11 Mai 2020
A Gênova da nova ponte precisa de uma mudança de ritmo, de novos homens. E a Igreja, muitas vezes capaz de antecipar os tempos, é a primeira a adotar o chamado "modelo de Gênova", que é tão popular agora na Itália. Faz isso com uma nomeação surpresa, totalmente condizente ao estilo Bergoglio. Termina com os 14 anos de longo reinado (mas nunca quanto o do cardeal Giuseppe Siri, 41 anos) de Angelo Bagnasco como arcebispo metropolitano. Luz verde para Marco Tasca, um franciscano de túnica e sandálias, agora novo chefe da Igreja genovesa.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada por La Repubblica, 09-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Francisco o escolheu na periferia da Itália, na província de Pádua, onde nasceu há quase 63 anos. Um frade que fala com os jovens e quer tê-los como interlocutores privilegiados. Um homem, no entanto, também acostumado ao comando (como o próprio Bergoglio, quando era padre provincial dos jesuítas na Argentina), porque durante 12 anos esteve à frente da Ordem dos Frades Conventuais, portanto sucessor de São Francisco. Mas de uma Ordem que se considera "menor" e se proclama em seu estatuto como "mendicante". Um prelado pouco conhecido em Roma, mas onde o primeiro papa não europeu o chamou ao Vaticano para participar de seus sínodos. No mapa mental do Papa Francisco, portanto, o homem é o ideal para ser colocado em uma periferia "capital" como Gênova, que sempre foi um laboratório político e social.
(Fonte: América, revista dos jesuítas dos EUA)
“Sou frade e continuo sendo frade. Se o Senhor quis assim, significa que está tudo bem. Mesmo que meus planos e desejos fossem outros", disse Tasca a seus confrades de Pádua, referindo-se à esperança de partir como missionário. Ele chegará a Gênova como um franciscano reformador, substituindo um cardeal conservador.
Conservador, porém, iluminado: Bagnasco, como pessoa dúctil, foi capaz, mesmo com grande dificuldade no início, de se adaptar à mudança entre um papa semelhante a ele em termos de doutrina como Joseph Ratzinger e um pontífice que imediatamente tirou da pauta os chamados "princípios não negociáveis" (vida, família, educação), caros a Bento XVI. Francisco pesou e avaliou Bagnasco e, por fim, manteve-o em seu cargo, tanto à frente da Conferência Episcopal Italiana, até 2017, quanto como arcebispo de Gênova. Mas agora, com uma Itália que olha para Gênova com outros olhos, a mudança não era mais prorrogável.
E a nomeação se torna a marca de Francisco em uma cidade tão apreciada por ele. Desse porto, em 1928, partiu seu pai Mario, que de Basso Piemonte foi tentar a fortuna em Buenos Aires, onde Jorge Mario nasceu em 1936.
Nunca Bergoglio esqueceu seus ancestrais, a família no norte da Ligúria e Gênova, onde em 2017 ele finalmente realizou uma visita oficial ao âmbito do trabalho, da história e de uma cidade destinada a sofrer novamente no ano seguinte com a queda da ponte Morandi. "Como vosso bispo - escreveu o novo arcebispo Tasca em uma mensagem aos genoveses da diocese - desejo ser pai e irmão, com o meu coração sempre aberto à escuta e ao acolhimento tanto daqueles que virão bater à minha porta, como - eu gostaria de dizer, acima de tudo! - daqueles que, por qualquer motivo, se encontram ou se sentem distantes da nossa comunidade eclesial. Confio-me de todo o coração às suas orações, esperando encontrar cada um de vocês na bela cidade de Gênova, que a partir de hoje também sinto como minha”. Uma escolha em total descontinuidade em relação ao passado da arquidiocese.
Após os 41 anos de Siri, todos os bispos de Gênova vieram da área do triângulo industrial - Canestri, Tettamanzi, Bertone, Bagnasco. Todos príncipes da Igreja. Agora chega a Gênova um bispo "estranho". E não um cardeal. Mas isso, na geografia mental de Francisco, não importa mais.
Está sendo enviado um frade teólogo e psicólogo. Perfeito, no perfil de Bergoglio.
Tasca chegará a Gênova provavelmente em junho, para a inauguração da nova ponte, prevista para julho. O governador Toti e o prefeito Bucci enviaram imediatamente mensagens de boas-vindas e, a Bagnasco, de agradecimento. Ele tinha pedido a "renúncia" devido ao limite de idade, 77 anos, que o Papa aceitou. E saiu com estilo: “Quando alguém nunca procura nada, é livre. O que não significa ser insensível, mas ter o dom da serenidade”.
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O franciscano enviado pelo Papa para curar as feridas de Gênova - Instituto Humanitas Unisinos - IHU