05 Novembro 2012
"Há um consenso entre os analistas nessa eleição: o anseio de mudança", constata Lara Mesquita, doutoranda de Ciência Política no Iesp/Uerj e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole/Cebrap, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 05-11-2012.
Segundo ela, "Curitiba e São Paulo exemplificam o que os dados mostram: os eleitores não estão dispostos a arriscar muito. Nestas cidades eles preferiram não entregar a prefeitura a candidatos que não tinham por trás de si uma máquina partidária já estabelecida, garantia do suporte necessário a uma gestão bem-sucedida".
Eis o artigo.
A divulgação dos resultados finais das eleições deste ano inaugurou a temporada de busca por novas tendências do eleitorado e da identificação de ganhadores e de perdedores.
A depender dos dados analisados -o tamanho do orçamento ou do eleitorado, o número de votos recebidos ou de cidades em que cada partido ganhou, a quantidade de capitais, de cidades em regiões metropolitanas ou das cidades com possibilidade de dois turnos-, essas avaliações variam.
Todavia, há um consenso entre os analistas nessa eleição: o anseio de mudança. Os eleitores, cansados das tradicionais forças políticas, estariam em busca de novas opções. Mas o quanto o eleitor está disposto a arriscar em troca da novidade?
Curitiba e São Paulo exemplificam o que os dados mostram: os eleitores não estão dispostos a arriscar muito. Nestas cidades eles preferiram não entregar a prefeitura a candidatos que não tinham por trás de si uma máquina partidária já estabelecida, garantia do suporte necessário a uma gestão bem-sucedida.
Isso é verdade para ao menos 75% das 85 maiores cidades brasileiras - as 26 capitais e as demais cidades com possibilidade de segundo turno. Acompanhando os partidos que governam essas cidades desde 1996 constatamos que são os mesmos sete grandes partidos que se alternam entre os sete que mais elegem prefeitos. E 75% é o patamar mínimo por eles alcançado nesse período. Não por acaso eles são PMDB, PT, PSDB, DEM, PSB, PP,PDT.
Qualquer que seja a esfera de disputa ou de atuação que se olhe, lá estarão eles dentre os principais. E, se restringirmos essa análise às capitais, os números são ainda maiores: no mesmo período nunca elegeram menos de 84% dos prefeitos. Há pouco espaço para variação.
O recado das urnas é que os eleitores optaram por alternativas à gestão atual, mas fazendo escolhas seguras, elegendo representantes de partidos grandes, capazes de prover o suporte necessário ao novo prefeito. Foi assim em Salvador; Fortaleza; João Pessoa; São José dos Campos, no interior paulista; Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte; Campina Grande, na Paraíba, e em tantas outras cidades.
Os novos prefeitos, eleitos por um partido dentre os mais significativos, sucederão prefeitos eleitos em 2008 por esse mesmo grupo de partidos.
O fenômeno verificado nessa eleição foi a alternância de poder, uma característica fundamental e definidora do que é uma democracia.
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Recado das urnas é que eleitores optaram por mudanças, mas sem arriscar muito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU