04 Março 2021
A Igreja Metodista Unida (IMU), dos Estados Unidos, sofrerá um racha amigável em 2022, se a sua Conferência Geral, agendada para 29 de agosto a 6 de setembro de 2022, em Minneapolis, aprovar o “Protocolo de Reconciliação e Graça através da Separação”. O processo vem sendo debatido desde 2019, e na base da separação estão as diferentes linhas teológicas e seus posicionamentos diante de questões teológicas, sociais e comportamentais.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O Protocolo apresenta a proposta detalhada de uma separação amigável da IMU. Uma ala progressista metodista decidiu não esperar até 2022 e anunciou, no primeiro domingo de Advento de 2020, em celebração online, a organização conhecida como Conexão Metodista de Libertação (LMX, a sigla em inglês). A denominação vai centrar-se nas vozes de pessoas de cor, queer e transgêneras, que, assim, entende, são marginalizadas na IMU.
A LMX convida “intencionalmente a plena participação de todos os que estão vivendo suas identidades e expressões dadas por Deus”, e destaca que sua teologia “não está escrita em pedra”. A nova igreja entende que viaja “em direção a uma nova forma de ser seguidores de Cristo, que refuta o desequilíbrio de poderes, principados e privilégios que têm atormentando o metodismo: colonialismo, supremacia branca, injustiças econômicas, patriarcado, sexismo, clericalismo, transfobia e heteronormatividade”.
Ao longo dos últimos anos, a IMU enfrentou um debate cada vez mais polarizador quanto ao seu posicionamento bíblico sobre a homossexualidade. O Livro de Disciplina da igreja diz que a homossexualidade é “incompatível com o ensino cristão” e define o casamento como sendo entre um homem e uma mulher.
Um grupo de metodistas unidos, teologicamente conservadores, anunciou a criação da Igreja Metodista Global (IMG) assim que o “Protocolo de Reconciliação” for aprovado. Até lá, ela será uma igreja em transição. “Como um metodista da quarta geração, estou entusiasmado com um vento fresco do Espírito Santo, onde vejo Deus fazendo uma coisa nova”, declarou o Dr. Bob Hayes, integrante do Conselho de Liderança Transicional e bispo residente na IMU em The Woodlands.
O presidente do Conselho de Liderança de Transição, reverendo Keith Boyett, anunciou que a IMG fará discípulos de Jesus Cristo que adorem apaixonadamente, amem de maneira extravagante e testemunhem com ousadia. Lideranças da IMG acreditam que, se o Protocolo for aprovado, milhares de igrejas locais e clérigos da África, Eurásia, Filipinas e Estados Unidos vão aderir à nova denominação.
Mas as divisões não se restringem às duas formações eclesiais. O presidente do Conselho de Liderança de Transição, vinculado à IMG, admitiu que líderes tradicionalistas têm sido críticos à formação da nova igreja. “Os tradicionalistas não marcham no mesmo ritmo”, disse a reverenda Dra. Leah Hidde Gregory, que também compõem o Conselho.
Isso significa que a IMU terá continuidade com os que nela permanecerão. O Protocolo de Reconciliação, elaborado por 16 metodistas unidos, prevê a Igreja Metodista pós-separação, que manterá as várias juntas e agências gerais da denominação. Calcula, inclusive, recursos para as novas igrejas que se formarem.
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Metodistas dos EUA acordam racha amigável da igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU