04 Janeiro 2012
O consistório está previsto para o dia 19 de fevereiro. Com sete novos purpurados na Cúria. E depois em Berlim, Toronto, Utrecht, Hong Kong, Praga, Nova York, Líbano, Índia... Em um conclave posterior, os eleitores nomeados por Bento XVI terão a maioria.
A reportagem é de Sandro Magister, publicada em seu sítio, Chiesa, 28-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em 2012, "se Deus quiser", está previsto o quarto consistório de Bento XVI, com a criação de novos cardeais. E graças a essas novas entradas, o número dos purpurados votantes de nomeação ratzingeriana superará pela primeira vez os de nomeação wojtyliana no colégio dos eleitores do papa.
A data mais provável do novo consistório será o fim de semana que precede o dia 22 de fevereiro, festa litúrgica da Cátedra de São Pedro: festa tradicionalmente associada aos consistórios, mas que em 2012 não será utilizável, porque coincide com a Quarta-feira de Cinzas.
Em todos os três consistórios anteriores de Bento XVI – realizados nos dias 24 de março de 2006, 24 de novembro de 2007 e 20 de novembro de 2010 –, o anúncio oficial foi feito cerca de um mês antes e sempre no fim de uma audiência geral da quarta-feira: respectivamente nos dias 22 de fevereiro, 17 de outubro e 20 de outubro desses anos. Se essa temporalidade se mantiver desta vez, pode-se supor que os nomes dos novos cardeais a serem criado no dia 19 de fevereiro poderiam ser divulgados no fim da audiência da quarta-feira 18 de janeiro.
Até agora, Bento XVI criou 62 cardeais, 12 dos quais, no momento de receber a púrpura, já tinham superado os 80 anos. Atualmente, 57 deles estão vivos, e 46 têm direito a voto, sendo que passarão para 45 no próximo dia 13 de janeiro, quando o chinês Joseph Zen superará a idade que permite que um cardeal participe de um conclave.
Com base nas normas estabelecidas por Paulo VI em 1973 e confirmadas por João Paulo II, o número máximo dos cardeais eleitores – ou seja, aqueles que, segundo o que foi estabelecido em 1970 com o motu proprio Ingravescentem aetatem, tendo menos de 80 anos, têm o direito de participar de um eventual conclave – está fixado em 120.
Atualmente, os cardeais são 192. Os que têm menos de 80 anos chegam a 109, e cairão para 107 no dia 19 de fevereiro (além de Zen, o português José Saraiva Martins completará 80 anos de idade no dia 6 de janeiro). Isso significa que, no próximo consistório, os novos purpurados serão pelo menos 13, mas mais provavelmente 15 ou mais, visto que, nos meses seguintes de 2012, outros 11 purpurados irão completar 80 anos.
Bento XVI até agora superou o teto dos 120 em uma única unidade (aconteceu em 2007 e em 2010). Desta vez, portanto, as nomeações a mais poderiam ser ligeiramente mais numerosas, mas ainda muito inferiores às que ocorreram com João Paulo II quando se chegou – depois dos consistórios de 2001 e de 2003 – ao número recorde de 135 cardeais eleitores.
As possíveis listas
No Palácio Apostólico, já começaram a circular as listas dos novos cardeais, mas a definitiva será estabelecida, como sempre, apenas pouquíssimos dias antes do anúncio.
No consistório de 2010, metade dos postos cardinalícios foi conferida aos dirigentes da Cúria e de outros escritórios eclesiásticos romanos que preveem um purpurado no cargo. Para 2012, as nomeações esperadas referem-se aos italianos Fernando Filoni (prefeito da Propaganda Fide), Domenico Calcagno (presidente da APSA [Administração do Patrimônio da Santa Sé]), Giuseppe Versaldi (presidente da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé) e Giuseppe Bertello (presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano), o brasileiro João Braz de Aviz (prefeito da Congregação para os Religiosos), o norte-americano Edwin F. O'Brien (pró-grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro) e o espanhol Santos Abril y Castello (arcipreste da basílica papal de Santa Maria Maior). A estes poderiam ser acrescentados Francesco Coccopalmerio (presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos) e/ou Rino Fisichella (presidente do recém-nascido Conselho para a Nova Evangelização).
No que se refere às dioceses tradicionalmente lideradas por um cardeal, parece que será respeitada a prática que prevê que não se crie um purpurado onde está presente um cardeal emérito que ainda não superou os 80 anos. Uma exceção, se houver, poderia ser feita para Timothy Dolan, de Nova York, e para o dominicano Dominik Duka, de Praga, cujos eméritos completarão 80 anos, respectivamente, nos dias 2 de abril e 17 de maio próximos.
Na lista, deveriam entrar os novos arcebispos de Berlim (Rainer Maria Woelki), de Toronto (Thomas C. Collins) e de Utrecht (Willem J. Eijk), o bispo de Hong Kong (John Tong), além do novo patriarca maronita do Líbano, Bechara Rai, e do novo arcebispo maior dos siro-malabareses da Índia, George Alencherry.
É mais complexa a questão das sedes episcopais cujo cardeal emérito não se aposentou, mas foi chamado para um outro cargo na Cúria Romana. É o caso de Florença, de Toledo e do Quebec, cujos "arcebispos eméritos" (assim definidos no Anuário Pontifício), são agora, respectivamente, presidente do Conselho Pontifício para a Família (Ennio Antonelli), prefeito da Congregação para o Culto Divino (Antonio Cañizares) e prefeito do dicastério para os bispos (Marc Ouellet). Em 2010, a prática de excluir a presença em uma mesma sede de dois cardeais votantes também foi rigorosamente aplicada em casos semelhantes. Para 2012, ainda não teria sido tomada uma decisão definitiva, embora pareça prevalecer a ideia de confirmar essa aplicação rígida.
Deverão esperar um outro turno os arcebispos de Los Angeles, Filadélfia, Westminster, Malines-Bruxelas, Turim, Sevilha, Rio de Janeiro, São Salvador da Bahia, Santiago do Chile, Bogotá, Quito, Jacarta e Manila.
Além dos nomes pré-escolhidos, a verdade é que, ao longo de 2012 – com o novo consistório e com os 13 cardeais que superarão os 80 anos, apenas dois dos quais foram criados durante o atual pontificado (Zen e o filipino Gaudencio Rosales) – o colégio dos eleitores do papa será pela primeira vez composto por purpurados criados majoritariamente por Bento XVI.
Naturalmente, o Papa Ratzinger também poderá criar no dia 19 de fevereiro um ou mais cardeais ad honorem, isto é, que já tenham superado os 80 anos.
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Os próximos cardeais, nome por nome - Instituto Humanitas Unisinos - IHU