09 Julho 2020
No início do século, muitos pastores evangélicos disseram que a internet era “coisa do diabo, demonizaram a web”. Hoje, em tempos de pandemia, a rede mundial de computadores é um importante canal que pregadores usam para divulgar a Palavra.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“As coisas mudaram”, afirmou o pastor Antônio Júnior, comunicador de um dos maiores canais cristãos no YouTube. Da pacata São Sebastião do Paraíso, cidade mineira de apenas 70 mil habitantes, onde reside, ele atinge cerca de 1 milhão de pessoas por dia, com mais de 8 milhões de seguidores. O comunicador divulga, diariamente, dois vídeos, um às 6h, com a oração da manhã, e outro às 20h, com a oração da noite.
O fechamento dos templos por conta do combate à pandemia fez as pessoas entenderem que a fé das pessoas é em Deus. “A quarentena desvinculou as pessoas da igreja. Alguns eram totalmente dependentes, e puderam perceber que dá para caminhar com Deus mesmo sem estar na igreja. Aumentaram a fé e deixaram a dependência de estar num local físico”, disse o pastor em entrevista a Leo Dias, do portal Metrópoles.
“Claro que eu também sou a favor da igreja. É importante a comunhão, ouvir a palavras, mas a internet tem ajudado bastante”, analisou. Ele acredita que não só evangélicos, mas também católicos e espíritas o seguem na internet. “Tem muita gente que não vai na igreja. O YouTube abrange pessoas de todo o tipo e isso é muito bom”, afirmou.
O segredo do sucesso no YouTube é ser original e autêntico. “Busco mostrar que sou igual aos outros. Não me coloco como superior. Não me coloco como superior”.
Em outra entrevista para Herbert Neri, publicada no Portal Surgiu em 4 de maio, o pastor Antônio criticou religiosos que não levaram a pandemia a sério e apontou o perigo que representam discursos extremistas em nome da fé.
“Lamento que alguns, supostamente em nome de Deus e da fé nEle, se façam vale de irresponsabilidade e extremismo, colocando tantas vidas em risco. Obviamente, creio que Deus é maior do que qualquer doença e que tem todo o poder para fazer milagres e maravilhas. No entanto, “encontramos na Bíblia diversas indicações claras de que não somos super heróis somente porque temos uma fé”, disse.
Ser cristão, acrescentou, “não me torna imune ao novo coronavírus ou a qualquer doença, mas te dá as ferramentas necessárias para vencer as dificuldade aqui na terra e conquistar a vida eterna”.
O cristão tem que dar exemplo, “pois ele é chamado a ser luz e sal da terra, e não para ser aquele que põe a vida dos outros em risco”. Amar ao próximo como Jesus ensinou “também é praticar, neste momento, o distanciamento social e seguir as medidas de segurança e higiene”, defendeu.
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De “coisa do diabo” a canal de divulgação da Palavra em tempos de covid-19 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU