16 Julho 2020
Uma abordagem laica do texto religioso, em busca de conteúdos universais e humanos presentes no livro sagrado. A série da editora Piemme "Os Livros da Bíblia", dirigida pelo ensaísta e poeta Arnoldo Mosca Mondadori, propõe vários livros na tradução oficial da Conferência Episcopal Italiana (CEI), mas entrega a introdução a personalidades do mundo cultural "laico", bem como a não crentes. Os primeiros títulos lançados em junho são o Apocalipse, com a introdução de Giulio Giorello, e o Livro de Jonas, através da leitura de Benedetta Tobagi, enquanto em 22 de setembro serão publicados o Cântico dos Cânticos, com o prefácio de Salvatore Veca e os Salmos, introduzidos por Ennio e Valentina Morricone.
A reportagem é de Ida Bozzi, publicada por Corriere della Sera, 15-07-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
libri della Bibbia. Apocalisse. Letto da Giulio Giorello
“Em primeiro lugar - explica o curador Mosca Mondadori -, trata-se de uma maneira de aproximar pessoas mesmo que distantes do mundo católico, ou não crentes, a este maravilhoso texto que é a Bíblia. E, além disso, uma leitura que não é conduzida por estudiosos bíblicos, mas por personalidades da cultura laica, que gostaram de um livro em especial e fazem sua leitura, destaca aspectos que se encontram na Bíblia, mas que são importantes para todos os seres humanos: essa abordagem leva o leitor a descobri-los”.
A lembrança vai para o filósofo da ciência Giorello, que desapareceu há um mês após uma longa luta contra o coronavírus: em seu texto, ele destaca o tom vibrante do autor bíblico João ao referir os elementos do "dia da ira", mas também investiga os poderosos inimigos contra quem ele lança suas palavras, os opressores que, aos olhos do leitor de todos os tempos, podem mudar de roupa e casa - o império romano, o poder feudal - mas são igualmente arrastados pela ira divina.
Mosca Mondadori continua: “Giorello não era uma pessoa de fé, mas ficou profundamente tocado pelo elemento poético e profético do Apocalipse.
Mas também o Maestro Morricone, que tratou dos Salmos, ficou impressionado com o aspecto musical daquele livro. O que nos interessa nessa série é o olhar humano: caso contrário, há sempre o risco de querer tomar posse de uma palavra que deve permanecer mistério, para dissecá-la.
Aqui, os autores que leem e apresentam esses livros conseguem respeitar a palavra e apreendem seu mistério não do ponto de vista religioso, mas poético, filosófico ou antropológico”.
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“Um olhar laico sobre as Escrituras: é assim que se apreende o mistério” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU