12 Junho 2011
Com a "cara lavada" e com o semblante sereno e sorridente, Dom López Marañón completa assim 18 dias de jejum. Os carismáticos da província preparam uma grande marcha para o Domingo de Pentecostes, na qual insistirão no retorno dos Arautos. Dom Gonzalo López Marañón mantém sua decisão de continuar o jejum se as iniciativas de paz não prosperarem.
A nota é do blog da Igreja de San Miguel de Sucumbíos - Isamis, 11-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Neste sábado, completam-se 18 dias de jejum de Dom Gonzalo López Marañón, bispo emérito de Sucumbíos, província onde ele viveu por 40 anos ao serviço da população mais vulnerável, província à qual ele tem sua entrada vetada pelo Papa.
A saúde do bispo é estável, segundo a Cruz Vermelha e o médico pessoal que o atende. No entanto, eles estão de alerta, porque depois dos 21 dias começa uma fase crítica do jejum.
Para este sábado, foi convocado um acampamento juvenil no Parque do Jejum para apoiar a medida adotada pelo bispo. Pelo Facebook, os jovens católicos estão convocando a vigília que começará no sábado às 17h e terminará no domingo. Um saco de dormir, comida para compartilhar e uma Bíblia é tudo o que deve ser levado para o Parque La Alameda de Quito.
Da Argentina, grupos de comunidades de base juvenis realizarão sua própria vigília, em sintonia com a de Quito.
Por sua parte, em Nueva Loja, o Movimento de Renovação Carismática convocou seus seguidores a passeatas no sábado e no domingo. O objetivo é mostrar que uma parte da população de Sucumbíos deseja a volta dos Arautos.
Em um pronunciamento oficial, o Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica, se refere à "dificuldade em aceitar as decisões da suprema autoridade da Igreja", em clara alusão a uma de suas máximas, a obediência ao Papa. Para esse movimento, o jejum é contra aos desejos da hierarquia católica e, portanto, constituiria um ato de desobediência.
O movimento no entanto, se abstém de qualificar como contrários à vontade suprema os abusos cometidos sob a administração dos Arautos contra trabalhadores e trabalhadoras de projetos sociais em Sucumbíos.
No mesmo comunicado, o movimento dos carismáticos defende que é preciso "trabalhar na edificação de uma Igreja santa e unida, mantendo o respeito pelo sadio pluralismo de formas e métodos pastorais". À luz dos fatos ocorridos nos seis meses de administração apostólica, o retorno dos Arautos não favoreceria o respeito e a unidade, já que a congregação religiosa manifestou publicamente em comunidades e em setores de Sucumbíos que as mulheres são impuras.
Os juízos de valor racistas e sexistas são contrários à Declaração Universal dos Direitos Humanos e, portanto, não agem em prol da paz e do pluralismo que a população de Sucumbíos exige. Além disso, alguns cidadãos – de diferentes idades e gêneros – sofreram abusos e excessos durante a administração do Vicariato do padre Rafael Ibarguren. Alguns foram muito graves, como as acusações de terrorismo organizado que recaem contra pessoas que defendiam uma estação de rádio, uma forma particular de expressão e informação.
Algumas vozes, entre elas as mais próximas ao estado vaticano, pedem o fim do jejum de Dom López. Outras solicitam que o jejum não seja feito em público. Todos esses pedidos caem no vazio: Dom López Marañón manifestou que só sinais claros de reconciliação o farão abandonar sua ação. Por sua parte, o padre Pedro Pierre afirma, em um editorial publicado neste mês pelo El Telégrafo, que "o jejum público de Dom Gonzalo é um chamado de reconciliação eclesial e social".
Há um convite para que o bispo retorne para Sucumbíos e participe nas festas do próximo dia 20 de junho. O bispo reiterou que ele só poderia participar se for anulado o veto papal ditado no mês de outubro do ano passado.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
No 18º dia de jejum, bispo equatoriano reafirma necessidade de sua iniciativa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU