Bispo alemão critica Caminho Sinodal por adiar debate sobre gênero neutro

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13 Janeiro 2022

 

Dom Rudolf Voderholzer criticou o Caminho Sinodal por adiar o debate sobre linguagem de gênero neutro.

 

A reportagem é publicada por Catholic News Service, 11-01-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

A agência de notícias da Igreja alemã, KNA, relatou que, em uma carta aberta à Coordenação Sinodal, publicada em 11 de janeiro, o bispo de Regensburg escreveu que o debate de tal linguagem no texto das resoluções deveria ser discutido na próxima Assembleia Sinodal, 03 a 05 de fevereiro, como prometeu a delegados da última assembleia de outubro e também declarou nas minutas.

Com o plano de discussão adiado para a quarta Assembleia Sinodal, no outono alemão, a coordenação estava “mais uma vez ignorando um desejo dos membros da Assembleia Sinodal”, escreveu Voderholzer. “Eu protesto contra esse procedimento”.

A KNA reportou que dom Voderholzer disse que a coordenação decidiu não realizar o debate até que um rascunho do texto do grupo de discussão sinodal sobre pessoas trans e intersexuais estivesse disponível. Essa justificativa não era “válida”, disse o bispo. O debate sobre a linguagem neutra de gênero tem ocorrido por anos e havia pesquisa o suficiente sobre isso, disse ele, então o debate deveria ocorrer antes da adoção final dos textos.

Em um comunicado à imprensa que acompanha a carta de dom Voderholzer, a Diocese de Regensburg disse que a questão deve ser abordada com urgência porque vai além do estilo de redação e da legibilidade dos documentos. Textos com o “asterisco de gênero” – formado pela colocação de um asterisco após o radical de um substantivo para denotar que se refere a todos os gêneros, incluindo pessoas não binárias – também seriam “um compromisso inequívoco com a ideologia de gênero e, portanto, uma contradição da antropologia baseada na Bíblia”.

A Conferência dos Bispos da Alemanha se recusou a comentar, dizendo que nunca comentou as cartas abertas, informou a KNA.

A coordenação do Caminho Sinodal é encabeçada pelo presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães, Irme Stetter-Karp, e pelo presidente da Conferência Episcopal, dom Georg Bätzing.

Dom Voderholzer é considerado um dos mais ferozes críticos do Caminho Sinodal. Antes da última Assembleia Plenária, lançou seu próprio site com contraposições aos textos oficiais do Caminho Sinodal.

A Igreja Católica alemã tem lutado para recuperar sua credibilidade e confiança depois de uma década em que foi abalada por escândalos de abuso sexual e viu católicos em grande número virarem as costas à Igreja. Bispos e leigos lançaram o Caminho Sinodal para discutir maneiras de tirar a Igreja da crise.

A grande maioria está pedindo reformas de longo alcance, como uma mudança na moralidade sexual, mais direitos para mulheres e leigos e maior controle do poder. No entanto, as decisões do Caminho Sinodal não têm força legal obrigatória na Igreja.

A Assembleia Sinodal de 230 membros é o órgão supremo do projeto Caminho Sinodal. Os membros da assembleia tomam decisões e todos têm voto igual. A assembleia de fevereiro é a terceira de quatro.

Além dos membros da Conferência Episcopal Alemã e do Comitê Central dos Católicos Alemães, a assembleia inclui 10 mulheres e homens católicos nomeados por cada um desses dois órgãos. Além disso, a assembleia inclui representantes de padres, religiosos, diáconos, jovens, agentes pastorais, assistentes paroquiais locais, teólogos e vigários-gerais.

 

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