24 Agosto 2021
O Conselho Estadual das Igrejas Evangélicas do Estado do Espírito Santo (Ceigeves), representando mais de 1,5 milhão de fiéis, manifestou indignação e perplexidade com “as medidas desarrazoadas utilizadas por alguns integrantes do Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral contra a liberdade de expressão de cidadãos críticos à postura de integrantes dessas Cortes”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O documento, apoiado por 29 entidades evangélicas capixabas, afirma que “o Brasil caminha a passos largos para desestruturação social, ignomínia jurídica e vexame internacional diante das detenções sem julgamento de 04 (quatro) cidadãos por crime de ‘opinião, palavras, atos e manifestação pública’”, por “exprimirem suas discordâncias contra a conduta, atuação e postura de integrantes” do STF e do TSE. Sem mencionar nomes, o texto arrola os quatro detidos: um ativista, um jornalista, um deputado federal e um presidente nacional de partido político.
O “talibã” evangélico entende normal, por exemplo, as ofensas proferidas pelo pastor e deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) contra o ministro Alexandre de Moraes. O pastor é um dos investigados no Inquérito 4.828 que, entre outros crimes, apura a movimentação de recursos destinados a realizar propaganda de processos violentos e atuação em atos antidemocráticos.
A denúncia contra o pastor partiu da Procuradoria Geral da República. Na sexta-feira, 20, o deputado e o cantor Sérgio Reis foram alvo de mandado de busca e apreensão expedidos pelo STF, perpetrados pela Polícia Federal, que investiga incitação a atos violentos e ameaças contra a democracia. Se preso fosse, talvez seria outro instigador a ser defendido pelo Ceigeves.
Além de convocar, pelo Twitter, uma greve dos caminhoneiros para protestar contra o STF, o cantor Sérgio Reis revelou que pretendia se encontrar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), no dia 8 de setembro, para apresentar-lhe uma “intimidação”. Segundo disse, “não será um pedido, mas uma ordem, como se fosse um oficial de Justiça que fala ‘cumpra-se’”. A “ordem” é de impeachment contra ministros da Corte maior.
“Enquanto o Senado não tomar essa posição que nós mandamos fazer, nós vamos ficar em Brasília e não saímos de lá até isso acontecer. Uma semana, dez dias, um mês e os caras bancando tudo, hotel e tudo, não gasta um tostão. E se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”, anota a Agência Estado a fala do cantor.
Essa é a liberdade de expressão que o “talibã” evangélico defende. Pastores instigando ódio, baderna, ofendendo pessoas em nome de ideologia, não são dignos de se proclamarem “evangélicos” que, se seguissem ensinamentos de Jesus, pregariam o amor, não o ódio.
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“Talibã” evangélico defende a irresponsabilidade de expressão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU