Morreu Henri Madelin, jesuíta, homem de fé e de cultura

Henri Madelin | Foto: Bernard Bisson/JDD/SIPA

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09 Abril 2020

Os jesuítas da Província Ocidental Francófona tem a tristeza de comunicar a morte do P. Henri Madelin, sj. Com a idade de 84 anos, ele estava hospitalizado há duas semanas, e morreu, vítima do Covid 19, no dia 08-04-2020.

A informação é publicada pela Província dos jesuítas francófanos, 08-04-2020. A tradução é do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

Nascido em 26 de abril de 1936, Henri Madelin era graduado no Institut d’Études Politiques de Paris (IEP-1956),  com uma graduação em Direito e também em Economia Política.

Sempre interessado na vida política e servindo o Estado, ele entra no noviciado da Companhia de Jesus. Após os estudos de filosofia em Vals e mais os estudos de teologia em Fourvière, Lyon, ele é ordenado padre na Companhia de Jesus, em 1967.

Sua expertise em ciências política e seu interesse pelas questões da sociedade o orientam para o apostolado social. Em 1973, ele é diretor da Action Populaire que desembocará no Centre de Recherche et d’Action Social – CERAS.

Seu compromisso testemunha que a fé cristã é indissociável de um engajamento social e político pela justiça; e este engajamento não pode ser vivido sem um aprofundamento intelectual.

Trabalhando no Institut d’Études Politiques de Paris (IEP), e lecionando no Institut d’Études Sociales (IES) do Institut Catholique de Paris, ele se revelou homem de relações e de comunicação.

De 1979 a 1985, ele foi superior provincial dos jesuítas da França. Ele renovou o apostolado junto aos jovens lançando a Reseau Jeunesse. Ele garantiu o futuro do Centre Sèvres – Facultés jésuites de Paris destinando um considerável número de jovens jesuítas como professores de filosofia e teologia; ele deu à instituição um influxo para além da França.

Como superior provincial participou da 33ª Congregação Geral, em 1983, e que elegeu o Pe. Peter-Hans Kolvenbach, novo superior geral da Companhia de Jesus. Neste período sensível das relações dos jesuítas e o papa João Paulo II, o Pe. Henri Madelin lembrava aos jesuítas da Província da França a importância do “sentire cum Ecclesia”* e da obediência ao papa.

De 1985 a 1991, foi nomeado Presidente do Centre Sèvres e se empenhou em prosseguir o desenvolvimento deste centro, a serviço da formação humana, intelectual e espiritual, de uma fé enraizada e aberta, de religiosos, religiosas e leigos, nas lutas do mundo em plena mutação.

Em 1991, ele é assistente nacional do Mouvement Chrétien des Cadres et Dirigeants (MCC).

Homem de cultura, é nomeado redator em chefe da Revista jesuíta Études de 1995 a 2002. Por sua criatividade e seu dinamismo, ele contribui para a divulgação desta prestigiosa revista e sua presença nos debates da nossa época.

Europeu por convicção, ele acompanha de 2005 a 2019, desde Bruxelas (OCIPE), Estrasburgo (Conselho da Europa) e Paris, os desafios de uma Europa em plena mutação. Ele acreditava no necessário debate ético na construção institucional europeia.

Escritor, Henri Madelin publica numerosas obras. “Heurs et malheurs de l’autorité” é o seu último livro publicado em 2018 nas Éditions jésuites (Lessius), sobre a relação entre poder e autoridade. Esta se mede pela capacidade de fazer com que o outro possa crescer nas suas capacidades.

Dotado de uma grande bondade, homem de fé de relações, sempre à escuta das evoluções da sociedade, Henri Madelin colocou as suas qualidades humanas e intelectuais, a serviço do Cristo, da Igreja e da sociedade, persuadido que a mensagem do Evangelho permanece uma fonte de profunda renovação preciosa para o nosso mundo.

Notas do IHU:

*As regras para “Sentir com a Igreja” fazem parte dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola e determinam a maneira como os jesuítas desejam viver seu serviço à Igreja.

** Henri Madelin esteve na Unisinos participando do Simpósio Internacional IHU, em 2002, que teve como tema "Ensino Social da Igreja e a Globalização". A conferência de Henri Madelin foi publicada no livro Ensino Social da Igreja e a Globalização. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2002, com o título A crise civilizacional e os desafios para o Ensino Social da Igreja, p. 83-115.  

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