12 Agosto 2021
A Caritas, a Academia de Líderes Católicos, a Rede Clamor e quatro universidades latino-americanas organizam juntas a I Escola de Lideranças Populares da Igreja Católica.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 08-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Há alguns anos, o Papa Francisco impulsionou e convocou a realização de Encontros Internacionais com movimentos populares de todo o planeta. No ano passado, em sua carta a estes movimentos, convocou a “pensar no projeto de desenvolvimento humano integral que sonhamos, centrado no protagonismo dos Povos em toda sua diversidade e o acesso universal a essas três Ts que vocês defendem: terra, teto e trabalho”.
Respondendo a esta preocupação e desejo do Papa Francisco, a Caritas, a Academia Latino-Americana de Líderes Católicos e a Rede Eclesial de Migrantes e Refugiados – CLAMOR, decidiram se unir liderados pelo cardeal Álvaro Ramazzini para realizar a I Escola Latino-Americana de Lideranças Populares e Movimentos Sociais na qual serão professores o cardeal Felipe Arizmendi, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas; dom José Luiz Azuaje, presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, entre outros.
Cardeal Álvaro Ramazzini (Foto: Religión Digital)
Os diretores desta iniciativa são José Antonio Rosas, fundador da Academia de Líderes Católicos, e Elvy Monzant, ex-secretário-executivo de Justiça e Paz do CELAM que apontam: “É uma iniciativa histórica porque este programa responde ao desejo do Santo Padre de sacudir nossas consciências dormidas e provocar uma conversão humanista e ecológica que termine com a idolatria do dinheiro e ponha a vida no centro”.
“Aspiramos com este programa formar verdadeiros cidadãos, que são convocados a uma luta, para deixar de ser massa, mas ser pessoa, povo. No caso específico das organizações que na América Latina trabalhamos com migrantes deslocados, refugiados e sobreviventes de tráfico nos ajudará a qualificar os líderes que dia a dia estão nas fronteiras humanas e existenciais ajudando a derrubar muros e a construir pontes de solidariedade a favor das pessoas em mobilidade forçada”.
José Antonio Rosas (Foto: Religión Digital)
A I Escola Latino-Americana de Lideranças Populares ocorrerá todos os sábados de 11 de setembro a 27 de novembro, através de uma plataforma virtual. Os aprovados receberão um diploma e certificação interinstitucional de quatro universidades católicas da América Latina: Universidade Finis Terrae, do Chile; Universidade Católica Lumen Gentium, do México; Universidade Católica de Táchira e Universidade Católica Cecílio Acosta, estas, da Venezuela. As instituições que organizam dispuseram descontos e bolsas completas para todos os dirigentes populares e sociais que desejam participar, para isso devem postular antes do 1º de setembro nesta rede.
Entre os professores da Escola, encontra-se o político católico italiano Rocco Buttiglione, ex-ministro para a União Europeia da Itália e ex-vice-presidente do Parlamento Italiano que compartilha: “Necessitamos na América Latina, lideranças que tenham coração de povo e cultura da complexidade, que tenham confiança no povo e gozem da confiança do povo, que saibam falar ao povo, escutá-lo e levar sua voz nas grandes deliberações da sociedade globalizada. Para isso serve esta Escola de Lideranças Populares”.
Rocco Buttiglioni (Foto: Religión Digital)
Esta Escola conseguiu reunir vários professores de maior referência no trabalho popular na América Latina. Entre outros, darão aulas:
Cardeal Felipe Arizmendi Esquivel, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas;
Dom José Luis Azuaje Ayala, presidente da Caritas para a América Latina e o Caribe.
Rodrigo Guerra, leigo com a mais alta posição no Vaticano como Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Ir. Liliana Franco Echeverri, o.d.n., Presidente da Confederação Latino-americana de Religiosos.
Rafael Luciani Rivero, perito da secretaria-geral do Sínodo dos Bispos.
