01 Setembro 2021
Os incêndios florestais são cada vez mais comuns e suas emissões de fumaça podem causar estragos na saúde humana.
A reportagem é de Elizabeth Thompson, escritora de ciências, publicada por EOS e reproduzida por EcoDebate, 30-08-2021. A tradução e edição são de Henrique Cortez.
Na América do Sul, os incêndios podem causar quase 17.000 mortes evitáveis de outra forma a cada ano. A frequência dos incêndios na bacia amazônica tem sido associada ao clima – condições mais secas resultam em mais incêndios – mas a ação humana direta, como o desmatamento, também aumenta a frequência dos incêndios.
O desmatamento pode causar incêndios florestais que se espalham fora de controle por causa da queima da vegetação pelos humanos. A fumaça desses incêndios também interage com as nuvens e o Sol para reduzir o aumento das chuvas, o que cria condições secas e propensas ao fogo. Talvez de forma mais sutil, o desmatamento quebra o enorme ecossistema da floresta tropical, interrompendo o efeito da floresta no clima e criando um ambiente mais seco com maior risco de incêndio.
O número de incêndios – e a quantidade de poluição do ar gerada pelo fogo – na Amazônia Legal brasileira acompanhou de perto a taxa de desmatamento nas últimas 2 décadas. No início dos anos 2000, as altas taxas de desmatamento levaram a incêndios frequentes e poluição do ar. Com o tempo, o governo brasileiro promulgou políticas para proteger grandes áreas da floresta tropical e a taxa de desmatamento caiu. Na última década, porém, a taxa de desmatamento voltou a subir lentamente, trazendo consigo maiores riscos de incêndio e saúde.
Em um novo estudo, Butt et al. modela o ano de 2019 sob diferentes cenários de desmatamento para entender a ligação entre esses eventos na floresta tropical e a saúde pública.
Os pesquisadores descobriram que se 2019 tivesse correspondido o ano das últimas 2 décadas com o menor desmatamento, a poluição do ar regional teria sido substancialmente menor naquele ano, resultando em 3.400 mortes prematuras a menos na América do Sul. Se, por outro lado, as taxas de desmatamento em 2019 tivessem se igualado às do início dos anos 2000, antes que as regulamentações governamentais reduzissem as taxas, o número de incêndios teria aumentado 130% e o número de mortes teria mais do que dobrado para 7.900.
Esses modelos demonstram a ligação entre a ação humana direta como o desmatamento e os riscos ambientais e, consequentemente, a saúde pública. Eles também mostram como as proteções ambientais do governo podem ter um impacto substancial na saúde humana. (GeoHealth, disponível aqui).
Thompson, E. (2021), Amazon deforestation and fires are a hazard to public health, Eos, 102, 2021, disponível aqui.
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Desmatamento e queimadas na Amazônia ameaçam a saúde pública - Instituto Humanitas Unisinos - IHU