27 Abril 2020
Parece claro que a família Bolsonaro funcionou, durante muitos anos, como uma espécie de holding de atividades criminosas.
As mordomias parlamentares e os salários dos 102 parentes empregados em funções públicas, que não trabalhavam, eram uma fonte gratuita de financiamento de investimentos diversificados, que incluíam o chamado Escritório do Crime, chefiado pelo finado capitão Adriano, e a construção de prédios nas áreas sob controle de milícias.
Agora, a holding passou a controlar diretamente a direção do Ministério da Justiça e da Polícia Federal.
Não estamos longe de ter um Estado a serviço do submundo do crime.
Pandemia do coronavirus?
Novo ministro da justiça?
Negociação com o Centrão?
Conflito entre Rogério Marinho e Paulo Guedes sobre a política econômica?
Nada disso! Bolsonaro passou a tarde de hoje reunido com Frederick Wassef, advogado de seu filho Flávio nos inquéritos relacionados ao Queiroz e à milícia.
No meio desse caos, a única preocupação do Jair é evitar que ele e seus filhos vejam o sol nascer quadrado.
Vejo que Jair Bolsonaro nomeou para dirigir a Polícia Federal um homem de confiança de seus filhos.
É a primeira vez que pessoas indiciadas em inquéritos, sob investigação da PF, nomeiam, elas mesmas, o diretor da própria PF.
República de bananas.
Tudo sob os aplausos dos oficiais-generais, vários deles da ativa, que integram o governo.
Eu sempre tive uma posição moderada e respeitosa em relação às Forças Armadas, que são uma instituição nacional permanente.
Hoje, sinto vergonha delas. Cada vez mais politizadas, tornaram-se cúmplices da destruição nacional em troca de favores corporativos.
Nessa toada, vão acabar batendo continência para as milícias.
Eu fico pensando o Paulo Guedes chegando na sua sala, tirando as meias (sapato ele já não tava usando mesmo) e ligando para o Guilherme Benchimol.
- Bicho, isso aqui é um circo. O Jair é um imbecil total. Os milicos fazem aquela cara de sérios, mas são umas antas, todos com medo de perder a bocada. Ninguém entende porra nenhuma de nada. Vai demorar muito mais tempo que eu pensei pra gente conseguir acabar com todos os direitos trabalhistas e vender o que for possível. Enquanto isso, tenho que aturar esse cara falando merda o tempo todo. Haja paciência.
- Pô, Paulo. Imagino que deve ser um sofrimento, mas pensa em quanto a gente vai ganhar com isso. Fecha os olhos, respira fundo e aguenta pelo menos até a Eletrobrás e a quebra da estabilidade. Depois você manda ele se fuder.
- Aí, aí... Tá bom, vou tentar. Agora deixa eu ir pra casa. E se cuida que o coronavírus não é brincadeira.
Lembro-me dos meus cursos de antropologia da religião na PUC-RJ e depois aqui na UFJF, para o Serviço Social, de um dado que nunca me saiu da memória. O dado sublinhado por Malinowski de que a morte só vem reconhecida como morte para muitos povos tradicionais quando se dá o ritual.
Os antropólogos se debruçam sobre esse fenômeno tão complexo que são os rituais, onde o "conteúdo emotivo é menos visível", mas que são essenciais. Os rituais de passagem, no caso dos enterros, são muito importantes para todos. Ter a oportunidade de ritualizar a cerimônia de Adeus.
Isto estamos sendo impedidos de fazer nestes tempos sombrios do coronavírus. A morte vai perdendo sua dignidade maior, e as pessoas vão se acostumando a lidar com a "indesejada das gentes" de um jeito estranho, impeditivo.l
O luto é muito essencial no equilíbrio da comunidade, da família, dos mais próximos. É um elo essencial de reciprocidade. Estarmos impedidos de celebrar a passagem e trabalhar amadurecidamente o luto trará consequências, não tenho dúvida.
"Sempre que vejo a imagem daquele homem vestido de branco cuja voz recorda misericórdia e bondade, fico emocionado. Ele é uma ponte do divino ao humano. Deus nos deu uma pessoa única para indicar caminhos.
Desde seus primeiros passos no Vaticano, ele dá o testemunho vivo de responsabilidade e compaixão.
Deus o proteja para bem do gênero humano.
A Igreja age agora como mãe e mestra, cura almas e corpos. Nela, agora, poucos pastores agem contra o rebanho, ao contrário de tantas confissões religiosas nas quais os que deveriam ser guardiões se evidenciam como lobos vorazes. Quantas mortes foram causadas em cerimônias que se afirmavam religiosas!"
(em email enviado e comentando a sua entrevista publicada hoje, no IHU:)
“Um jornalista me pedia "por favor, não comece a resposta pela Grécia antiga". Pode parecer estranho, mas creio que 90% de nossos problemas e soluções encontram-se em Platão, Aristóteles, Tucídides (Maquiavel e Hobbes não me deixam mentir...)”.
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