Rafael Luciani Rivero (Foto: Religión Digital)
Pe. Leonir Mario Chiarello, superior-geral dos Missionários Scalabrinianos e líder mundial em questões migratórias.
Paula Siqueira, vice-presidente da comissão dos direitos da mulher no Brasil.
Mauricio López Oropeza, Coordenador do Centro de Ação Pastoral do CELAM.
João Gutemberg Sampaio, Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica.
Juan Grabois, fundador do Movimento de Trabalhadores Excluídos da Argentina.
Martha Inés Romero, Consultora para América Latina da Pax Christi International.
Julián Domínguez, ex-ministro da Agricultura da Argentina.
Julián Domínguez (Foto: Religión Digital)
Rafael Luciani, um dos teólogos mais importantes do mundo e especialista de diferentes organizações como secretário do Sínodo dos Bispos, destaca: “Dadas as mudanças políticas que estão ocorrendo na América Latina, a Igreja vai exercer um papel fundamental na formação de novas lideranças que contribuam para a reconstituição do tecido social fraturado pelos novos populismos. A partir das bases comunitárias e por meio de um esforço conjunto que integre os diversos atores da sociedade civil, é possível curar a política e forjar uma nova geração de jovens que são um sinal de esperança. Este programa, com uma visão humanista interdisciplinar, oferece a oportunidade de formar novas lideranças populares que se inspirem no bem comum e busquem construir o bem-estar dos povos”.
Este programa também desenvolve conteúdos inovadores e novos acentos promovidos pelo Magistério do Papa Francisco, a partir do encontro com a realidade política, econômica, social, migratória, religiosa e eclesial da América Latina; abordar questões como as dores da América Latina, situação dos movimentos populares na região, identidade e vocação da América Latina, visão teológica da história, povo e lideranças populares, primazia do trabalho sobre o capital, terra-telhado-trabalho, integral ecologia, encontro cultural, planejamento da obra popular, metodologia para intervenção, entre outros.
Rodrigo Guerra e Papa Francisco (Foto: Religión Digital)
Rodrigo Guerra, o leigo que ocupa a posição de maior responsabilidade atual no Vaticano como secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina nos afirma: “Hoje mais do que nunca a Igreja deve anunciar a boa notícia aos líderes populares para que possam se dar as mãos com a Doutrina Social da Igreja, podemos reapresentar a vitalidade do Evangelho desde as bases e as periferias. A Escola Latino-Americana de Lideranças Populares é um espaço ideal para tornar esse propósito uma realidade”.
A Escola de Lideranças Populares também apresentará a vida de grandes referências históricas da Igreja na América Latina e seu compromisso com os mais pobres como são Oscar Romero, de El Salvador; santo Alberto Hurtado, do Chile; dom Pedro Casaldáliga, do Brasil; José Gregorio Hernández, da Venezuela; dom Samuel Ruíz, do México; Bertha Cáceres, de Honduras; Emilio Maspero, da Argentina; Myrna Mack, da Guatemala; e padre Gustavo Gutiérrez, do Peru. As bolsas são oferecidas especialmente para bispos, leigos, sacerdotes e religiosos que tenham inserção popular.
O padre Francisco Hernández Rojas, ex-diretor nacional da Caritas da Costa Rica e atual secretário executivo para América Latina e Caribe da Caritas destaca: “A Escola de Lideranças Populares é para a Pastoral Social, Caritas um espaço de formação, para 'ser mais' de pessoas íntegras, com claro sentido da realidade e de agentes políticos com profunda vocação para o bem comum. E para isso é preciso preparação profissional e consistência ética. É por isso que a Escola de Lideranças sabe que a América Latina e o Caribe precisam de líderes que saibam ouvir a voz das populações, especialmente aquelas abandonadas, empobrecidas e violadas, levando em consideração sua situação para compreender adequadamente suas expectativas”.
Para mais informações você pode consultar este link, onde encontrará o programa, convocatória e relatórios de bolsas e descontos.
Foto: Religión Digital
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Lançamento internacional da I Escola de Lideranças Populares da Igreja Católica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU