05 Janeiro 2022
Em São Paulo, valor atual do salário mínimo consegue comprar pouco mais de uma cesta básica e meia.
A reportagem foi publicada por Rede Brasil Atual, 03/01/2022.
A partir do último dia 1º, foi instituído o novo salário mínimo nacional, de R$ 1.212. O valor, que representa uma alta de R$ 112 em relação aos R$ 1.100 vigentes ao longo de 2021, não apresenta um aumento real, sendo apenas corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
De acordo com informações do Dieese, o salário mínimo serve de referência para 56 milhões de pessoas no Brasil, das quais 24 milhões são beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O salário mínimo regional serve de referência, sobretudo, para os trabalhadores do setor privado que pertencem a categorias não contempladas em acordos coletivos ou convenções, como domésticos.
O diretor adjunto do Dieese José Silvestre lembra que a política de valorização do salário mínimo foi interrompida no governo de Michel Temer (MDB) e segue sem avanços na gestão Bolsonaro (PL). “Entre 2003 e 2016, houve um ganho real efetivo do salário mínimo. É lamentável o fim dessa política, pois tinha efeitos positivos na economia do país”, afirmou a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
“Existe um incremento em termos de renda na economia que chega a R$ 81 bilhões. Além disso, há outros R$ 44 bilhões que chegam aos cofres públicos, por meio de arrecadação tributária, por conta desse aumento do salário mínimo. Portanto, a política de valorização é um instrumento importante para a economia”, acrescentou o especialista.
O Dieese também aponta que o custo de cesta básica deve chegar a R$ 700 em São Paulo no mês de janeiro, portanto, o piso nacional conseguiria comprar apenas 1,73 cesta básica na capital paulista. “Houve o aumento da inflação no ano passado e nas camadas mais pobres essa elevação foi mais sentida”, lamentou Silvestre.
Leia mais
- O Brasil no espelho de Honduras
- 43 milhões de brasileiros, ou seja, 21%, vivem sem renda do trabalho. Entrevista especial com Waldir Quadros
- ‘Bico’ avança no País e paga cada vez menos
- Com inflação e cortes, auxílio emergencial que comprava cesta básica hoje compra só 23%
- Gasto médio mensal com alimentação nas favelas equivale a um salário mínimo, aponta estudo
- Radiografia da nova contrarreforma trabalhista
- Direitos trabalhistas e sindicais no pós-pandemia. Artigo de Clemente Ganz Lúcio
- A política de renda básica continua sendo emergencial. Entrevista especial com Débora Freire
- Um quarto dos domicílios vivem com um quarto de salário mínimo na Região Metropolitana de Porto Alegre
- 30% dos trabalhadores brasileiros vivem com renda mensal de R$ 275. Entrevista especial com Marcelo Ribeiro e André Salata
- Pandemia empurra para ainda mais baixo, 4,3 milhões com renda per capita do trabalho inferior a um quarto do salário mínimo
- A inflação dos alimentos comeu os salários
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Salário mínimo sem aumento real traz efeitos negativos para economia, aponta Dieese - Instituto Humanitas Unisinos - IHU