29 Agosto 2020
O termo retiro implica uma ação que também é uma localização; nós nos retiramos para um lugar longe da nossa vida cotidiana. E, no entanto, a estrutura física do lugar aonde vamos em retiro, coisas como o seu formato e design interior, são elementos-chave para a experiência também. “Nossos corpos são a nossa forma primária de conhecer o mundo”, diz o arquiteto jesuíta Terrence Curry. A maneira como o mundo é estruturado influi em todas as coisas, desde como nos sentimos e pensamos sobre nós mesmos até a nossa experiência religiosa.
A reportagem é de Jim McDermott, padre e correspondente da revista America em Los Angeles, publicada por America, 21-08-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Alguns traços arquitetônicos de estruturas religiosas parecem funcionar para todos. O Pe. Curry observa que a maneira como “a imensidão e o infinito induzem uma qualidade de reverência”, bem como a satisfação que temos diante de uma composição, é coerente e envolvente. “O nosso cérebro tenta constantemente extrair um sentido das coisas. Toda vez que olhamos para um espaço, tentamos extrair sentido dele”.
Outros projetos arquitetônicos não são tão aceitos universalmente. Consideremos os centros de retiros ao estilo dos anos 50. São prédios para o noviciado e conventos grandes e velhos no meio do mato em algum momento transformados em lugares marcantes. Para uns, o monumentalismo desses espaços permite a sensação reconfortante de permanência, um Deus forte e imperturbável. Outros acham que tais estruturas nos fazem sentir pequenos e sem importância. Parecem exigir submissão ao invés de convidar a uma relação com o divino.
Hoje, uma série de designers de centros de retiros nos EUA tem pensado intencionalmente sobre a relação entre o ambiente físico e a experiência espiritual. O trabalho que realizam sugere formas fundamentais nas quais o design (ou projeto arquitônico) pode ajudar as pessoas a se crescer na relação com Deus.
Durante décadas, a Universidade de Santa Cruz (College of the Holy Cross), em Worcester, Massachusetts, conduziu os Exercícios Espirituais, de Santo Inácio, quatro vezes ao ano num centro diocesano de retiros no Oceano Atlântico, em Narragansett, no estado de Rhode Island, centro localizado aproximadamente duas horas de viagem do campus universitário. A experiência era bastante popular. “Sabemos de histórias de casais que levaram os filhos para mostrar o lugar onde fizeram o retiro”, diz o padre jesuíta Paul Harman, ex-vice-presidente de missão da instituição acadêmica.
Quando o centro de retiros fechou, a universidade passou a considerar a possibilidade de criar um lugar próprio seu. Anos de estudos e pesquisas levaram finalmente aos 50 acres de floresta com vistas à Reserva Wachusett, perto de Worcester. Este lugar é propício por uma série de motivos. A sua localização, a apenas quinze minutos do campus, permitiria à capelania universitária oferecer programas não só aos finais de semana ou por uma semana inteira, mas também em dias de semana ou só pela parte da manhã. E uma vista espetacular daria aos participantes o melhor daquilo que anteriormente haviam conhecido. “Narragansett foi um primeiro passo que demos”, diz Marybeth Kearns-Barrett, diretora do Departamento de
Capelania Universitária. “Sabíamos que queríamos algo que lembrasse o mundo natural e a presença de Deus nele, um lugar que nos deixasse admirados”. Michael Pagano, arquiteto-chefe do projeto, sócio da empresa Lamoureux Pagano Associates, passou meses aprendendo com a comissão de planejamento da universidade não somente a respeito dos tipos de programas que os capelães pretendiam realizar no local, mas também sobre a espiritualidade de Santo Inácio de Loyola que os anima. No final, o grupo decidiu que cada elemento da construção deveria se inspirar, de algum modo, nos Exercícios Espirituais.
A simplicidade tornou-se o elemento principal para a realização do desejo. O design deveria basear-se somente em uns poucos materiais: vidro, pedra e madeira. Ao mesmo tempo, o traçado seria fácil de entender, com os espaços coletivos – como o refeitório, a sala de reuniões e a capela – todos em um mesmo lado da construção e uma ala residencial, no outro lado. Quanto mais simples fosse a estrutura do prédio, pensaram os projetistas, menos distrações potenciais apresentaria e mais fácil seria para que os ocupantes se sentissem à vontade. “Queríamos que os alunos sentissem que aqui eles podem ficar à vontade, respirar um ar puro”, explicou Megan Fox-Kelly, capelã associada e diretora de retiros. O resultado esperado, segundo Pagano, “é uma sensação de conforto e acolhida. Um uma mente quieta”.
A ideia de criar um espaço com um mínimo de distração levou também a outras escolhas. O estacionamento foi colocado abaixo da colina e atrás do centro, onde provavelmente não ficaria à vista dos frequentadores. O centro localiza-se no final de uma estrada sinuosa de quatro quadras, em uma colina que atravessa uma área florestal, a qual permite aos participantes a experiência de deixar para trás o mundo ordinário. O edifício de três andares foi igualmente construído adentrando a colina, e não sobre dela. “Quisemos que a paisagem dominasse a experiência”, explica Pagano.
Kearns-Barrett visitou o espaço Taliesin West, de Frank Lloyd Wright, em Scottsdale, no Arizona, e se surpreendeu pela forma como Write acomodou os ambientes a céu aberto com os ambientes fechados. “A ideia de trazer o espaço a céu aberto para dentro é bem inaciana”, informa ela. “Sempre buscamos dizer: ‘Olhe para o mundo; aí encontraremos Deus, em toda a sua beleza, em toda a sua aspereza e em toda a sua grandiosidade avassaladora’”. Em todos os espaços coletivos do Centro Joyce (Joyce Center), vemos janelas enormes que permitem enxergar, por inteiro, a reserva abaixo, na qual o sol nasce todas as manhãs. Isso permite um “modo maravilhoso para centrarmos as orações”, diz o padre jesuíta Philip Boroughs, reitor da Universidade de Santa Cruz. Kearns-Barrett concorda, fazendo notar que essa visão também é uma forma de tirar os participantes do foco sobre si próprio: “Às vezes, um retiro pode se tornar bastante autocentrado. É preciso ver o que está do lado de fora às vezes”.
Os 48 quartos da ala oeste têm janelas grandes com vistas a um bosque no qual o sol se põe. As salas próximas à capela, para orientação espiritual e confissão, também receberam janelas com vistas para a mata. “Em alguns [centros de retiros], as salas de orientação parecem escuras e frias”, explica Fox-Kelly. “Quisemos que o nosso centro fosse um espaço onde nos alunos se sintam confortáveis e convidados”.
Lendo sobre Santo Inácio, Pagano sentiu-se tocado pela história de como ele gostava de olhar para as estrelas. Para permitir esse tipo de experiência, Pagano deu à capela 52 pequenas luminárias arredondadas de tamanhos diversos e num padrão que sutilmente espelha uma galáxia espiral. Os alunos “se sentam ou deitam no piso e as observam” diz Fox-Kelly. “É incrível”.
Considerando peças artísticas para o prédio, os capelães escolheram obras que refletem as principais imagens bíblicas que eles costumavam usar nos retiros. “Se os participantes do retiro quiserem rezar a partir de uma passagem das Escrituras, podemos convidá-los a ir e se sentar diante da imagem”, completa Fox-Kelly.
Enquanto isso, o Pe. Boroughs teve a ideia de incluir fotografias da iconografia religiosa tirada do campus, como detalhes de estátuas; e Kearns-Barrett convidou os artistas que haviam feito o altar, o púlpito e o crucifixo da capela universitária para que projetassem as obras da capela do Centro Joyce também. A esperança é que esse tipo de detalhe permita que as pessoas tenham, já de volta em casa, a experiência que tiveram no centro, explicou Fox-Kelly.
O centro também oferece uma ampla variedade de espaços para oração. Além da capela e da sala de jantar, as alcovas ao longo do prédio contam com espaços silenciosos nos quais é possível se sentar e olhar por sobre a reserva, a floresta, um pátio interno ou para alguma das obras de arte. O ambiente por onde se entra no local é também pensado para ser uma sala de estar, com uma lareira, sofás e uma longa estante junto à janela, onde os alunos gostam de fazer arranjos com almofadas e cobertores.
O centro parece inspirar adaptações pessoais como essas ao natural. Descobrindo as longas janelas com vistas à floresta, nas grandes e silenciosas escadarias, os alunos em retiro movem alguns assentos para o local. Um capelão teve a ideia de virar algumas cadeiras do refeitório na direção do pátio. “Foi uma experiência completamente nova”, Kearns-Barrett diz. “Muitos dos alunos começaram a fazer as refeições de frente para a paisagem, ou simplesmente se sentavam aí durante o dia”. O projeto do edifício, portanto, se tornou um meio de viver o convite de um retiro inaciano, empoderando as pessoas a confiarem em seus próprios instintos e na relação com Deus.
Localizado entre mesetas sobre uma região montanhosa a 21 quilômetros de uma estrada de terra e sinuosa no centro-norte do Novo México, o mosteiro beneditino de Cristo no Deserto tem poucos edifícios. A abadia, propriamente dita, e uma pequena igreja situam-se no topo de uma elevação. O prédio foi construído com a mesma pedra das mesetas que se impõem por detrás da igreja, como se esta tivesse sido escavada nelas.
Uma humilde pousada e um pequeno rancho ficam a cinco minutos da colina. Em termos de arquitetura, o local se resumo a isso mesmo. Se o objetivo do Centro Joyce é o de anular a separação entre espaços a céu aberto e espaços cobertos, o Mosteiro do Cristo no Deserto oferece um cenário rodeado de cânions como a própria configuração para inspirar a experiência espiritual dos frequentadores.
O mosteiro beneditino do Cristo no Deserto, no Novo México, foi construído com as mesmas pedras das mesetas que se impõem por detrás da igreja, como se esta tivesse sido escavada a partir delas. (Foto: CNS)
Há uma ciência nessa decisão. O silêncio e a quietude das mesetas têm um efeito poderoso sobre o lugar: funcionam como uma frente de alta pressão, forçando-nos a desacelerar e a caminhar suavemente. Com o passar dos dias, o espaço parece naturalmente nos afastar de tudo, criando espaços para nos aquietarmos, encontrarmo-nos com Deus no silêncio e nas belezas sutis do lugar. A abadia, projetada na década de 1960 por George Nakashima, inspira-se no ambiente ao redor, não só na construção em pedra como também nos enormes painéis de vidro que circundam as paredes superiores. Assim como o Centro Joyce, este espaço oferece o mundo como material para a contemplação: os céus e os penhascos que se erguem ao redor da igreja, suas cores em constante mudança com as luzes, a lua e as estrelas à noite.
Aqui o convite da arquitetura propõe uma reposta física. As janelas constantemente atraem o nosso olhar; o corpo naturalmente assume uma postura de busca, de olhar para além de si mesmo. É um espaço adequado a uma estrutura feita para a Liturgia das Horas, cantada aqui pelos monges durante o dia inteiro. Os participantes a olhar para os céus espelham as vozes dos monges elevadas na esperança do Senhor.
Os beneditinos passaram a usar este cenário de um modo significativo. O incenso nas missas de domingo cria o material com o qual a luz do sol se lança em forma de raios, até que toda a igreja se encha deles, transformando o pequeno e simples espaço de oração em algo de outro mundo. Da mesma forma, o grande tabernáculo, que, quando aberto, exibe ícones de santos de nove países – representando algumas das diferentes nacionalidades dos monges –, brilha dourado no sol da tarde. Ao rezar nesta igreja, a noção da missa como uma abertura da eternidade torna-se uma experiência vívida.
A pousada no fim da estrada tem uma qualidade inesperadamente semelhante a uma fortaleza; não possui janelas nem área de recepção, apenas um conjunto de portas de madeira que demoram um pouco a abrir. Do lado de fora, não temos ideia do que há lá dentro: 13 quartos construídos ao redor de um pátio, com vista para as lindas mesetas e para o rio do Vale da Chama.
Mas, por mais desconcertante que pareça essa entrada, tão diferente das típicas casas de retiro, ela se apresenta com uma sensação imediata de privacidade. Durante os dias em que ficamos aqui, uma coisa fica clara: que esse é o nosso espaço. O guia, disponível nos quartos, vai além: “Com certeza, este guia não irá responder a todas as perguntas que você terá durante a sua estada”, lê-se. “Descobrimos que a busca por Deus é sempre um tanto misteriosa e requer a necessidade de se questionar, confundir-se, refletir e rezar por uma compreensão mais profunda daquilo que está diante de nós”.
No livro A poética do espaço, o filósofo francês Gaston Bachelard fala da necessidade humana de espaços semelhantes a cavernas. Uma caverna “dá à pessoa o prazer físico” de habitar dentro da “primitividade do refúgio”, afirma o pensador.
Num lugar onde o calor, o frio e a precipitação brutal podem cair e a escuridão da noite é, às vezes, assustadoramente absoluta, os cômodos do Mosteiro do Cristo no Deserto funcionam de forma muito parecida com a caverna de Bachelard. Muitos deles são espaços pequenos, porém o artesanato da mobília garante, de certa forma, um sentimento imediato de conforto e ambiente doméstico.
O item mais significativo em cada quarto é a grande reprodução de uma pintura sacra, como a imagem pungente de São Francisco, feita por Bartolomé Esteban Murillo, a abraçar o Cristo crucificado. Posta em quartos simples e de tamanho reduzido, a obra serve como um convite poderoso à oração.
Christian Leisy, OSB, abade do mosteiro, observa que a localização do centro de retiros em um cânion é, de certo modo, incomum entre a comunidade beneditina. “As abadias beneditinas se localizam tradicionalmente sobre as montanhas”, explica ele. “Essa é a tradição de Monte Cassino ou Subiaco”. Porém, ele acredita que a localização física de seu mosteiro cria uma experiência espiritual singular: “Penso que Deus nos embala neste lugar de muitas maneiras”.
Do lado de fora, o Centro para o Ministério Espiritual (Spiritual Ministry Center), na comunidade de Ocean Beach, San Diego, parece um conjunto de casas geminadas de dois andares em meio a um bairro suburbano. Em frente, crianças brincam com os cachorros, enquanto adultos se sentam em cadeiras de praia a ouvir programas religiosos no rádio. É uma comunidade onde os moradores exibem bandeiras americanas e promovem brechós tipicamente estadunidenses, em suas próprias casas; há potes com alimentos para os pássaros e palmeiras a balançar, como aquelas vistas em filmes. A uma caminhada de 10 minutos, no centro da cidade, turistas passeiam entre as lojas de souvenir, enquanto menores sem-teto vendem pinturas e imploram por moedas ao longo da praia.
Em outras palavras, é uma localização inesperada para uma casa de retiros. E o é de forma intencional. Quando as irmãs da Fraternidade do Sagrado Coração decidiram construir um centro de retiros, em 1987, eles o fizeram inspirados pela ideia de aproximar a contemplação à vida cotidiana. “A ideia era sair de casa, onde as pessoas ficam enfurnadas, e fazer uma imersão na vida comum, ordinária”, diz Marie-Louise Flick, RSCJ, diretora do centro.
As duas casas em frente ao centro servem de comunidade para as irmãs que trabalham no local e de lugar de encontro para oficinas de oração, psicologia, espiritualidade e artes. Enquanto isso, a parte dos fundos conta com salas para até quatro pessoas em retiro, que podem usar o espaço durante um fim de semana ou mesmo para experiências de 40 dias.
Cada detalhe do lugar foi pensado com vistas a oferecer aos participantes uma experiência caseira. As camas são muito maiores do que se espera para um centro de retiros, com colchões e roupas de camas confortáveis. As salas têm também uma agradável área de estar, grandes closets e banheiro privativo. “Pensamos que o conforto é importante”, explica a Irmã Flick.
Ao mesmo tempo, existe uma simplicidade no espaço. “Não temos luxo espalhado pela casa”, disse a religiosa. As obras de arte às paredes são discretas e, embora os móveis sejam confortáveis, nem tudo combina. Nem as roupas de cama. Para as irmãs, isso também tem a ver com a criação de um ambiente familiar. “O nosso modelo é que não somos institucionais”, diz Jane O’Shaughnessy, RSCJ, que trabalha numa das casas. “As pessoas podem vir, e o retiro é organizado conforme desejarem”.
A ideia de se retirar para um lugar que se parece com aquele que deixamos para trás pode parecer estranha. No entanto, as irmãs vêm testemunhando o quanto estar em um lugar que parece o próprio lar, sem todas aquelas responsabilidades, cria uma sensação de liberdade e descanso. “Os participantes gostam realmente dessa facilidade”, diz a Irmã O’Shaughnessy. “Elas encontram uma zona de conforto”.
Cozinhar para si mesmo, parte das atividades do centro, se tornou parte poderosa da experiência também. “As pessoas gostam realmente da liberdade de comer o que querem e quando querem”, explica a Irmã Flick. “Isso cria uma espécie de eremitério a elas. Amplifica o silêncio e rotinas delas”.
E numa manhã agradável em San Diego, ter uma refeição simples, feita por nós mesmos, ao ar livre enquanto as estrelas aos poucos aparecem no céu, é, em si, uma espécie de experiência espiritual. A luz muda de forma gradual, naturalmente nos vemos desacelerando, saboreando o mundo ao redor.
Outra coisa que torna o Centro para o Ministério Espiritual singularmente atrativo para os que buscam um retiro é a sua proximidade com o bairro comercial de Ocean Beach. Para os visitantes, as ruas da vizinhança tornam-se parte da experiência, um tipo de labirinto real no qual o caminhar físico pode espelhar aquilo que estão empreendendo em termos espirituais. Muitas vezes, nessa atividade os participantes têm experiências poderosas de descoberta de – ou de ser descoberto por – Deus. A Irmã O’Shaughnessy recorda uma participante que “veio com a sua prancha de surfe, alugou uma bicicleta e andava por todos os lugares. Quando a encontrei e a perguntei onde estava Jesus, ela falhou que Jesus estava na rocha, ele estava lá fora surfando, ‘ele estava comigo’”.
No best-seller de Margaret Visser, intitulado The Geometry of Love, que trata da arquitetura e espiritualidade da Igreja de Santa Inês, em Roma, lemos: “Uma igreja deliberadamente ordena-se no sentido das consequências, no sentido do futuro”. Ela é disposta “com uma certa trajetória da alma em mente”. Ela tem um “enredo”, uma história a contar.
Por mais diferentes que sejam na configuração e no projeto, o Centro Contemplativo Joyce (Joyce Contemplative Center), o Mosteiro do Cristo no Deserto (Monastery of Christ in the Desert) e o Centro para o Ministério Espiritual (Spiritual Ministry Center) partilham um interesse pela simplicidade e pelo mundo como fonte fundamental de graça. Estes traços lhes dão uma orientação ligeiramente diversa da imagem que Visser tem de igreja. Em vez de ser uma igreja voltada para o futuro, a casa moderna de retiros pretende proporcionar um apreço aprofundado do presente multitudinário, uma oportunidade de descobrir, como escreveu o padre jesuíta Gerard Manley Hopkins, que “Cristo atua em dez mil lugares, / faz-se Formoso em membros, / e olhos de outros”. [1]
Como todas as instituições católicas, estes centros têm, como fundamento e propósito, a nossa história compartilhada, a história da salvação. E, no entanto, em vez de orientar as pessoas aonde ir, eles parecem construídos para capacitar todos os visitantes a se encontrarem com o Deus que os ama como são, em suas maneiras próprias de ser.
[1] A tradução dos versos é de Alípio Correia de Franca Neto, disponível aqui.
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Podemos melhorar os retiros? Como os católicos modernos estão reinventando uma antiga tradição - Instituto Humanitas Unisinos - IHU