Incêndios florestais e queimadas já impactaram 95% das espécies da Amazônia

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03 Setembro 2021

 

Incêndios florestais e queimadas atingiram quase todas as espécies conhecidas de plantas e animais vertebrados do bioma; aproximadamente 190 mil km2 de floresta queimaram entre 2001 e 2019.

A reportagem é de Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e publicada por EcoDebate, 01-09-2021.

O fogo na Amazônia, provocado pela ação humana, pode ter atingido 95,5% das espécies de plantas e animais vertebrados conhecidas da Amazônia, como revela um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista científica “Nature”. Com a participação de cientistas brasileiros, a pesquisa demonstra em números como incêndios e queimadas atingem o bioma, que guarda 10% da biodiversidade do planeta.

Os incêndios na Amazônia já afetaram o habitat de 85,2% das espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção na região. As espécies não ameaçadas tiveram 64% de seu habitat impactado pelas chamas. Quase 190 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica queimaram entre 2001 e 2019, período analisado pela pesquisa.

Das espécies listadas como ameaçadas de extinção na Amazônia pela IUCN (International Union for Conservation of Nature), foram atingidas pelo fogo 236 das 264 espécies de plantas, 83 das 85 espécies de pássaros, 53 das 55 espécies de mamíferos, 5 das 9 espécies de répteis e 95 das 107 espécies de anfíbios.

Ainda que o desmatamento leve a grandes perdas de área de habitat natural, o fogo que vem depois da derrubada exacerba esse impacto. “O desmatamento é o principal vilão da biodiversidade da Amazônia, com os incêndios florestais logo atrás”, explica o pesquisador Paulo Brando, do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e da Universidade da Califórnia em Irvine, um dos autores do estudo.

Essa é a primeira análise feita sobre o impacto de políticas ambientais contra desmatamento e fogo na diversidade de plantas e animais. Para chegar nos resultados, os pesquisadores combinaram mapas de distribuição de espécies conhecidas com registros de satélite dessas ações provocadas pelo homem no período analisado.

“Muitas espécies de plantas e animais da Amazônia possuem distribuições restritas, o que aumenta as chances desses incêndios florestais causarem grandes perdas em biodiversidade”, diz Brando. Os autores ressaltam que os números apresentados estão provavelmente subestimados, por não considerarem outras espécies do reino animal nem a perda de biodiversidade ocorrida antes de 2001, além de outros fatores.

 

Impactos das decisões

O trabalho ainda destaca a influência das políticas ambientais na região, e divide a história recente da Amazônia em três períodos: antes de 2008, quando medidas de controle do desmatamento estavam enfraquecidas ou em processo de efetivação; entre 2009 e 2018, quando uma série de políticas para reduzir o desmatamento e os incêndios foi implementada e bem-sucedida; e 2019, ano em que o aumento da área queimada nos primeiros oito meses coincide com o relaxamento do governo brasileiro na aplicação dessas políticas. “As mudanças de 2019 mostram um retrocesso gigantesco na conservação da Amazônia; se fizermos um paralelo com a indústria automotiva, seria como se tivéssemos retirado o cinto de segurança dos nossos carros em pleno século 21”, diz Brando.

Mesmo que a área impactada pelo fogo na Amazônia tenha oscilado ao longo do tempo, novas áreas queimadas por ano não ficam abaixo da média de 3 mil km² – notadamente, alerta o estudo, tanto o acumulado do território do bioma atingido por incêndios quanto o impacto no habitat de espécies continuaram a crescer em ritmo constante durante todo o período observado. E a cada novos 10 mil km² de floresta queimada, calculam os pesquisadores, até 40 espécies a mais podem ser prejudicadas.

“Se reduzirmos o desmatamento na Amazônia, podemos também reduzir o número de incêndios florestais e as perdas em biodiversidade associadas”, afirma Brando. “Ao perdermos a biodiversidade por incêndios, perdemos vários serviços ecossistêmicos; perdemos também um dos pilares da resiliência de florestas amazônicas.”

 

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