23 Novembro 2020
Em nota pública, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), reportando-se sem mencionar a empresa ao assassinato ocorrido na quinta-feira no supermercado Carrefour, Passo da Areia, em Porto Alegre, diz “não” à violência e se solidariza com todas as pessoas vítimas de violência.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A IECLB remete, em seu portal, a uma declaração oficial emitida em dezembro de 1992, sob o título “Deus não é racista”. Assinada pelo então pastor presidente Gottfried Brakemeier, o texto destaca que “compete à Igreja de Jesus Cristo, comprometida com o serviço à vida e engajada em ampliar os espaços da fé, da esperança e do amor, denunciar o que destrói a paz e fere os direitos de Deus. Entre as grandes ameaças da atualidade está, não por último, a obsessão racista”.
Não há qualquer justificativa, do ponto de vista cristão, que justifique o racismo. “Deus criou um mundo multiforme, em que cada peça tem sua característica inconfundível. Diversidade é a marca da criação”, diversidade na mesma dignidade, aponta a declaração de 1992.
E prossegue: “O propósito de Deus não está na segregação de grupos e categorias humanas, e, sim, na complementação de uns pelos outros e no serviço mútuo, usando cada qual o dom que recebeu”. O racismo “é uma força que na história humana responde por indizível sofrimento”, alude.
Já nos anos 90, a declaração da igreja luterana alertava que os radicalismos de direita estavam voltando, mencionando casos na Alemanha, Itália e Espanha. “Crescem os grupos simpatizantes com a ideologia fascista propagadora da discriminação racial. Nem mesmo o Brasil pode excluir-se. Predominantemente negros, judeus e nordestinos tornam-se vítimas da perseguição racista que recrudesce na sociedade”.
O racismo é um mal com consequências extremamente perigosas para a sociedade e a humanidade. Assim, “como cristãos e cidadãos temos o dever de nos opor aos indícios do pensamento racista e de colaborar na eliminação dos fatores que o produzem ou oportunizam”, finaliza a nota da IECLB de 1992.
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Deus não é racista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU