14 Setembro 2020
Roberto Pacheco | Reprodução - Facebook
Defender a Amazônia significa colocar a própria vida e a da família em risco. Desta vez foi no Peru, em Puerto Maldonado, onde Roberto Carlos Pacheco, filho de Demetrio Pacheco, vice-presidente do Comitê de Gestão da Reserva Nacional de Tambopata, que havia sido alvo de ataques de madeireiros durante anos, foi assassinado. Seu corpo foi encontrado neste sábado, 12 de setembro, por seu próprio pai e dois funcionários que trabalham com ele, com dois ferimentos de bala, um na cabeça e outro no quadril.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Desde 2012, Demetrio Pacheco e sua família, todos eles dedicados a defender o meio ambiente e cuidar da floresta amazônica, têm apresentado reclamações ao Ministério Público do Meio Ambiente, nas quais têm exposto as contínuas invasões ilegais por madeireiros. Roberto Carlos era o braço direito de seu pai, e ambos haviam sofrido ameaças, nunca atendidas, pois, como Victor Zambrano, Presidente do Comitê de Gestão da Reserva Nacional de Tambopata, declarou em entrevista à Rádio Madre de Dios: "A quem mais recorremos? Nós nos defendemos com o que temos, com o que podemos. E aí está o resultado. E continuamos com nossos corajosos defensores do meio ambiente diante desses eventos. Totalmente desprotegidos. Ameaçados a cada momento. Já o dissemos, mas quem se importa? Ninguém”.
O que se teme é que aconteça a mesma coisa, como já aconteceu em dezembro de 2015, quando no mesmo setor o também ambientalista Alfredo Vracko foi assassinado. Até o momento, ninguém foi condenado por este ato.
Em vista deste triste acontecimento, o Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado expressou seu profundo pesar e deu suas "mais profundas condolências a seus pais, irmãos, esposa e filhos, assim como a todos os outros parentes e àqueles que com ele estão comprometidos com a defesa e conservação da Natureza". A mensagem, assinada por Monsenhor Dom David Martínez de Aguirre Guinea, bispo de Puerto Maldonado e vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, mostra seu repúdio ao que aconteceu, afirmando que "um atentado contra a vida é um atentado contra o próprio Deus, e em suma, contra si mesmo".
O Vicariato está pedindo justiça às autoridades, que até agora só demonstraram "indolência e indiferença" diante das ameaças recebidas durante anos pelo falecido e sua família, algo que outras pessoas também estão sofrendo "por defenderem as florestas e os rios, assim como os camponeses e os povos indígenas ameaçados por defender seus territórios". Diante disso, eles dizem firmemente que "exigimos que o Estado lhes dê as garantias adequadas para que possam viver em paz.
A declaração pede a colaboração dos cidadãos "para cuidar da vida de nossos defensores da Casa Comum e dos povos indígenas", e lembra as palavras proferidas pelo Papa Francisco quando visitou Puerto Maldonado em janeiro de 2018: "Amem esta terra, sintam que é sua. Sintam-na, escutem-na, maravilhem-se com ela. Apaixonem-se por esta terra, Mãe de Deus, e se comprometam com ela e cuidem dela, defendam-na. Não a usem como um simples objeto descartável, mas como um verdadeiro tesouro para desfrutar, para fazer crescer e para transmiti-lo a seus filhos".
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Peru. O Vicariato de Puerto Maldonado pede justiça diante do assassinato de um defensor ambiental - Instituto Humanitas Unisinos - IHU