19 Abril 2021
Não é sempre que uma revista médica fala sobre tributação. Quem fez isso em sua última edição foi a revista The Lancet, como um editorial não assinado, mas que pode ser atribuído ao diretor, o médico Richard Horton.
A reportagem é de Andrea Capocci, publicada por Il Manifesto, 17-04-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Horton constata que os esforços humanitários dos países ricos direcionados por meio da OMS estão fracassando miseravelmente: comprometemo-nos em fornecer testes, vacinas e terapias para o Sul do mundo – também para proteger a nós mesmo [a Itália e o Norte global] das variantes – e simplesmente não estamos fazendo isso.
Enquanto a Itália faz 620 testes para cada 100.000 habitantes por dia, nos países em desenvolvimento são feitos apenas seis. Dos 245 milhões de tratamentos prometidos, fornecemos apenas 2,9 milhões. E o programa Covax, que deveria entregar 2 bilhões de vacinas, está “prejudicado pelo realismo político”.
O sistema deve ser repensado, conclui Horton, adotando a proposta do economista Thomas Piketty: um imposto patrimonial mundial de 2% (quase um remédio homeopático) que taxe as riquezas escondidas nos paraísos fiscais, destinado a investimentos em saúde pública.
A oportunidade para fazer isso se chama Global Health Summit, a cúpula do G20 sobre a saúde, presidida pela Itália, que será realizada em Roma no dia 21 de maio. Isso nos faria muito bem, é o médico quem diz.
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Pandemia: uma receita da revista The Lancet baseada em Piketty - Instituto Humanitas Unisinos - IHU