto escrevia e está convencido de que um livro como esse “não se teria podido publicar há 20 anos”, disse.

“Não é um livro contra a Igreja, nem contra a fé, nem contra o Santo Padre”, precisou Nuzzi, autor também de Vaticano SA (Vaticano Sociedade Anônima), sobre as finanças da Santa Sé, traduzido para vários idiomas.

O livro descreve as manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados ao Papa sobre políticos italianos, como Silvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.

O livro publica documentos surpreendentes, como um apontamento escrito a mão em italiano e alemão, com data de 10 de outubro de 2011 e selo da secretaria privada do Papa, referente a um encontro com o sacerdote Rafael Moreno, que foi durante 18 anos secretário particular de Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, afastado da Igreja em 2006 por ordem de Bento XVI por abuso de menores e manter uma vida dupla com esposa e filhos.

No encontro, Moreno lhe contou que “já em 2003” quis informar sobre o caso o Vaticano, mas que “não foi escutado e não lhe deram crédito”, segundo o apontamento.

O jornalista teve acesso a esses escritos, possivelmente através de funcionários da Secretaria de Estado, já que alguns têm o selo “Reservado” ou foram elaborados pela própria secretaria.

Durante a apresentação do livro, o teólogo progressista Vito Mancuso estimou que “não há dúvidas” de que estes vazamentos têm como objetivo desqualificar o número dois da Santa Sé, o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone.

“Estes documentos são balas contra Bertone, querem afundá-lo, querem um pedido de renúncia”, defende Mancuso, teoria à qual Nuzzi não adere.

O jornalista destacou que não mantém mais contatos com seus informantes e descartou a ideia de que seu trabalho pode ser comparado ao do escândalo, em 2010, do Wikileaks, quando foram divulgados pela internet documentos secretos do Departamento de Estado norte-americano.

“Nesse caso se violou a segurança de um país, aqui se trata de uma investigação, de um trabalho de documentação”, sustenta.