Agonia da Igreja? Não há um líder na Itália que não seja católico

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13 Agosto 2021

 

"Na realidade, hoje pode-se sinalizar uma espécie de quadrilátero institucional e de influência que vai de Mattarella ao chefe do governo, católico praticante e formado no Instituto romano jesuíta, à ministra da Justiça, recém-saída da primeira presidência feminina do Conselho e formada na "amizade" de Dom Giussani e de Comunhão e Libertação, integrada pelo confronto teórico com o jesuíta Cardeal Martini, e finalmente com o Papa Bergoglio ", escreve Adriano Sofri, jornalista e escritor italiano, em artigo publicado por Il Foglio, 12-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

Segunda-feira, 9 de agosto, Emmanuel Abayisenga, refugiado ruandês de 40 anos, assassinou o missionário montfortiano Olivier Maire, 60, que o havia acolhido em Vendée (notícia muito triste, que relembra o assassinato de padre Roberto Malgesini, o "padre dos pobres" de Como, em setembro passado, pelas mãos de um migrante tunisino que ele havia ajudado). Em 18 de julho de 2020, Abayisenga ateou fogo à catedral gótica de Nantes, destruindo o órgão principal. Eu tinha lido o último livro de Andrea Riccardi, “A Igreja queima. Crise e futuro do Cristianismo"(em tradução livre, Laterza, pp. 256). O título não é apenas metafórico. Riccardi parte de uma reconstrução meticulosa da noite em que a catedral de Notre-Dame queimou, entre 15 e 16 de abril de 2019, e da emoção que o evento despertou.

“O incêndio de um monumento tão sólido evocou o fim ou a grave crise do catolicismo que o habita”.

Além disso, o noticiário oferece uma infinidade de referências atuais. Sempre na segunda-feira assisti ao episódio "O fator humano", na Rai 3, dedicado a "Polônia lgbtq Free": eu acreditava que sabia bastante, mas pela primeira vez fiquei tentado a pensar na Polônia oficial como uma versão católica de Estado islâmico. Se não todo o Cristianismo, certamente a Igreja Católica fundamentou seu domínio mais profundo e íntimo no controle fanático, hipócrita e obsessivo da sexualidade, e hoje a perda de seu controle é, acima de tudo, o reflexo da liberação feminina e sexual. A Polônia - desproporcionalmente, é claro - se divide em duas sociedades ao longo dessa linha de separação.

Riccardi trata da Hungria de Orbán, e especialmente da Polônia, como exemplos da reação "nacional-católica" a uma crise da Igreja talvez terminal: quando começou a estudar a questão, ele escreve, "as democracias cristãs eram o presente, e o nacional-catolicismo e o clerical-fascismo eram o passado: hoje é o oposto".

Não posso analisar aqui um tema tão exigente. Farei apenas uma observação, solicitada por outra de Riccardi, que recorda a presidência do católico e ex-democrata-cristão Sergio Mattarella, comentando: “Não acaba tudo em um dia”. Na realidade, hoje pode-se sinalizar uma espécie de quadrilátero institucional e de influência que vai de Mattarella ao chefe do governo, católico praticante e formado no Instituto romano jesuíta, à ministra da Justiça, recém-saída da primeira presidência feminina do Conselho e formada na "amizade" de Dom Giussani e de Comunhão e Libertação, integrada pelo confronto teórico com o jesuíta Cardeal Martini, e finalmente com o Papa Bergoglio, jesuíta que elegeu o nome franciscano, de autoridade civil em qualquer caso relevante, embora, ou talvez porque lhe seja atribuído (como já a Martini), o lema de que "Deus não é católico" - "Hoje somos menos cristãos, mas talvez também menos anticristãos", escreve Riccardi. E pode-se acrescentar que não há um único líder dos grandes partidos que não seja católico, numa faixa que vai do Rosário e da Imaculada Conceição do secretário da Liga, à devoção da secretária de Fratelli d’Itália - quase todos irmãos - e à formação e participações romanas e vaticanas de Giuseppe Conte, assíduo em Villa Nazareth e devoto do Padre Pio. Até o meritório general Figliuolo recomendou-se a Santa Rita.

Pode-se deduzir disso uma rejeição da tese da agonia da Igreja Católica. Ou, ao contrário, sua paradoxal confirmação. Questão interessante.

 

Nota do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

De 04 de junho a 10 de dezembro de 2021, o IHU realiza o XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição, que tem como objetivo debater transdisciplinarmente desafios e possibilidades para o cristianismo em meio às grandes transformações que caracterizam a sociedade e a cultura atual, no contexto da confluência de diversas crises de um mundo em transição.

XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição

 

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