22 Agosto 2011
"Deixo a Espanha contente". Um triunfo, em termos concretos de consenso e até mesmo de números, inesperado até para o papa. Os dois milhões de jovens que se reuniram no sábado à noite no aeródromo Cuatro Vientos de Madri e os milhares que se juntaram ainda durante a missa da manhã de ontem, pulverizaram qualquer recorde de presença em um evento na Espanha e no pontificado de Bento XVI. E as imagens divulgadas em todo o mundo por TVs e jornais, por si sós, demonstraram um entusiasmo dificilmente comparável.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 22-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É por isso que Joseph Ratzinger foi embora de madrugada da Espanha compreensivelmente cansado pelos quatro dias muito intensos da Jornada Mundial da Juventude – marcando, porém, o próximo encontro com os jovens em 2013, no Rio de Janeiro –, mas feliz pelo espetacular resultado obtido.
"A Igreja não é uma simples instituição humana como qualquer outra – disse em sua homilia, quase explicando o enorme sucesso registrado pela sua etapa madrilenha –, mas está estreitamente unida a Deus. O próprio Cristo se refere a ela como a `sua` Igreja. Não é possível separar Cristo da Igreja, assim como não se pode separar a cabeça do corpo".
A massa de jovens que vieram dos cinco continentes e de 193 países, apesar do calor, primeiro, e depois da tempestade, e por isso da falta de água e depois de uma noite quase insone, acolheram Bento XVI com alegria e paixão novamente na manhã de ontem no imenso campo ao redor da base aérea. Os peregrinos já tinham assistido, na noite anterior, à vigília de oração presidida pelo pontífice.
Uma cerimônia interrompida depois que os hidrantes dos bombeiros dispararam jatos de água sobre as cabeças de todos, por causa de um repentino e surpreendente tempestade, que, no fim, acabou forçando Bento XVI a suspender a leitura feita sob guarda-chuvas que se despedaçavam pelo vento e a se abrigar por alguns minutos atrás do palco, vestindo uma capa com capuz e fechada na frente com um fecho.
Para muitos, a noite transcorreu entre danças e cantos, tentando também, enfim, descansar um pouco antes do retorno do papa. "Espero que vocês tenham conseguido dormir – disse-lhes Ratzinger, aparecendo novamente na manhã atrás do altar – e que também tenham podido rezar. Tenho certeza que vocês acordaram elevando mais de uma vez os olhos para o céu. Não só os olhos, mas também o coração".
Quem o recebeu foi também o rei Juan Carlos de Bourbon e a rainha Sofia da Espanha. A única surpresa desagradável, além dos sete feridos devido a uma torre que caiu por causa das fortes chuvas, foi que a tempestade danificou as 27 tendas-capelas onde haviam sido depositadas as hóstias destinadas a centenas de milhares de pessoas.
A comunhão, assim, só foi possível para poucos. Mas, depois, a chegada do papa reacendeu o entusiasmo do mar de jovens reunidos em Cuatro Vientos. O pontífice saudou comovido, e, depois dos seus votos finais, voltou como um flamenco irresistível.
Para muitos observadores, o papa saiu da Espanha não só com um sucesso reforçado de imagem, mas também com um resultado político concreto.
Ele deixou de lado, como era previsível, qualquer tipo de crítica às leis aprovadas pelo governo Zapatero sobre aborto, divórcio e homossexuais. E, encontrando-se, mesmo que brevemente, com o líder da oposição, Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, ele garantiu a atenção e o apoio do possível vencedor das eleições antecipadas de novembro. Mais um ponto a favor da Igreja.
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"Aqui fui feliz. O mundo precisa dos jovens": o depoimento do papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU