13 Fevereiro 2011
O diálogo entre Bento XVI e o presidente do Episcopado argentino incluiu os debates internos da condução da Igreja católica argentina. Também foram tratadas questões relativas ao matrimônio igualitário e outros avanços em relação à saúde sexual e reprodutiva.
A reportagem é de Washington Uranga e está publicada no jornal Página/12, 11-02-2011. A tradução é do Cepat.
O Papa Bento XVI recebeu nesta quinta-feira no Vaticano, em audiência especial, o cardeal Jorge Bergoglio, presidente da Conferência Episcopal Argentina (CEA), e os demais integrantes da Comissão Executiva do máximo organismo eclesiástico católico. A informação oficial sobre o encontro foi utilizada para desmentir as informações que assinalaram que a visita da condução eclesiástica a Roma foi para resolver diferenças com o Vaticano e entre os próprios bispos. Nada disso. No encontro "se comunicou ao Santo Padre que esta viagem permitiu expressar-lhe o clima de fraternidade e comunhão episcopal da Igreja na Argentina e confirmar o vínculo filial com ele e a Santa Sé", diz o comunicado da CEA.
Bergoglio, acompanhado pelos arcebispos Luis Villalba (Tucumán) e José María Arancedo (Santa Fe), junto com o secretário-geral, Enrique Eguía Seguí (bispo auxiliar de Buenos Aires), se encontram em Roma desde o sábado passado [05 de fevereiro] realizando uma série de conversas com os diferentes dicastérios (ministérios) da Santa Sé, com a finalidade de informar sobre diferentes situações da Argentina, em geral, e da Igreja, em particular. Antes da reunião com Bento XVI os argentinos se encontraram com o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Tarcisio Bertone, uma espécie de "primeiro ministro" do Papa.
A informação oficial sobre as reuniões assinala uma série de questões de ordem pastoral e religiosa: "a importância (...) da rápida beatificação do padre Brochero", "nossa alegria (dos bispos) e do povo argentino pela próxima beatificação de João Paulo II" e vários "agradecimentos" do Episcopado argentino a Bento XVI. O último dos cinco pontos do comunicado indica que também foram "abordados outros temas pastorais e institucionais vinculados à vida da Igreja na Argentina", sem precisar de quais temas se trata nem estender-se sobre o particular.
Apesar da falta de precisão, o sucinto comunicado de imprensa permite entrever que finalmente os debates internos do Episcopado, assim como as "preocupações" vaticanas sobre questões que envolvem o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo e outros avanços em relação à saúde sexual e reprodutiva, estiveram presentes na agenda. Para Roma, segue havendo temas "não negociáveis" e, entre outros, se está solicitando à hierarquia local que assuma de maneira firme o debate sobre qualquer tentativa de despenalização do aborto.
Dentro do cenário do catolicismo mundial, onde a América Latina é o principal bastião, a Argentina é considerada um dos países com maiores laços culturais e políticos com a Igreja católica. O Vaticano não quer ver de maneira alguma que se fragilize a sua incidência e a imagem de "país católico" pelo avanço de legislações que contradigam a doutrina eclesiástica.
Na quarta-feira, a delegação argentina havia sido recebida pelo também cardeal argentino Leonardo Sandri, membro do gabinete de colaboradores do Papa. Mesmo que não seja tema específico de sua competência, nessa ocasião Sandri expressou sua "total sintonia" com o Episcopado argentino "na defesa e na promoção da vida desde a sua concepção até o seu término natural e da família, tal como o ensina a Igreja católica".
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Um encontro no Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU